domingo, 18 de junho de 2023

GENEALOGIA

Luís Santos 

CINCO GERAÇÕES - lado da mãe

1) bisavó Conceição Miranda dos Santos (1878-1968), nasceu ainda antes de Fernando Pessoa, parteira, de Alhos Vedros, teve cerca de vinte irmãos, com fama de santa, porque dizia-se "nunca nenhum parturiente faleceu às suas mãos"... da sua mãe não tinha ideia, mas o meu primo Rodrigo diz que se chamava Iria Rosa dos Santos que faleceu em 1904, e eu acredito;
2) avó Aura Maria Rodrigues (1906-1994, se bem me lembro), corticeira e operária fabril, analfabeta, um percurso temporal semelhante ao de Agostinho da Silva, (quase) inteira travessia do século XX, atravessada pela 1ª República, peste espanhola, 2 grandes guerras, filho na guerra do ultramar, Aura para os amigos, simplesmente;
3) mãe e tia, Lena e Olímpia (nascidas entre a década de 30 e 40 do século passado, a primeira corticeira ainda na adolescência e vida de verdadeira dedicação a marido e filhos; a segunda, uma vida de serviço no Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, em vários países, várias línguas;
4) irmã, Célia Santos, à volta de 50 anos, olhos azuis, portuguesa, licenciada, professora, funcionária pública, casada, mãe, guardiã dos mares, continua a fazer por uma vida bem sucedida;
5) filha, Maria do lado da mãe, Luís do lado do pai, junho de 2023, carinhosa refilona, estudos na área da saúde, aqui na praça Gualdim Pais, em Tomar;
enfim, perdoem-me este lugar comum, género humano, genes que saem de genes, culturas que saem de culturas, nos meus mais de 150 anos de idade, lado da mãe, Ilha dos Amores.

CINCO GERAÇÕES - lado do pai
A MINHA AVÓ paterna, Palmira Ribeiro, nasceu no dia 7 de junho de 1903, em terras do Alto Alentejo, na freguesia do Espírito Santo, Nisa, distrito de Portalegre e faleceu em Alhos Vedros, mais ano menos ano, por volta de 1970. Sabe-se que os seus pais, António Maria Ribeiro e Maria Catarina, ou ancestrais, vieram do distrito de Castelo Branco, freguesia de Peral, lá para os lados onde viveu Viriato, chefe dos lusitanos, e donde vieram alguns cristãos-novos...
Por isso, António Maria Ribeiro, meu bisavô, terá vindo a descer Estrela abaixo e, atrás da cortiça, veio montar fabrico em Alhos Vedros que foi próspero, mas a má gestão de descendente familiar direto haveria de dar cabo do negócio.
O MEU AVÔ paterno, José António dos Santos (1887-1962), natural de Alhos Vedros, filho de Luiz António e de Mariana dos Santos. Foi ajudante de caldeireiro dos caminhos de ferro do sul e sueste. Tinha 1 metro e 55 centímetros de altura e "Milho" como alcunha. Viveu, pois, muito tempo ajudando a pôr carvão na caldeira do comboio, entre o Barreiro e Vendas Novas, lugar onde terá tido uma segunda mulher que deu à luz uma tia minha que nunca cheguei a conhecer.
De maneira que o MEU PAI, António Luís Ribeiro dos Santos, mais conhecido por Toninho da mercearia, justamente porque foi merceeiro por conta própria durante 60 anos, a que se podem juntar mais uma dúzia por conta de outrém, resultou de um encontro entre pessoal do Espírito Santo (Nisa) e pessoal da borda água (Alhos Vedros) que, em tempos idos, também terão andado a preparar as caravelas que haveriam de ir ao Brasil e à Índia, entre outros.
EU, nascido em Alhos Vedros, 1960, mesmo paredes meias com uma janela da taberna do Martinho, onde as carretas e as carroças vinham despejar uvas, logo pisadas e fermentadas a caminho do generoso vinhito com que se alegravam as almas, um simples escriba contador de memórias, muito dedicado ao longo dos anos às matérias da educação.
O MEU FILHO Tomás, também nascido em Alhos Vedros, em 1996, genes que vêm de genes no cruzamento de famílias, depois de trabalhar nos aviões, anda em engenheirices programando aplicações dando novas vidas às tele-comunicações.
Em suma, aqui borda de água, gente comum que para sobreviver se foi dedicando, ao longo deste século e meio, à indústria corticeira, aos caminhos de ferro, também à CUF (Companhia União Fabril), às vendas a retalho e, mais recentemente, entre os vivos da linhagem, à persistência em maiores estudos, outras especializações, que mais permitiu uma maior democratização e massificação do ensino.

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