sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ENCONTROS COM AGOSTINHO


As Últimas Cartas do Agostinho
2ª edição

Carta III

Caros Amigos

Tem cada uma êste Convento! Calculem que decidiu, e estou pronto a obedecer, que as folhinhas dactilografadas são de inteira responsabilidade do Agostinho; que seria bom publicá-las em séries de dez em cada doze meses, a distribuir por tôdas as pessoas que enviem 500$00 por série, ou o correspondente em moeda estrangeira, (e como é que o coitado do Agostinho, que não é de modas, se vai entender com isso de “écus”), ou directamente ao responsável ou à conta 7968218/001 da Agência do Príncipe Real, Lisboa 1200, do Banco Totta & Açores, exceptuando-se apenas os interessados que tenham de algum modo ajudado o Convento. Tudo isto deve entrar em vigor quando for publicada a Folhinha de Abril 93.
Quanto ao que se poderia chamar de Política, está o Convento pronto, como deve, a cumprir tudo o que caiba ao País dentro do direito nacional e internacional, com liberdade de exprimir opiniões em cada caso, assumindo, por outro lado, dois compromissos seus a que deseja incitar todos os Portugueses, sendo um o de educar a Europa Transpirenaica, outro o de que venha constituir-se como uma Confederação ou coisa parecida de tôdas as Nações de Língua Portuguesa, e não só as Africanas, sendo um dia Portugal seu representante na Europa Comunitária. Este projecto de entidade internacional inclui Timor enquanto existirem os desentendimentos ou conflitos actuais.
Querem também que eu anuncie que já comecei a desenhar um TERRAÇO Africano, chamado MONOMOTAPA, que inclui uma organização de base étnica em tudo o que se refere à costa ocidental sôbre o Atlântico, e, do lado do Índico, semelhante ao, digamos Império, que os Portugueses descobriram a partir do século XVI, depois de estabelecidos em Sofala. A África do Sul fica com regime repartido entre um e outro, pensando todos, dum litoral ao outro, que fique nítido que o ideal de futuro é o da cultura do Povo Português nos séculos XIII e XIV.

Lua Nova de 22.01.93


  
Ode breve ao Antoninho
que havia no Santo António
e namorava nas fontes
sem dar entrada ao demónio

e que organizava orquestras
feitas de gaitas de foles
e tambor passo de marcha
para animar os mais moles

arma então uns bailaricos
de moços e raparigas
não batiam castanholas
aos males faziam figas

viveu um tempo em milagre
dos mais belos o mais belo
olhando a sua cidade
das arribas do Castelo

mas só lhe foi o mais próprio
Largo de Santo Antoninho
onde morou há quanto ano
seu servidor Agostinho

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria LVII


Harém Autor António Tapadinhas
Óleo sobre tela 70x80cm
(clique sobre a imagem para ver pormenores)

Hoje quero apresentar-lhes, Rocky, um macho adulto da raça Rottweiler, e as suas companheiras Bianca e Chippie, da raça Husky siberiana. Rocky é, como os seus antepassados oriundo da região de Rottweil, na Alemanha, um defensor dos seus amos e das suas propriedades, com grande disponibilidade para a brincadeira e o trabalho. As suas companheiras, são completamente diferentes no seu comportamento: Bianca, de frente para a câmara, é uma fêmea chefe de matilha, que se lhe derem uma oportunidade, desaparece, levando consigo, Chippie, que segue fielmente a sua líder.
Para esta composição, foram tiradas algumas dezenas de fotos, com os cães isolados ou interagindo. No conjunto, parece-me estar retratada a personalidade de cada um dos animais: Rocky, macho dominante, a vigiar as companheiras, Bianca, chefe de matilha, a olhar desafiadora para a câmara e Chippie, a doce...
Feitas as apresentações, quero chamar a atenção para um pormenor que penso fazer toda a diferença. A tela, apesar de bastante povoada, dá a sensação de espaço, essencial para que os elementos que interessam, os cães, respirem livremente. A grande mancha verde da relva na parte inferior do quadro, foi para o observador ficar com essa impressão. Sobre as cores e contrastes, julgo que já sabem tanto como eu...
Este quadro, serviu-me para ilustrar uma crónica que foi recentemente publicada, que dizia assim:

VIDA DE CÃO

Noutro dia, estava deitado no jardim a conversar com o meu cão, tentando explicar-lhe as razões que me levam a invejar as pessoas que são capazes de falar de coisas complicadas que não controlam, como por exemplo o poder do dinheiro, com a mesma segurança e certeza com que, noutros tempos, se pensava que a Terra era o centro do Universo e o Sol girava à volta dela.
- E não gira? - Ladrou-me, interrogativo e, simultaneamente, irónico.
Não lhe respondi, claro. Ele, bem o conheço, estava a brincar.
- Com o passar dos anos - continuei - raramente tenho certezas e cada vez mais me engano. Sou capaz de escolher um programa de televisão, sem qualquer problema, porque não é uma escolha grave: a qualquer momento posso desligar!
Abanou a cabeça a concordar e, simultaneamente, a sacudir as moscas.
- Já não me sinto tão tranquilo quando vou votar: se me engano, só posso mudar de canal passados quatro ou cinco anos!
A sua boca abriu-se de espanto e, simultaneamente, bocejou.
Prossegui no meu raciocínio.
- É o mesmo grupo que quer controlar o que devemos ver, ouvir, apalpar, comer, cheirar, na internet, televisão, cinema, cartazes, revistas, jornais, no rádio ou discos, nas relações sociais ou sexuais, nas peixarias, talhos, praças, restaurantes, como se fôssemos atrasados mentais, mas que, ao mesmo tempo, nos consideram arautos de um mundo novo, com o mais risonho dos futuros, só porque tivemos a maturidade (dizem) de votar neles. Será que esta gente, não tem medo do ridículo?
A sua pata direita, fez-me sinal para travar o discurso e, simultaneamente, aproveitou para coçar a orelha. Ladrou-me:
- Vou contar-te uma calenda (lenda de cães) da minha família, cuja pergunta final é, simultaneamente, a resposta à tua dúvida.
E ladrou-me a história enquanto eu, simultaneamente, lhe sacudia as moscas.
- “ O avô do bisavô, da filha da minha bisavó, era um cão muito feroz. Toda a gente fugia dele com medo. Um dia, os homens fartos de tanto sofrer, foram queixar-se ao Deus-Cão.
Depois de os ouvir, Ele proibiu o avô do bisavô, da filha da minha bisavó, de morder nas pessoas.
A partir desse dia, todos se vingaram do mal que ele lhes tinha feito: os mais velhos batiam-lhe, os mais novos atiravam-lhe pedras, davam-lhe pontapés.
O meu antepassado, não suportou aquela desgraçada vida de homem e foi queixar-se ao seu Deus, achando que era injusta aquela sentença e exagerado tão grande castigo.
Depois de o ouvir atentamente, o Deus-Cão, perguntou-lhe, com um sorriso bondoso:
- Eu proibi-te de morder nas pessoas. Acaso proibi que ladrasses? ”
Quando me preparava para lhe perguntar qual a moralidade da cábula (fábula de cães), ele desatou a correr atrás dum gato e, simultaneamente, eu acordei.
Ainda hoje não sei se há moral.
Eu, o cão e a moral… que troika!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Jurisprudência lusófona da África e Ásia

Sugestões de leitura, na Rede Mundial de Computadores, para o estudo da jurisprudência dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e da República Democrática do Timor Leste:
— Angola
— Cabo Verde
— Guiné-Bissau

Salvo melhor juízo, o Supremo Tribunal de Justiça e os demais órgãos do Poder Judiciário de Guiné-Bissau, até a presente data (20/09/2011), não possuem sítio oficial na internet.
— Macau
— Moçambique
Tribunal Supremo de Moçambique (base de dados não oficial, disponível no portal SAFLII - Southern Africa Legal Information Institute)
— São Tomé e Príncipe
— Timor-Leste
— Mais sobre o assunto:
Pesquisa realizada por Hidemberg Alves da Frota em 18/09/2011, atualizada e revisada em 20/09/2011.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

INTIMIDADES


OS ÁGUIAS FUTEBOL CLUBE

A equipa, essa, formou-se pelo correr do tempo. Era um bando de miúdos que soía pousar numa das praças da vila, onde, entre outros jogos, com ou sem apetrechos mais que os corpos, era o futebol o que mais empolgava a pardalada que a ele se entregava de alma e coração, sem memória de necessidade de marcar encontro.
Aquilo funcionava mais ou menos assim. Com uma bola disponível num café vizinho, cujos proprietários tinham um filho que pertencia à trupe, os primeiros a chegarem ao pelado tratavam de agarrar no brinquedo para, de imediato, se entregarem aos chutos e às fintas.
Era Sol fugidio. Magicamente atraídos pelo cheiro da comida lá aterravam outros que se iam incorporando na jogatina, assim fazendo inchar as turmas até que um número razoável suscitasse a escolha das partes e, tudo feito segundo as regras, propiciasse o início do desafio do dia.
Não vou dizer que fosse o futebol o principal motivo daquele hábito de ali desaguarem tantos petizes. Na verdade, a maioria eram gaiatos de rua, isto é, sem qualquer sentido pejorativo, ganilha que por falta de condições domésticas eram forçados a passaren os seus tempos lúdicos fora de portas e, não só pela lei do menor esforço, não se decidiam a ir mais longe pelo que daquele largo faziam o seu ponto de encontro.
É certo que ao lado havia o jardim público da vila. Mas aí mandava o tio Epifânio, o encarregado da Junta de Freguesia pelo bom estado dos canteiros de flores e ele, o velho Bifanas, como os acessos de raiva faziam, entre nós, chamar-lhe, todo poderoso, jamais hesitava quanto a espingardar as correrias e, com isso, a excomungar veleidades, especialmente nocturnas, dada a iluminação, de utilizarmos os bancos como balizas para joguinhos de dois ou três sem guarda-redes.
Em todo o caso, era o desporto rei o preferido, não quero exagerar mas talvez o único a gerar unanimidades e apesar de todos os problemas a ele ligados, dos puxões de orelha, por via das queixas relativas a uma ou outra vidraça quebrada, aos esféricos apreendidos pelo poder dos mais velhos, apesar dessas vicissitudes, dizia eu, era o único jogo que nunca passava de moda e, ao contrário dos berlindes ou do peão, cada qual com épocas específicas, era aquela uma actividade que de sazonal nada tinha.
E, diga-se com justiça, até as miúdas gostavam de ver aqueles rodopios em busca do golo e quantos homens não pararam para admirarem os engenhos daqueles Eusebiozinhos.
Foi pela experimentação dos talentos e a descoberta das habilidades que as posições se foram definindo e não andarei longe da realidade se aqui escrever que, pelo menos à primeira vista, reuníamos um bom conjunto com todos os lugares preenchidos a contento.
Modo geral, todos éramos capazes de fazer fintar –como seria de esperar, uns mais desembaraçados que outros- e de passar as bolas à distância, tal como estávamos capacitados para remates de primeira ou a elaborar um centro minimamente aceitável.
Tínhamos horas e horas de treino diário que de nós faziam autênticos mouros de trabalho.
Para que não mace, entre os artistas escolherei apenas alguns. Dos outros, eventualmente poderei falar a propósito de outras coisas e em outras ocasiões.
O Almeida Dias, por exemplo, um lateral direito que em alguns momentos do jogo fazia de extremo e, geralmente, conseguia umas quatro ou cinco jogadas em que aparecia a centrar para a cabeça ou a bota de algum dos avançados ou de quem lhes vestisse a pele.
O Almeida Dias que foi precoce no abandono dos estudos e cedo entrou no mercado de trabalho, exactamente o mesmo que desde o princípio quis ser homenzinho e antes de todos deu o nó, sequer sem ter sido militar, aquele que hoje, depois de um começo como aprendiz, tem um negócio de tipografias que lhe oferece um padrão elevado.
Isto sem deixar de recordar o Toninho Careca, vá lá saber-se porquê a alcunha, o culpado de todas as derrotas, o guarda-redes por graça de cujas aselhices perdíamos e que na sua passividade de santo era esquecido em todos os momentos de glória.
António Manuel Azevedo Malveiro, o homem com a mão mais temível para jogar ao “palmo e cagada” (1), filho do dono do café, em tempos, ele próprio guardião de uma primeira equipa do Peniche, o Toninho que nada ligava à escola de que desistiu para ganhar a vida como empregado de balcão numa velha pastelaria da baixa pombalina, o keeper cujo ponto fraco eram as saídas, já que entre os postes tinha tiradas de se lhe tirar o chapéu.
Ou o Rui Madeira, o guias brancas, um mandrião com pés de ouro, verdadeiro exemplar do menino que acabou perdido em aventuras de Alibabá, vulgarmente um excelente armador de jogo de cuja arte saíam muitos dos golaços que nos faziam pular de alegria.
Pois foi com esse fermento que a equipa foi evoluindo para um clube.
Assunto sério, só poderia ter sido levado a peito e elegemos presidente e tudo, o Zé Augusto, o mais velho de todos e reconhecidamente considerado um indivíduo inteligente e responsável que, depois da escola industrial, entrou como operário para a Quimigal onde hoje ainda ganha o pão de cada dia.
Mas havia mais, muito mais.
O Luís Carlos, filho de comerciante em permanente abastança, possuía um sótão só para ele e as suas fantasias e, como é bom de ver, facilmente a camaradagem fez daquele espaço a sede do clube, onde, para além de alugarmos jogos uns aos outros o que só os mais afortunados pagavam, podíamos ostentar, numa prateleira, algumas taças pelo Toninho subtraídas às memórias paternas e que serviam para intimidar as visitas.
Posso mesmo evidenciar a realização de um torneio entre quatro times da freguesia que, sem o sabermos, acabaria por determinar a extinção do nosso, em função da selecção que o segundo lugar por nós alcançado provocou com a saída dos melhores de nós para os campeões.
Não foi isso que apagou aquela bianuidade de grande satisfação e orgulho com aquele a que todos os fundadores, em espontânea e esmagadora maioria que seria unânime não fosse o sportinguismo do Toninho, decidiram baptizar por “Águias Futebol Clube”.

Alvalade do Sado, 12 de Fevereiro de 1996

domingo, 25 de setembro de 2011

Resultado


Certos jogos gritam resultados
trancados em gargantas
afogadas em líquidos

reaparecem em esbirros
                              espirros
                           no acordo
              desacordado em regras:

              ao vencedor
              cabe o barulho
              infernal do nada
  quantificado no instante.

Depois a vida segue o trajeto
previamente decorado: ao vencedor
resta a tênue lembrança
do que esquece.

(Pedro Du Bois, inédito)
http://pedrodubois.blogspot.com

sábado, 24 de setembro de 2011

Vidas Lusófonas


O rigor histórico não está condenado à prosa de notário,
é possível conviver com as figuras do passado.

Saber o que foi, pode ajudar-nos a talhar o que será. 

Carlos Loures entrega a rol a

BEATRIZ COSTA

que vai logo procurar a ribeira em

VIDAS LUSÓFONAS

onde já moram 141.

Naquela casa
tudo está a acontecer,
cada vida / cada conto.
Por isso já recebeu
mais de 24,3 milhões de visitas.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Encontros com Agostinho



AS ÚLTIMAS CARTAS DO AGOSTINHO
2ª Edição


CARTA II

Queridos Amigos

O imaginário Convento Sonho duns Irmãos Servidores me encarrega de vos comunicar que acaba de tomar posse de tudo quanto há e me designa como seu agente junto de vós para tudo que se refira a estas folhinhas dactilografadas, que serão sempre mensagem do Convento, assinadas ou não. Não terão periodicidade marcada, saindo quando calhe ou seja necessário para esta ou aquela tarefa. Ou por descargo de consciência.
São enviadas a tôdas as pessoas que já declararam por palavras ou feitos que desejam recebê-las ou o declarem daqui por diante. Por enquanto vão sem encargos para os destinatários, alguém os tomará sobre si, mas é possível que, daqui por mais uns tempos se tenha gôsto em mandar ou receber selos, papel, ou o que se aplique em material ou portes.
Também lembrou um Amigo que fica cada um inteiramente autorizado (e incitado ?) a enviar cópias das folhinhas a conhecidos seus; ou a inimigos, para os aborrecer com a leitura.
Por mim, e obedecendo inteiramente às ordens de meu Superior, fico também, e por completo, a vosso dispor, só não garantindo resposta a tôda a correspondência que possa receber, ou trabalhos para opinar (e aqui porque me não julgo competente).
Com os votos de tôda a possível acção vossa e de tôda a vossa capacidade de sonho,  Agostinho.

   Lua Cheia de 8.1.93


Esta Ode Breve aos Reis
que se afastavam dos povos
a ver se um dia lavravam
alguns decretos mais novos
até agora era só
o de mandar isto aquilo
ansiosos de encontrar
algum guia e de segui-lo
e fartos já de cumprir
o pesado verbo ter
a ver quem os ajudava
a conjugar o de ser
por fim numa estrebaria
viram um dia um menino
que acompanhado duns bichos
sorria de jeito fino
para pastor que cantava
para uma linda pastora
que estava perto dum velho
e junto de uma senhora
ao mesmo tempo há silêncio
que som algum jamais corta
o ser e não ser se ligam
(*) todos os transporta
tão lento como os camelos
em que soberanos montam
para ir ao sítio nenhum
em que as auroras despontam
não sabem a certa altura
se sonharam ou se viram
mas o certo é que ao lugar
donde vieram retiram
e tudo contam sem fala
a mundo que era maninho
mostrando o que é ser não sendo
ao servidor Agostinho. 

(*)falta uma palavra que, a partir do original, não foi possível decifrar.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria LVI


Máscara Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre papel Canson 400g 32x24cm

Em 2002 fiz um cruzeiro nas Bahamas. Saí de Miami no luxuoso paquete “Majesty of the Seas”, direito a Nassau, onde bebi rum no “Nassau´s Pirate Pub”, passei um dia numa ilha minúscula com o nome de ”CocoCay”, concessionada para uso exclusivo dos participantes no cruzeiro, onde nos vinham servir as bebidas enquanto nadávamos nas suas águas cálidas. E nem digo quem e como nos serviam as bebidas…
Depois desta viagem de sonho, ao contrário do que seria de esperar, escrevi um conto de terror, que tem o seu início em Nassau.
Este meu trabalho, que serviu para ilustrar o conto, é inspirado nas máscaras nativas que estão presentes em quase todas as lojas para turistas.
Quanto ao conto propriamente dito, vai fazer parte dum livro de contos que estou a preparar para apresentação a uma editora…

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

LÍNGUA EM ACORDO COM A LÍNGUA

ao José Carvalho e ao José Félix


Bairro do Kosovo-Picheleira -Lisboa
Gente de paz


todos os amanheceres são minutos de sensibilidade

o poeta saltimbanco é um anjo sem asas, um palhaço
por vezes desaparece e volta e revolta
a 19 de Agosto  em Alvor a minha língua tem um dialecto novo
a pátria contudo é sempre a língua portuguesa
clube, oficina, morangos com chocolate
Fernando Pessoa, Natália Correia, Ruy Belo

todos os dias um poeta ou é
santo ou louco
na irmã manhã o poeta vive
viva a língua portuguesa

amooooooooooooooooo oor
É dentro de tuas mãos que sinto uma luz doméstica

e uns olhos marrons
onde vigilante é o vasto silêncio

que atravessa a tua saia justa
o sonho e as estrelas por dentro

dos dedos grossos de mágicos e subtis.

E a tua verdade é como
a infinita força do desejo, presença incessante e
potência branca.
As tuas palavras são o frémito das pedras de pé de moleque
que nas minhas mãos traçam o perfil do mundo.
Na liberdade pura de nós próprios.Nus

José Gil
http://joseamilcarcapinhagil.blogspot.com

terça-feira, 20 de setembro de 2011

INTIMIDADES

O AVÔ JOÃO

Quando o avô João lia o jornal, umas vezes trancado no escritório, outras refastelado na sua cadeira pessoal, na sala, dependendo da época do ano o estar junto da lareira ou das portas escancaradas para o alpendre meia lua e o laranjal subsequente, nesses momentos de tiquetaqueado puro e simples, a nenhum dos miúdos que habitualmente cirandavam pela residência era permitido o mais leve ruído que pudesse perturbar o ritual informativo do imperador.
No Inverno, aquele era o período em que a avó achava por bem obrigar a pequenada a cumprir os deveres escolares. No Verão, todos eram enxotados para o quintalão, preferencialmente, para os fundos.
Pois é como estão a imaginar, o avô não era homem dado a brincadeiras ou outras intimidades com o sector juvenil da prole e muito menos era do género de apaparicar quem quer que fosse.
Vendo-o hoje com olhos de homem, tenho para mim que, para ele, os netos eram uma espécie de fatalidade com a qual tinha de conviver, como o preço a pagar pelo facto de um dia ter desejado procriar. Restava-lhe minimizar os custos o que conseguia pela regra inquebrável da expressa proibição de lhe perturbarem o sossego.
Por isso, quando nos perguntava algo respondíamos sempre em voz baixa e mesmo quando nos dizia uma graça que nos levasse a sorrir, fazíamo-lo com o comedimento de quem sabia não poder dar largas a qualquer excesso ainda que pouco perceptível fosse.
Lembro-me de correrias, na sua ausência, quer pelo prolongamento de brincadeiras de rua, quer pela prática do jogo das escondidas pelos dois pisos e sótão da mansarda. Estando ele em casa, reinava a mais completa quietude que, pela mundivisão oficial, era a melhor companhia da ordem impreterível ao bom e regular andamento das coisas.
Ordens, na verdade era disso que se tratava. O avô dava-las e não havia a quem ocorresse não as cumprir.
E, como soe dizer-se, havia-las para tudo e todos os gostos. Era para as refeições às tantas horas, para o encontro familiar meia hora antes de cada uma delas, para o café e os licores do serão a outra, sem contar com as inerentes ao funcionamento das parcelas domésticas que ficavam a cargo do pulso de ferro e sóbria língua da matriarca e aquelas que estavam directamente ligadas ao quotidiano do corpo, como o casaco ou o sobretudo apresentado à saída ou então os sapatos luzentes e outras coisas do género.
O avô passava as manhãs no escritório da fábrica a dar conta dos seus negócios e se, por causa deles, não tinha que sair para qualquer lugar, depois da sesta que se seguia ao almoço, peniscava algo e lia o jornal que, geralmente, interrompia para falar com algum filho ou para as suas cogitações. À noite, só não seroava entre os seus quando os afazeres de Provedor da Santa Casa lhe impunham cuidados.
Afinal ele cresceu rico e, tal como o seu pai, se por um lado lhe foi exigido que se preparasse para continuar a sê-lo, por outro, aprendeu a fazê-lo na preservação ortodoxa dos valores em que alicerçava o edifício daquela cultura familiar e social.
Logicamente, levava o seu e todos os outros papéis muito a sério e no que pessoalmente lhe dizia respeito, não prescindia de nenhuma das suas prerrogativas.
Contudo, ao nível das fontes de reprodução da riqueza material, soube compreender e adaptar-se ao seu tempo. Herdou muitas terras, começou por ser iniciado nas artes da lavoura, mas, uma vez adulto, cabeça de casal e à frente dos seus cabedais e fazendas, teve o engenho de se converter em capitão de indústria, baptizando-se com a simples preparação de cortiça, mas depressa passando à sua transformação, com o acrescentamento da produção de colas e, com o tempo, a entrada em outros ramos que variaram do comércio e serviços aos transportes fluviais.
Notável, na Vila, com a idade regressado a uma religiosidade fervorosa após os anos de jacobinismo de uma juventude republicana e laica, o avô João foi durante muitos anos eleito entre os irmãos para atender aos destinos da principal instituição de solidariedade social em todo o concelho, deixando bem patente o seu testemunho com a criação da ala hospitalar, onde teve o longo alcance de fazer construir um moderno bloco operatório que, ainda hoje, prova a sua contribuição, apesar de a placa alusiva ter sido arrancada e extraviada nos anos revolucionários de Abril.
Nasceu e viveu naquela casa onde agora mora o meu tio José, da qual saiu por moto próprio, alegadamente pelo desejo de maior sossego que os seus oitenta e poucos anos justificavam e também pelo facto de não querer sobrecarregar os filhos e noras perante a possibilidade de necessitar de um acompanhamento ou uma assistência sanitária mais personalizada.
Por isso contratou o serviço de um quarto num lar da capital, a seu ver muito recomendável, com a direcção do qual negociou a autorização de entrar e sair quando quer, bem como o privilégio de poder passar temporadas em outros locais, sem com isso cair na situação de, eventualmente, poder perder o seu lugar cativo.
É claro que vulgarmente é o avô que nos visita mas, por vezes, passam-se semanas e semanas em que ele se deixa ficar e, nessas ocasiões, são os parentes que, se o querem ver, se deslocam à sua presença.
Só por uma vez fiz essa peregrinação, numa tarde de Sábado primaveril.
Lá estava o avô João, o único homem saudável do convento –o outro que lá vive está permanentemente deitado devido a uma série de enfermidades- lá estava ele, dizia, para meu grande espanto, todo sorrisos e mui sociável, no meio de um magote de senhoras com olhinhos brilhando de alegria.

Alvalade do Sado, 6 de Fevereiro de 1996

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Teresina.







Imagens da Igreja
Nossa Senhora de Lourdes, em Teresina, Capital do
Estado do Piauí (Região Nordeste do Brasil), tiradas
em novembro de 2010.

Trata-se de uma igreja famosa pelas obras de carpintaria
do Mestre Dezinho (José Alves de Oliveira) que o projetaram
como artista de renome.

Grande abraço geral!

Hidemberg Alves da Frota

domingo, 18 de setembro de 2011

A Igreja Ortodoxa e a Mística Russa

No séc. IV o Imperador deixou Roma e foi para Constantinopla. A divisão do Império romano provocou uma divisão na Igreja de Cristo. A Igreja Ortodoxa sedia-se no leste europeu e recebe influências da cultura helenística. A Igreja Católica mantém o centro em Roma e recebe influências mais ocidentais. No ocidente há uma maior tendência para o racionalismo, no oriente mais para a mística.


Moscovo é como que o “Vaticano” da Igreja Ortodoxa, mas não existe um Sumo Pontífice que foi substituído por um Concílio. Costuma designar-se Moscovo como a “Terceira Roma”.


Eslavofilia é o nome de um movimento filosófico que se desenvolve em oposição ao “inimigo” ocidental. Opõem-se à influência da mentalidade positivista e materialista do ocidente. Aqui a Igreja deve ser um símbolo de união e comunhão entre todos os seres do Universo, todos amados como irmãos, seguindo os ensinamentos originais de Cristo. A verdade só é possível de ser alcançada através do diálogo e da reflexão comum.


Relembre-se que Stalin, de acordo com os valores socialistas, destrói o Patriarcado. O Estado devia ser laico. Muitas catedrais foram destruídas, tal como muitos outros ícones cristãos que não convinham ao regime.


Enquanto que a Igreja ocidental se desenvolve a partir de uma conceção mais racionalista da fé como se verifica, por exemplo, em S. Tomás de Aquino, os Ortodoxos sustentam que os seus princípios estão mais próximos dos ensinamentos iniciais de Cristo. Ortodoxa, etimologicamente, significa "a doutrina correta". Os Evangelhos inicialmente foram escritos em grego e esta seria uma das razões que os fazia sentir essa primazia.


Na tradição russa há uma dimensão mais mística da fé (e não racional) que segue a teologia apofática, ou negativa, de acordo com Pseudo-Dionísio. Este filósofo dividiu a teologia em duas, sendo que a outra designou por catafática, ou positiva. Enquanto nesta última se tenta apreender a verdadeira essência de Deus, na outra vai-se pelo que Deus não é, para chegar ao que Ele é, porque as nossas limitações não permitem mais.


Para todos os ortodoxos a Teologia é, necessariamente, mística. No grego, “mystikos” significa fechar os olhos e a boca. Mas atente-se que a mística, contrariamente ao que se poderá pensar, é tida de uma forma objetiva, através de uma experiência real que seja reconhecida pelos outros.


O livro clássico da Igreja Ortodoxa é a Philocalia (o amor da beleza), um conjunto de textos soltos.


O Hesicasmo é o movimento mais desenvolvido na Ortodoxia, cujos princípios estão enunciados em “A Escada Espiritual”, de São João de Clímaco.


A mística ortodoxa é sem imagens, sem meditação e sem oração. Só o nome de Deus interessa. A única reza que se pratica é dizer de modo ininterrupto “Senhor Jesus Cristo tende piedade de mim”. Designa-se pela “Oração do Coração” e surgiu na Rússia no século XIV por São Sérgio, figura muito importante da Igreja Ortodoxa. Pode-se praticar sentado, de pé ou deitado, acompanhado de uma técnica respiratória que, dizem, permite apreender o Espírito Santo.


No Monte Athos, montanha que é habitada por muitos mestres espirituais, donde saíram alguns ensinamentos que foram registados na Philocalia, diz-se que São Silvano, por rezar ininterruptamente, teve uma visão de Jesus Cristo.


Carlos Rodrigues

sábado, 17 de setembro de 2011

Cultura ENTRE Culturas Nº3


Com o dobro das páginas, esta edição da Cultura ENTRE Culturas é dedicada a Fernando Pessoa, incluindo um dossiê especial de 72 páginas com muitos inéditos do espólio. Salientam-se Os Orientes de Fernando Pessoa, de Jerónimo Pizarro, Patricio Ferrari e Antonio Cardiello. Destaque ainda para um desenho inédito de António Ramos Rosa, poesia inédita de Casimiro de Brito e a fotografia de Mariis Capela, além de ensaios de António Cândido Franco, Luiz Pires dos Reys e Paulo Borges, entre muitas outras colaborações nacionais e internacionais.

A apresentação do Nº 3 da revista Cultura ENTRE Culturas tem lugar dia 20 de Setembro pelas 18h30 na Casa Fernando Pessoa, estando a cargo de Miguel Real e António Cândido Franco. Estarão também presentes Paulo Borges, director da revista, e Luiz Reys, director artístico.

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«Something in me was born before the stars / And saw the sun begin from far away.»
- Fernando Pessoa, 35 Sonnets, XXIV.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ENCONTROS COM AGOSTINHO


AS ÚLTIMAS CARTAS DO AGOSTINHO
2ª Edição


Pensamos que as cartas escritas por Agostinho da Silva durante o final do ano de 1992 e 1993, enviadas para um grupo de pessoas com quem o Professor estava em contacto, foi a melhor maneira que arranjou para, naquela fase da vida, nos deixar algumas sínteses do seu pensamento. Aquilo que considerava como deveras importante para a "ciência do ser" e do que ficava por fazer. O professor haveria de partir pouco tempo depois, num Domingo de Páscoa, em 3 Abril de 1974. "As Últimas Cartas do Agostinho" que foram editadas em livro pela Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros, em 1995, serão agora aqui publicadas à sexta-feira.  (Luis Santos)


CARTA I

Resumo da ideologia do Povo Português nos séculos XIII e XIV, transmitida ao Brasil por seus adeptos que ali se foram acolher; passada ao futuro e, por ele, à criativa Eternidade para os que emigrem para o mais íntimo de si próprios e aí se firmem para sempre.

Missão de Portugal: Sacralizar o Universo, tornando Divina a Vida e Deus real.

Meios: Desenvolvimento dos Povos pela inteira aplicação da Ciência e da Técnica, inclusive nos sectores da Economia, da Política, da Administração Pública e da Filosofia. Conversão da pessoa à adoração da Vida.

Características do que houver no Sagrado: Criança como a melhor manifestação da poesia pura e como inspiradora e suporte, e incitadora a ser criança de todos os que existam. O gratuito da vida. A plena liberdade de todo o ser.

Dezembro de 92. 
Com toda a vontade de lhe ser fiel  
Agostinho


Ode breve à Concepção
o dia é oito o mês doze
a vitória brilhará
àquele que tímido ouse

a vida não principia
ninguém sabe donde veio
talvez seio dê o leite
talvez leite crie o seio

vida e morte nunca estão
vão somente perpassar
naquilo que nunca passa
nem sabemos nomear

é-nos Deus o Cristo vivo
Cristo nos revela Deus
teu triunfo e meu sofrer
tanto são meus como teus

tudo o que tem de sair
sai sem vontade ou espinho
como isto que foi ditado
ao servidor Agostinho

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

d´Arte - Conversas na Galeria LV

(clique sobre as imagens para uma melhor leitura)
“d´Arte”, a Galeria que nos tem recebido desde 19 de Março de 2010, tem a honra de os convidar para a apresentação do meu livro “Sargos para o Jantar”
(capa e contracapa do livro)
no dia 24 de Setembro, pelas 16h30, com apresentação da obra a cargo de Luís Fílipe de Almeida Gomes, na Livraria Bar do Cinema King, Rua Bulhão Pato, n.º 1 (ao lado do Teatro Maria Matos, junto à Avenida de Roma).
Agradeço a vossa presença, desde já, com a mesma alegria com que escrevi o livro feito a pensar no futuro deste país com cheiro a maresia.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Colchão Automático


Um peixe solitário
Atravessa o ventre de sua mãe.
Percorrendo a azinhaga
Marítima da saudade diz-se:
HOJE É NATAL.

Suavemente canta o Tejo
As imagens do outro lado do mundo
Vendo nele a ponte pelo véu
Que une os continentes.

Tomai a bênção das galinhas
Como protectoras dos animais
Que só pelo galinheiro adentro entrando
Se vê a sabedoria solene do universo.
Disto se ri a avó de um pobre poço
Que acabara de dar à luz um balde cheio de água.

Curvado sobre o destino, a tocar trompete,
Vibram as vozes de outros tempos,
E um escaravelho fornicando uma formiga
Ao som de Led Zeplin faz as honras da casa,
Engravidando esta, um ser humano que transporta no útero.

Palácios militares sobre o comando de andorinhas,
Bandas filarmónicas tocando na viagem ao centro da terra
Encontrando o tesouro necessário para se ser feliz.

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Um prato é servido num restaurante chique,
Na ementa há: Sabão azul e branco guisado,
Boné da Nike assado no forno a lenha,
Gaiolas fritas em frigideira de loiça,
Caixas multibanco cozidas á moda da casa.

Sopa: de antenas parabólicas vindas directamente da Lua.

Para sobremesas: bola de gelado de cimento,
Musse de detergente líquido para a loiça.
Bolo de lençóis de cama com ligeiro gosto
A perfume de homem.

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Somente se permanece intacto à vida
Diante da esfera imaginária celeste.

(-A vizinha do 3º Esq. ontem foi ás compras
E nem os bons dias me disse,
Já não lhe falo!)

E a falta de respeito ganha-se a partir da meia-noite.
Os lobos uivam na morte da loucura dos homens,
Que a galáxia faz a cerimónia deixando a procissão passar.

Todos os sabores eléctricos
Cultivam a adolescência 
De cada cobra de África,
E a máquina do fiambre rasga a pele
A quem lhe dá de comer
Em que o álcool ou a gansa
Se transformam em Spice Girls.

É na diagonal que se fazem as compras mais giras.
Interagindo com a maçaneta da porta
Que faz o doido andar ainda mais doido.
Ou ser então a aeronave que circula pela vida
Como uma flor dá à luz uma lula gigante.

Ser homem é ser pacato como estes sapatos que calço
Calçar o trinta e três passando bem por mil e trinta.
Ser homem é ter as saudades de semear chuveiros.
Para a malta quando for a altura certa
Ir para o campo apanhar torneiras e canos de água.
(Sempre se vai ganhando mais algum dinheiro.)

Vender bicicletas para o oceano Atlântico
Era um contributo para a economia,
Ou exportar manjericos para Júpiter
Pela altura dos Santos por exemplo,
Ou dar á manivela, algures na Antárctida,
Para que a terra gire cada vez mais rápido
Produzindo energia centrifuga para exportar
Para os confins do universo.

Ser divino, ser minhoca, ser janela, óculos e cuecas.
Não pode é faltar as Angustias.
Falar ao som de um grilo que canta,
Produzir sons que se oiçam no núcleo terrestre.

A vida, ela por si é decadente.

Sexo, drogas e o Alibabá com os quarenta ladrões.
Mais um tiro que é necessário para prescrever
Um processo justo em que a Justiça
É condenada à forca pelo próprio povo.
ÁS ARMAS!!!!
VITÓRIA!!!!

 
                                                                                                            Diogo Correia