Um peixe solitário
Atravessa o ventre de sua mãe.
Percorrendo a azinhaga
Marítima da saudade diz-se:
HOJE É NATAL.
Suavemente canta o Tejo
As imagens do outro lado do mundo
Vendo nele a ponte pelo véu
Que une os continentes.
Tomai a bênção das galinhas
Como protectoras dos animais
Que só pelo galinheiro adentro entrando
Se vê a sabedoria solene do universo.
Disto se ri a avó de um pobre poço
Que acabara de dar à luz um balde cheio de água.
Curvado sobre o destino, a tocar trompete,
Vibram as vozes de outros tempos,
E um escaravelho fornicando uma formiga
Ao som de Led Zeplin faz as honras da casa,
Engravidando esta, um ser humano que transporta no útero.
Palácios militares sobre o comando de andorinhas,
Bandas filarmónicas tocando na viagem ao centro da terra
Encontrando o tesouro necessário para se ser feliz.
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Um prato é servido num restaurante chique,
Na ementa há: Sabão azul e branco guisado,
Boné da Nike assado no forno a lenha,
Gaiolas fritas em frigideira de loiça,
Caixas multibanco cozidas á moda da casa.
Sopa: de antenas parabólicas vindas directamente da Lua.
Para sobremesas: bola de gelado de cimento,
Musse de detergente líquido para a loiça.
Bolo de lençóis de cama com ligeiro gosto
A perfume de homem.
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Somente se permanece intacto à vida
Diante da esfera imaginária celeste.
(-A vizinha do 3º Esq. ontem foi ás compras
E nem os bons dias me disse,
Já não lhe falo!)
E a falta de respeito ganha-se a partir da meia-noite.
Os lobos uivam na morte da loucura dos homens,
Que a galáxia faz a cerimónia deixando a procissão passar.
Todos os sabores eléctricos
Cultivam a adolescência
De cada cobra de África,
E a máquina do fiambre rasga a pele
A quem lhe dá de comer
Em que o álcool ou a gansa
Se transformam em Spice Girls.
É na diagonal que se fazem as compras mais giras.
Interagindo com a maçaneta da porta
Que faz o doido andar ainda mais doido.
Ou ser então a aeronave que circula pela vida
Como uma flor dá à luz uma lula gigante.
Ser homem é ser pacato como estes sapatos que calço
Calçar o trinta e três passando bem por mil e trinta.
Ser homem é ter as saudades de semear chuveiros.
Para a malta quando for a altura certa
Ir para o campo apanhar torneiras e canos de água.
(Sempre se vai ganhando mais algum dinheiro.)
Vender bicicletas para o oceano Atlântico
Era um contributo para a economia,
Ou exportar manjericos para Júpiter
Pela altura dos Santos por exemplo,
Ou dar á manivela, algures na Antárctida,
Para que a terra gire cada vez mais rápido
Produzindo energia centrifuga para exportar
Para os confins do universo.
Ser divino, ser minhoca, ser janela, óculos e cuecas.
Não pode é faltar as Angustias.
Falar ao som de um grilo que canta,
Produzir sons que se oiçam no núcleo terrestre.
A vida, ela por si é decadente.
Sexo, drogas e o Alibabá com os quarenta ladrões.
Mais um tiro que é necessário para prescrever
Um processo justo em que a Justiça
É condenada à forca pelo próprio povo.
ÁS ARMAS!!!!
VITÓRIA!!!!
Diogo Correia
2 comentários:
Amigo Diogo
Gostei muitooooooooooooo de ler o teu poema, exceto aquele pequenino verso "das Armas". Mas como me disseste que não era bem naquele sentido, então, gostei mesmo de tudo. Muito jovial refrescante a tua poesia, é assim como que um banho de palavras para quem precisa delas para uma boa conversa.
Grande Abraço.
Amigo Luís!
Penso que aquele verso se dirige àquela luta de que te falei, tendo como armas as artes. Lutar pela mudança de mentalidades em que a arte faz questão de educar e guiar neste nosso percurso, para que assim a natureza consiga respirar cada vez melhor ehehehehe
Grande Abraço
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