segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (335)


Luxe, Calme e Volupté, Matisse, 1904Óleo sobre Tela 98,3 x 118,5 cm


Henri Matisse nasceu a 31 de Dezembro de 1869, em Le Cateau-Cambrésis e morreu em Nice a 3 de Novembro de 1954.
O seu trajecto como pintor atravessa toda a metade do século XX, mas na história da arte é vinculado normalmente ao fauvismo, um dos movimentos mais importantes da primeira metade do século, pouco antes do aparecimento do cubismo.
A maneira como Matisse dominava a linguagem expressiva da cor e do desenho tornaram esta corrente a proposta mais avançada da pintura do seu tempo e valeu-lhe o reconhecimento como figura na liderança da arte moderna.
O quadro que apresento, cujo título é extraido de um verso de Baudelaire, é um exemplo de uma breve, mas importante, fase divisionista no seu percurso, por influência do seu amigo Signac.

Aproveito para desejar a todos os amigos, fiéis leitores deste Blogue, que a Beleza e a Arte os acompanhe durante todo o Ano de 2019.

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 29 de dezembro de 2018

QUEM FOI JESUS? ONDE NASCEU?


in, Diálogos Lusófonos
dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br

(Por Frederico Lourenço, tradutor da Bíblia a partir do grego, professor da Universidade de Coimbra)

Quem foi o homem cujo nascimento hoje celebramos? Desde o século XIX, o estudo crítico do Novo Testamento e do primeiro cristianismo tem tentado reconstituir quem terá sido o «Jesus histórico». Em que ponto estamos desta investigação? Vou dar-vos uma proposta de biografia do Jesus real.

Jesus nasceu em Nazaré, no fase final do reinado de Herodes, o Grande (rei que morreu em 4 a.C.). Era filho de um construtor chamado José e da sua mulher, Maria. Era o mais velho de vários irmãos e irmãs. Em casa, falava-se aramaico; mas Jesus beneficiou do facto de Nazaré estar perto de cidades gregas, como Séforis, cuja distância de Nazaré corresponde à que medeia, na nossa cidade do Porto, entre o Estádio do Dragão e a rotunda da Boavista. Em toda a volta de Nazaré, falava-se grego. De Gádara, uma das dez cidades gregas da zona, era originário o maior poeta grego do século I a.C., Meleagro. A helénica Séforis tinha um teatro; e Jesus sabia o que era o conceito grego de «actor», pois usou a palavra grega «hipócrita» numa acepção sem qualquer equivalente no aramaico falado em casa ou no hebraico da Escritura.

Jesus recebeu uma educação judaica baseada nessa Escritura e foi certamente o rapaz intelectualmente sobredotado de que vemos reflexo em Lucas 2:47. As pessoas não lhe chamaram «mestre» à toa.

Nos anos 20 do século I, Jesus contactou com o movimento de João Baptista, que apelava aos israelitas que «mudassem de mentalidade» e que, por meio do baptismo no rio Jordão, obtivessem o cadastro limpo perante Deus que, oficialmente, só podia ser obtido por meio do sacrifício de animais no templo. João Baptista atraiu a má vontade da elite sacerdotal de Jerusalém; o mesmo aconteceria com Jesus.

Jesus tomou a decisão de ser baptizado por João; mas, depois de João ser preso, passou a ter uma actuação independente. A mensagem de Jesus, de que o «reino» divino estava próximo, era coincidente com a de João, mas Jesus sublinhou acima de tudo a tolerância e compadecimento divinos e a ideia de que nenhum de nós perdeu em definitivo a oportunidade de se «salvar». No cerne da mensagem de Jesus, sempre, o amor: «amai os vossos inimigos, fazei bem a quem vos odeia».

Com esta mensagem, Jesus levou uma vida de pregador peripatético na Palestina, falando sobretudo em pequenas localidades na parte norte do lago da Galileia. Escolheu como destinatários homens simples – pescadores, agricultores –, assim como pobres, doentes, e excluídos da sociedade, como prostitutas, etc. De forma talvez surpreendente para a época, não excluiu dos seus potenciais destinatários pessoas do sexo feminino, entre as quais temos de contar como a mais importante Maria de Magdala, conhecida como Maria Madalena (que não era uma prostituta – nada confirma essa ideia nos textos que nos chegaram).

A família de Jesus, nesta fase, achou que ele era um louco, embora mais tarde se tenha aproximado da sua mensagem; em especial, o seu irmão Tiago assumiu um papel relevante depois da sua morte (Tiago acabou por ser morto também).

A imagem de Deus que Jesus transmitiu deu vida nova a dois entendimentos antigos (e presentes na Escritura judaica): Deus como Rei e Deus como Pai. No entanto, «rei» foi somente um conceito implícito na boca de Jesus, já que o conceito que lhe interessou foi «reino».

Ao encantamento das suas palavras não era alheia a força poética das muitas parábolas que lhe são atribuídas. Para o encantamento da sua presença, muito contribuiu a sua fama de milagreiro carismático. Terá Jesus multiplicado pães, transformado água em vinho, caminhado sobre a água, curado doentes e expulsado «demónios»? Compreende-se que a força da sua personalidade tenha levado a que fossem projectados nele tais poderes.

Embora respeitando a Lei judaica, Jesus mostrou uma atitude bem liberal e tolerante relativamente a muitos aspectos dessa Lei. «O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado». Essa atitude valeu-lhe a má vontade da elite sacerdotal, que procurou entrar em discussão com ele e enredá-lo em contradições e blasfémias. A forma como Jesus atacou directamente o Templo como antro de materialismo, quando finalmente levou a sua mensagem para Jerusalém, determinou o seu fim.

Antes desse fim, ele estabeleceu – como substituição dos ritos sacrificiais judaicos no templo – um rito novo: uma refeição de amor fraterno, uma partilha de pão e de vinho, para ser continuamente feita em memória dele. Não quis morrer sem antes lavar os pés dos seus amigos mais íntimos. «Os últimos serão os primeiros».

No mundo romano, fazia parte do castigo atroz da crucificação os crucificados não serem enterrados: eram deixados na cruz depois de mortos, como pasto para aves de rapina. É-nos transmitido que, no caso de Jesus, isso não aconteceu, graças à intercessão e poder económico de José de Arimateia. Será verdade? Não sabemos.

O relato mais antigo (Marcos) do que aconteceu a seguir à morte de Jesus diz-nos que Maria Madalena e mais duas mulheres chegaram ao túmulo e lá encontraram um jovem vestido de branco que lhe disse que «Jesus, o Nazareno» ressuscitara (vincando, nas suas palavras, o facto de ele ser originário de Nazaré). As mulheres fugiram, espavoridas, «e nada disseram a ninguém: tinham medo, pois».

Outras tradições desenvolveram o tópico das aparições de Jesus «post mortem». Um judeu helenizado chamado Paulo (que nunca conheceu Jesus) registou que Jesus teria aparecido a 500 pessoas. Será verdade?

A resposta a essa pergunta não compete ao estudo académico do Novo Testamento, mas sim a outro âmbito, que é a fé. Todos somos livres de acreditar – ou não.

Seja como for, celebramos hoje o nascimento de alguém que marcou a história da humanidade de forma indelével. O que ele disse e fez continua válido hoje – por isso eu tenho uma admiração infinita por Jesus. O que fizeram dele – nomeadamente os muitos cristianismos fundados em seu nome, com os seus emaranhados de ficções teológicas – será outra coisa. Maus cristãos houve sempre. Mais importante é que sempre houve, e sempre haverá, bons cristãos.

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O PROBLEMA DE BELÉM
ONDE NASCEU JESUS?

Há tempos, num jantar cá em Coimbra, alguém falava da emoção sentida, numa viagem a Israel, na igreja que marca o lugar onde Jesus nasceu em Belém. Solidarizei-me com essa emoção, porque, para mim, tudo o que leve as pessoas a sentir coisas boas por causa de Jesus é bom.

No entanto, é altamente improvável que Jesus tenha nascido em Belém. A lenda o nascimento em Belém - ausente de Marcos, o evangelho mais antigo, e de João, talvez o evangelho mais fidedigno (mas isso também é discutível) - faz parte de um conjunto de invenções que aparecem em Mateus e Lucas, que constituem uma tentativa de contenção de danos relativamente a um «Messias» (palavra que, para espanto de muitas pessoas, ocorre somente duas vezes em todo o Novo Testamento) que não nasceu em Belém e cuja filiação era duvidosa.

Em João 7:42, lemos: “não diz a Escritura que o Cristo vem da semente de David e de Belém?”

A identidade de Jesus está a ser debatida no meio de uma multidão.. Uns dizem que Jesus era “o profeta” (v. 40); outros que era “o Cristo” (v. 41). Outros duvidam que o Messias possa vir da Galileia. Ora este episódio relatado por João mostra-nos, quase em tempo real, a nascença do mito do nascimento de Jesus em Belém. João e Marcos nunca dizem que Jesus nasceu em Belém, mas essa é a versão “crístico-mítica” que encontramos em Mateus e Lucas, evangelhos escritos com o propósito de “provar” que a Escritura estava certa e que Jesus cumpria a Escritura (neste caso concreto a passagem do profeta Miqueias 5:2 “e tu, Belém... de ti virá o regente que apascentará o meu povo de Israel”). Neste episódio narrado por João, o não-nascimento de Jesus em Belém é claramente visto por alguns como prova de que ele não pode ser o Messias. É por isso que, na Nova Escritura de Mateus e Lucas, a História é reescrita de modo a compatibilizá-la com a Escritura Antiga.

Por outro lado, em João 8:41 os fariseus dizem a Jesus: “nós não nascemos da prostituição”. A palavra "porneia" significa literalmente “prostituição”, já que a "pornê" é a “prostituta” (a palavra vem do verbo pérnêmi, “vender”). O que está subentendido como insulto grosseiro nas palavras dos fariseus, ao dizerem que não nasceram da prostituição, é que o mesmo não se aplica a Jesus (cf. o indispensável comentário de Barrett, p. 348: “a implicação é que Jesus nasceu da porneia”). Esta acusação é feita abertamente nos apócrifos Atos de Pilatos 2:3.

Portanto: o Messias tinha nascido "de pai incerto" e no lugar errado. Como dar a volta a essa situação?

A ideia de que ele teria sido dado à luz por uma virgem resolveu muita coisa (apesar de tal noção ser desconhecida de Marcos, de João, de Paulo - na realidade, de 25 dos 27 livros do Novo Testamento).

Quanto a Belém, Lucas e Mateus dão-nos tentativas contrastantes e contraditórias. Em Lucas, José e Maria são naturais de Nazaré, mas vão a Belém por causa de um censo (historicamente não existente), para que lá nasça o Menino.

Em Mateus, José e Maria são naturais de Belém - e é lá que nasce o Menino, na residência (pressupõe-se) dos pais.

Mas por causa da maldade de Herodes, a Sagrada Família foge supostamente para o Egipto (episódio ausente dos outros evangelhos); e de lá regressa, não para Belém, o mas sim para Nazaré.

Para justificar essa situação, Mateus até inventa uma profecia não existente do Antigo Testamento: alegadamente os profetas teriam dito que o Menino chamar-se-ia «nazareno» (ou «nazoreu»).

Há várias interpretações apologéticas (feitas por cristãos empenhados em fazer sentido de uma narrativa que não faz sentido) desta palavra grega ναζωραῖος.

Algum profeta bíblico terá dito alguma coisa sobre um Menino que vai viver para Nazaré?

A realidade objectiva é que a cidade de Nazaré é ela própria completamente desconhecida do Antigo Testamento. Além de não ter nascido em Belém, o Menino nasceu, afinal, numa cidade sem o mínimo de pedigree.

Se não foi em Belém, como deveria ter sido, mas numa qualquer Porcalhota da altura (Nazaré), ainda bem.

"De Nazaré pode vir alguma coisa boa?", pergunta-se, com cepticismo, em João 1:46. A resposta é simples: SIM.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Não faz grande sentido dizer-se que os judeus deram um contributo para a cultura europeia. 
Se bem que religiosamente distintos da maioria demográfica de matiz cristã, afirmá-lo é partir do pressuposto que aquelas populações não são uma parcela dos povos que habitam este território continental e sim um mundo à parte, ainda que aí instalado. 
Ora esse sempre foi o princípio das diversas visões de exclusão a respeito de tais indivíduos, desde a inquisição ao nazismo, passando pelos fundamentos teóricos do racismo do século dezanove. Mas estamos a falar de ideografias, não de factos e, neste particular, aquelas não têm qualquer correspondência naqueles. Com efeito, desde que se fizeram diáspora em terras europeias, sempre se inseriram nos tecidos económicos dos territórios em que viveram e, mesmo tendo em conta os guetos, por via disso, igualmente fizeram parte integrante dessas sociedades. 
Desde logo ao nível gnosiológico, a afirmação inicial carece de toda e qualquer propriedade. Mais do que isso, enquanto preconceito ideológico que é, tem o efeito pernicioso de nos impedir de compreender o que realmente se verificou e verifica e que é muito simplesmente o facto de os judeus serem um dos elementos constituintes do que poderemos muito genericamente designar por cultura europeia. E eu acrescento que são um dos pilares mais importantes. 
Precisamente aquilo que de Nietzsche para cá se classifica depreciativamente como a “herança judaico-cristã” é o que nos distingue das outras grandes manchas culturais que perfazem as expressões da Humanidade sobre este planeta tão bonito. 
Todos nós temos, em boa parte, uma costela judaica, não porque tenhamos na nossa árvore genealógica alguém daquela Fé, mas sim porque transportamos conceitos e ideias, valores e instituições que têm origem mais ou menos remota no judaísmo e enculturámo-nos em mundos que se organizam também em redor desse legado. 
Só para vermos um exemplo primordial reparemos quão pouquíssimas vezes nos damos conta que a ideia de pessoa, a noção de indivíduo e a partir daí, um valor como o conceito de dignidade humana, não teriam sido possíveis de formular se não tivesse acontecido a revolução monoteísta a que a Revelação a Abraão deu lugar. 
Demo-nos ao trabalho de pensar e rapidamente concluiremos que, a partir dali, é muito aquilo que devemos aos descendentes de Isaac. 



Pois enquanto estive a escrever as palavras anteriores, mais uma vez na companhia dos King Crimson que estão a ser a banda sonora deste fim-de-semana, a Matilde, depois de feito o trabalho de casa, está a escrever frases de uma história infantil na videowriter. 
A mãe e a Margarida foram ao escritório para que o piolhinho treine a execução de uma pasta. 

Assim se faz o repouso de uma família, agora que os dias se enfrentam invariavelmente de manga curta. 



E o congresso do PSD lá continua oco como seria de esperar. 

Nada de novo e uma vez terminado, os problemas que o país enfrenta continuarão por enfrentar. 

Mas há a registar a curiosidade de escutarmos o líder do partido e primeiro-ministro acusando o clientelismo instalado na região autónoma dos Açores, onde alegadamente se vive num período de quase ditadura em que tudo tem que obedecer aos interesses do governo regional, o mesmo é dizer daqueles que lhe detêm as rédeas. 

Isto dito na presença de João Jardim não dá vontade de rir, nada que se pareça com isso. 

No entanto, pior foi a sua proclamação inflamada de responsabilização dos comunistas por eventuais problemas de falta de segurança no Euro 2004, tudo isso pela agitação que, segundo Durão Barroso, têm vindo a provocar nas forças da ordem. 

Não há palavras que descrevam a falta de bom gosto de uma acusação destas que está na melhor linha dos progroms estalinistas e maoistas sobre determinados estratos sociais. 
Mesmo no contexto do consumo interno de um congresso, não se admite este género de discursos. 


Mas é o entendimento da democracia subjacente a um tal modo de proceder que está bem de acordo com o homem que adiou uma visita de estado para ir assistir a uma final de futebol e prestar vassalagem a uma das figuras que mais tem contribuído para minar os valores do estado de direito em Portugal. 



Caracóis na Júlia, ao fim da tarde. 

Conversa com a Cláudia e o Afonso, acabados de chegar do Dubai, onde passaram uma semana de férias. 


E as pernas repousaram, assim como o espírito, sob o efeito de uma leve brisa amena. 

Uma família em paz, lanchando sob a piadeirada das asas preparando-se para a passagem da noite. 


Alhos Vedros 
  23/05/2004 

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Fim de tarde amarelo, a luz amarelada que fez as andorinhas acoitarem-se nos ninhos e os sons dos trovões, ao longe, remetendo-nos para a tranquilidade do lar adornado pelas alegrias dos King Crimson na aparelhagem de som. 



A Matilde entrou definitivamente na fase da leitura. É vulgar vê-la soletrar palavras por tudo quanto é sítio, desde os rótulos a livros e jornais, com aquele seu ar sorridente mas concentrado, como se estivesse perante uma avaliação qualquer. 

“-Ba… lá… da. A balada. Dó. Do. Mar. Sal… gá… dó… Salgado. A balada do mar salgado..” –Deitada no chão da sala, olhos postos na capa do livro de Hugo Pratt. 

Eu que parara à entrada para gozar o momento, mal a leitura foi concluída, aplaudi e ajoelhei-me para a beijar nos cabelinhos, ao mesmo tempo que dizia, cheio de orgulho, é bom de ver: “-Palmas para a Matilde!” 
E acrescentei: 
“-Ena pá! Agora já toda a família sabe ler.” –Enquanto regressei à postura bípede. 
Boquinha rasgada, inclinou a cabeça e retorquiu de imediato. 
“-Ó pai, mas há uma que é só assim assim.” 

E eu ri-me de contentamento. O abraço que lhe dei fez-lhe ver que vai muito bem para o que está dando os primeiros passos. 



Fico siderado pelo elevado número de pessoas que não nutre qualquer respeito pela ideia democrática e a democracia enquanto sistema de organização política e social. 
Mas a verdade é que pelas reacções que vamos observando ao problema iraquiano e ao conflito israelo-palestiniano, damos conta que muito do anti-americanismo subjacente às críticas às operações militares dos aliados naquele país, tem como pano de fundo uma mundivisão que não se coaduna com os princípios das ideias e comportamentos democráticos, chegando em muitos casos à incompatibilidade com aqueles. 
Tal é patente, por exemplo, não só quando se aceita que o terrorismo tenha causa nos factores internos das sociedades abertas do ocidente, ou quando se igualiza este universo ao mundo totalitário de que aquele é oriundo e que pretende ordenar. 
No primeiro caso estamos a justificar a razoabilidade dos ataques que aquele faz às democracias ocidentais o que, se atendermos a que os objectivos propalados têm a finalidade última da destruição pura e simples daquelas, é escolher objectivamente o lado contrário e inimigo do nosso modo de vida. No segundo desqualificamos as nossas pretensões e consideramo-las ao nível daqueles para quem a vida humana nada mais vale que o sacrifício de um holocausto. 
Naturalmente, isto acaba por pôr em questão não só a intervenção militar, nem também apenas os Estados Unidos da América ou o Reino Unido, mas sobretudo e em primeiríssimo lugar a ideia de democracia em si. 

Como se chegou aqui não sei, é assunto que requer uma reflexão profunda que, no entanto, me parece necessária. 
Que estamos num caminho perigoso, não tenho a menor dúvida. 


Espanta-me, isso não sou capaz de evitar, como gente simples que vive do seu trabalho vai atrás destas lengalengas. Até parece que são aristocratas. Distraídos, no mínimo, é o que são, a não ser que tenham mesmo uma predilecção pelas ditaduras ou por qualquer forma de despotismo esclarecido. Talvez preferissem viver numa espécie de feudalismo, serem proibidos de caçarem lebres que seriam propriedade de um qualquer senhor, a quem teriam que pagar tributo e que, nos dias coevos, muito provavelmente teria o aspecto de um Al Capone com punhos de renda. 

Será que as pessoas não se dão conta que é esta a alternativa para a civilização democrática que se vive no Ocidente? Ou ainda restará dúvidas a alguém que mesmo uma qualquer solução de uma sociedade mais justa e socialista, jamais poderá deixar de se expressar na forma da democracia? Pelo menos por enquanto, não conhecemos uma forma melhor de controlar o exercício do poder em sociedade. E poderíamos desde já, assim de um momento para o outro, abdicar do poder de estado? Não me parece. 



Hoje, os alunos, para além das aulas de moral e de música, esta última em que aprenderam novas canções, fizeram exercício com números e a nova palavra dada. 



Começou o congresso do PSD. 
Já sabemos como vai acabar. Todos serão unânimes em aplaudir o líder e dirão que o governo está bem e a trabalhar melhor e que, por causa disso, o país vai no bom caminho, na demanda da retoma económica e da recuperação do atraso relativamente aos países mais ricos da União Europeia. 
Santana Lopes lá terá o protagonismo que a sua obra e capacidades não subscrevem e por fim todos irão contentes para casa, os instalados com a garantia de que as prebendas não secarão nos tempos mais próximos. 

Em Julho, provavelmente perderão as europeias mas todos já sabem que um partido que está no poder e vai a votos a meio do exercício do mandato, sempre tem muitas probabilidades de ver o desgaste governativo inflacionar-lhe significativamente o número de eleitores. 



Ainda não decidi a quem oferecer o meu voto nessas eleições, mas no bloco central não será, com toda a certeza. 

Querem ver que vou votar no PCP? 


 Alhos Vedros 
  21/05/2004

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (334)

Composição VIII, KandinsKy, 1922
Óleo sobre Tela, 96 x 106 cm

Wassily Kandinsky nasceu em Moscovo a 16 de Dezembro de 1866 e morreu em Neuilly-sur-Seine, a 13 de Dezembro de 1944.
Foi um artista plástico russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade alemã em 1928 e a francesa em 1939.
Durante os seus primeiros anos, a pintura foi apenas a paixão de um jovem romântico, mas tornou-se uma das mais importantes conquistas da história da Arte contemporânea.

Foi considerado o fundador da pintura abstracta.   

Selecção de António Tapadinhas

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

MAIO É MÊS DE TROVOADA

Ontem os alunos fizeram exercícios com números e hoje aprenderam a palavra palhaço. 



Estou tão cansado. 
Estou mesmo a precisar de me estender e muito simplesmente deixar-me adormecer. 
Por isso apenas deixo uma pequena nota. 



Mas tive um brinde, um episódio dos Ficheiros Secretos que nunca chegara a ver. 

É bom matar saudades. 



Chuva trovejada deixando o rasto do cheiro no ar. 



E em Valongo, em área protegida, hoje aconteceu o primeiro incêndio florestal da época. 
Mau sinal para o Verão que vem aí. 


 Alhos Vedros 
  20/05/2004

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (333)

Festival Rural, Autor Ker-Xavier Roussel
Óleo sobre Tela


Ker-Xavier Roussel nasceu a 10 de Dezembro de 1867, em Lorry-lès-Metz, França e morreu a 6 de Junho de 1944 em L´Étang-la-Ville, França.
Filho do médico François Xavier Roussel, sua família deixou a região do Mosela durante a Guerra Franco-Prussiana, fixando-se em Paris.
Em 1882, ingressou no Liceu Condorcet, onde teve como colegas Édouard Vuillard; Maurice Denis e Aurellien Lugne –Poe.
A partir de 1885, Roussel torna-se aprendiz no estúdio de Diogenes Maillart. Ingressou na Escola de Belas Artes de Paris em 1888. A partir de 1889 passou a frequentar a Academia Julian, onde se formou o grupo dos Nabis.


In Wikipédia

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 8 de dezembro de 2018

Gente da Nossa Terra

por Luís Santos
 Leonel Eusébio Coelho e Celina Baltazar, a sua companheira de sempre.
O incansável antifascista, militante comunista, associativista, agricultor nos tempos livres, treinador de ténis-de-mesa de crianças e jovens, apaixonado pelo livro e pela leitura, escritor, poeta, tanto que organiza uma Feira do Livro há quarenta e tantos anos, naquela que em jeito de brincadeira dizemos ser a terceira mais antiga do país, logo a seguir a Lisboa e ao Porto...
E a Celina a preparar uma sopinha para o Zeca Afonso, em tempos que para se ter ideias próprias tinha de se andar fugido, escondido, da polícia política salazarenta, por entre casas de amigos e ensaios da "Grândola Vila Morena". Ou, a passagem de José Afonso por Alhos Vedros, numa história que está por contar.

ALHOS VEDROS, para lá de outras dinâmicas culturais e artísticas muito próprias e ricas, tem uma atividade literária que impressiona, com muita gente a escrever e a publicar livros.
Durante as últimas duas semanas, enquanto íamos escrevendo um Prefácio para o último livro de Leonel Coelho, a ser publicado em breve, dois outros escritores locais, apresentaram as suas últimas obras: "Asas Presas", de Maria Celeste Carvalho, e "Orgânico Animal", de Manuel João Croca.
Mas, num repente, vem-nos à memória mais meia dúzia de nomes da terra que tem vindo a escrever e a publicar...
Ora, se a tudo isto juntarmos uma Feira do Livro que a Academia Musical e Recreativa 8 de Janeiro organiza, de forma ininterrupta, há quarenta e tantos anos, o que dizer?
O lançamento do último livro do meu amigo Manuel João Croca foi no Espaço FAVO (Fábrica de Artes Visuais e Oficios), em Alhos Vedros.
A sala estava cheia e o ambiente muito fraterno. O livro está francamente atrativo e nele se desenrolam um conjunto de apontamentos, poemas, crónicas, de fortíssima qualidade literária, ou não fosse o Manuel João um homem dos livros de corpo inteiro, faz muitos anos. Não deixem de ler.


"STREET ART" Foto do Encontro de ontem "Os Impactos da Street Art", na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal", organizado pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal e pela Câmara Municipal de Setúbal.
O município da Moita esteve muito bem representado. Aqui se pode ver o seu Vice-Presidente Daniel Figueiredo, com a "mão na massa".
Entretanto, Pedro Dominguinhos, Presidente do IPS, aproveitou para anunciar a abertura de um concurso para "Intervenção Artística em Mural do Campus Politécnico de Setúbal", em iniciativa conjunta com a autarquia setubalense. As candidaturas decorrem até 15 de fevereiro de 2019. Informações aqui: http://www.si.ips.pt/ese_si/noticias_geral.ver_noticia…

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Este diário anda mesmo em bolandas.
As obras assim o obrigam e para nossa infelicidade estão a demorar muito mais do que imaginaríamos e a causar um incómodo que não esperávamos.
Mas não temos alternativa e se queremos uma casa melhor temos que nos sujeitar aos momentos mais difíceis.

No fim logo teremos tempo para nos contentarmos e gozarmos um apartamento que responderá a todas as nossas necessidades.
Seja como for, quando lá chegarmos contarei.



O exército e a aviação de Israel fustigaram cidades na fronteira com o Egipto, destruindo casas e matando mais de uma dezena de palestinianos, incluindo jovens e crianças.

A Amnistia Internacional fala de castigo sobre a população e adjectiva como crime de guerra.
Mas ninguém fala nos grupos terroristas que usam as zonas habitadas e as gentes aí residentes como escudos para as suas actividades criminosas.
A isso chamam os episódios da luta de libertação, escondendo as flagelações provocadas nos civis israelitas pelos ataques de suicidas.

A hipocrisia de muito boa esquerda europeia é de bradar aos céus.


E o Bloco de Esquerda vem dizer que uma grande derrota da coligação nas próximas europeias deve implicar a retirada da GNR do Iraque.

Falta saber o que é uma grande derrota.



E se ontem os alunos fizeram exercícios em torno da nova palavra aprendida, hoje deram o número dezasseis.


A Matilde queria telefonar à mãe para lhe dar essa novidade.



Maio floresceu e amarelou o cume das ervas que vão altas.
O entardecer com a tagarelice dos pássaros que as janelas escancaradas deixam ouvir.


 Alhos Vedros
  18/05/2004

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (332)

George  Washington, Autor: Gilbert Stuart
Pintura a Óleo, na Casa Branca

GILBERT CHARLES STUART

Gilbert Charles Stuart nasceu a 3 de Dezembro de 1755, em Rhode Island, EUA, e morreu a 9 de Julho de 1828 em Boston, Massachusetts, EUA.
Gilbert Stuart é considerado um dos principais retratistas da América.
Ao longo de sua carreira, Gilbert Stuart produziu retratos de mais de 1.000 pessoas, incluindo os primeiros seis presidentes dos Estados Unidos e, nomeadamente, o retrato de George Washington utilizado nas notas de um dólar. Seu trabalho pode ser encontrado hoje em museus de arte nos Estados Unidos e no Reino Unido, com destaque para o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, a National Gallery of Art, em Washington, DC, a National Portrait Gallery, em Londres, e o Museum. de Belas Artes em Boston.


Selecção de António Tapadinhas

sábado, 1 de dezembro de 2018

EG 106



ESTUDO GERAL
nov/dez     2018           Nº106

"Há um enorme silêncio que nos acena dentro de cada um de nós. É a recuperação do nosso próprio silêncio que nos começa a ensinar a linguagem celeste.”  
(Eckhart de Hochheim)

Sumário
Dar Voz ao Silêncio
Diarística
Real...Irreal...Surreal...
Praias do Sado
Lusos e Angolanos
Divulgação. Folclore.
Fotografia


---------------------------------Fim de Sumário----------------------------------

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

"Histórias por Contar"






ANIMAÇÃO DO LIVRO E DA LEITURA
“Histórias por Contar”
Seminário de Design, Desenvolvimento e Avaliação de Projetos

DAR VOZ AO SILÊNCIO

Começar pelos obrigatórios agradecimentos:
- à Professora Carla Cibele, pelo convite para apresentação deste livro
- aos Professores Luciano Pereira e Carlos Xavier, por terem aceitado também dar um pouco mais de Voz ao Silêncio
- a todos, pela vossa presença

Dizer, antes de mais, que nos reconhecemos inteiramente  neste seminário sobre “Animação do Livro e da Leitura”, título que dá nome a um Projeto que se tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos dois anos letivos, no 2º ano do Curso de Animação, já que a unidade curricular de Seminário de Investigação e de Projeto (SIP), cuja equipa de docentes integro, tem participado nele de forma ativa, conjuntamente com a equipa que leciona a “uc” de Design, Desenvolvimento e Avaliação de Projetos que, coordenada pela Professora Carla Cibele, organiza este seminário.
Neste sentido, não deixarei de relembrar as Professoras Catarina Delgado e Marisa Quaresma que comigo constituem a equipa de SIP, mas também do Professor Fernando Almeida que é o seu Professor Responsável.

Muito feliz o título do seminário “Histórias por Contar”, porque para além do mais, saiu de uma graciosa proposta dos alunos, como nos foi revelado numa das nossas aulas. Então, é justamente ao que nos propomos, contar brevemente a história devida deste livro “Dar Voz ao Silêncio”, sobretudo, sobre o que nele não se diz.

Um livro de poemas, relativamente pequeno, que até teve de ser esticado nos arrumos gráficos, que não na substância, porque o editor quando lhe chegou a primeira versão disse que não publicava livros com menos de 40 páginas. E aqui, ao que cremos, uma primeira revelação assumida pelo próprio livro, ao obrigar-nos, ele próprio, a sair a público sob o signo do  “quarenta”, cujo significado, entre outros, nos remete imediatamente para o período da “quaresma”, ou “quadragésima”, o período de quarenta dias que antecede a Páscoa, se excluirmos a semana santa, que foi o tempo a que o autor se obrigou para o escrever, durante este mesmo ano de 2018. Efetivamente, o livro relata uma viagem vivenciada poeticamente pelo autor, num período que se estendeu entre o Carnaval e o Domingo de Páscoa, do corrente ano.

Um livro de poemas que igualmente se revela como “um libreto”, cujo subtítulo “Música de Palavras” o anuncia. De facto, toda a estrutura do livro se desenvolve como se de uma sinfonia se tratasse. Só lhe falta mesmo o compositor e o maestro, porque nós de música, de facto, percebemos muito pouco. É verdade que, neste nosso jeito meio acanhado para a poesia, alguns anos atrás, escrevemos e musicámos um número razoável de canções, quando aprendemos a dedilhar alguns acordes na guitarra, mas não foi mais do que coisa fugaz. Os amigos músicos é que foram sempre muitos, e a prová-lo cá está mais um, o colega e amigo Carlos Xavier com a sua reconhecida mestria, que aproveitamos para, em público, parabenizar pelo seu último belíssimo trabalho nos “Passione”, trio musical do qual faz parte.

Um livro de poemas que embora pequeno na sua dimensão é de um livro de chegada que se trata. Quer dizer, um livro que transforma a Filosofia em poesia, relembrando da importante dimensão que, nos últimos anos, a Filosofia assumiu no nosso percurso académico, mas aqui, cremos, sem a demorada carga filosófica das palavras.

Um livro que é dedicado ao nosso planeta, à mãe Terra, e à lembrança da necessidade que temos de a poupar a desgastes inúteis. Afinal, uma viagem em forma de poesia, com permanente música de fundo, que assenta, sobretudo, numa tensão entre espiritualidades várias, que misturam o ocidente com o oriente, sejam pagãs ou cristãs, védicas ou budistas, e, aqui, sem que se deixe de lembrar os balanços do mar que vencemos, o que nos permitiu alargar horizontes, e consciência, com as nossas múltiplas idas expansionistas  ao Brasil, à Índia, ao Japão. Como resultado, esta enorme herança que temos entre mãos que é a da representatividade da Língua Portuguesa, que assim, como sabemos, se tornou numa das mais faladas no mundo, entre centenas de outras.

E por referenciarmos a nossa Língua, acabámos por nos lembrar da terna expressão de Fernando Pessoa, de que “a minha pátria é a Língua Portuguesa”, sendo que é igualmente, a partir de provocação sua, feita na última estrofe do seu livro “Mensagem”, e cito: “Ninguém sabe que coisa quer. / Ninguém conhece que alma tem, / Nem o que o é mal nem o que é bem. / (Que ânsia distante perto chora?) / Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro. / Ó Portugal, hoje és nevoeiro...”, e é a partir daqui, diziamos, que nós chegamos ao fim do nosso livrinho, que é simultaneamente a sua ideia de partida, onde, de alguma forma, reafirmamos com Pessoa: “Tudo é aqui e agora, é esta a hora”.

Muito obrigado.
28.11.2018

terça-feira, 27 de novembro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Fim-de-semana de repouso cheio de leituras e jornais. 
Estava a precisar de um descanso assim. 


Esta tarde fizemos um passeio de varino pelo Tejo que chegou ao Rosário, de onde partira duas horas antes. 
Até parece que estamos de férias. 



E ao fim da tarde assisti à vitória do Benfica sobre o Porto na final da Taça de Portugal. 


Dois a um, num jogo emotivo e com alguns bons lances de futebol em que os encarnados jogaram à campeões e provaram que são melhores e, por isso, justos vencedores. 

Como há oito anos que não se conhecia a alegria de qualquer título, hoje é um dia de festa. 

E há uma curiosidade em torno das águias e destes diários. 
Tenho a sensação que se o primeiro registou o último campeonato ganho por este grande clube, este volume que findará a série, marcará o regresso do Glorioso às grandes vitórias. 



Lê-se e não se acredita, tão atroz é o retrato da realidade, melhor será dizendo, sórdida realidade em torno dos tentáculos pedófilos que se abateram sobre as crianças da Casa Pia. 

Afinal, há muito que teria sido razoavelmente fácil para as autoridades neutralizarem tais actividades criminosas e prenderem e levarem a julgamento os culpados. (1) 

Há uma lágrima no céu por tanta inocência vilipendiada. 



Arqueólogos polacos e egípcios descobriram a localização da antiga biblioteca de Alexandria. 



Há greve dos médicos da maternidade Alfredo da Costa. Pretendem impedir a saída de especialistas e o pagamento das horas extraordinárias. 
A saúde vai de mal a pior. 
E quem paga é o mais pobre. 


Alhos Vedros 
  16/05/2004 


NOTA 

(1) Cabrita, Felícia, OS MORTOS TAMBÉM FALAM, pp. 26 e ss 


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 

Cabrita, Felícia, OS MORTOS TAMBÉM FALAM, In “Grande Reportagem”, Ano XV, 3ª. Série, de 15/05/2004

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (331)


A turma dos Peanuts

Charles Monroe Schulz nasceu em Mineápolis, 26 de Novembro de 1922 e morreu em Santa Rosa a 12 de Fevereiro de 2000. Era filho de Dena Schulz, uma dona de casa, e Carl Schulz, um barbeiro alemão. Cresceu na cidade de Saint Paul, capital de Minnesota.
Schulz estudou na escola de educação primária Richard Gordon de Saint Paul. Era um adolescente tímido e solitário, talvez por ser o mais jovem de sua classe na Central High School. Depois da morte da sua mãe, em Fevereiro de 1943, alistou-se no Exército dos Estados Unidos, sendo enviado ao Acampamento Campbell, em Kentucky. Dois anos depois foi para a Europa lutar na Segunda Guerra Mundial como líder da esquadra de infantaria da 20º Divisão Blindada dos Estados Unidos. Depois de deixar o exército em 1945, começou a trabalhar como professor de arte na Art Instruction Inc.

Os desenhos de Schulz foram publicados pela primeira vez por Robert Ripley em sua coluna Ripley's Believe It or Not!. Suas primeiras tiras cómicas regulares, Li'l Folks, foram publicados entre 1947 e 1949 por St. Paul Pioneer Press. Esta vinheta também tinha um cachorro, de aspecto bastante semelhante ao Snoopy. Em 1948, Schulz vendeu a sua história ao Saturday Evening Post.

in Wikipédia

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 24 de novembro de 2018

Seminário "Histórias por Contar"

ESE/IPS | 28 novembro 2018 | 9h-17h


No próximo dia 28 de novembro de 2018 decorre na ESE/IPS o seminário Histórias por Contar, organizado pelo 2º ano da licenciatura em Animação e Intervenção Sociocultural, no âmbito da unidade curricular Design, Desenvolvimento e Avaliação de Projetos. 

Este seminário insere-se num conjunto de iniciativas que temos vindo a construir na Escola Superior de Educação de Setúbal no sentido de incentivar a comunicação enquanto competência transversal e, em particular, o gosto pelas narrativas orais, escritas, visuais e/ ou artísticas, considerando que esta deve ser uma das maiores aquisições do processo de desenvolvimento intelectual do ser humano e a base de uma formação consistente, onde a análise e argumentação crítica da informação e recursos culturais seja uma realidade. Parece-nos necessário construir uma comunidade leitora, usando essa designação num sentido mais amplo do que é habitual, pois trata-se de ler de múltiplos modos, em variados suportes, numa diversidade de lugares, em interação presencial e/ou virtual com outros. O seminário representa uma oportunidade para a aquisição de conhecimentos e competências nesta área das múltiplas literacias, evidenciando práticas, experiências e projetos relevantes, tendo como destinatários a comunidade educativa, especialmente estudantes do ensino secundário e do ensino superior nas áreas das Ciências Sociais, Educação e Animação Sociocultural. 

As inscrições são gratuitas mas obrigatórias, em https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScqqxjOhNZp-ddUBRYdIxEq0_AO9Li-QaldJ1cMQrTT3zDXvA/viewform  

Poderá consultar: 

Programa 
Cartaz 





terça-feira, 20 de novembro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Ontem, dia em que os alunos aprenderam o número quinze sobre o qual fizeram exercícios e fichas, com contas e cópias e jogos de conjuntos, o pai e a mãe tiveram uma noite de namorico e foram ao teatro. 

É assim, pais felizes e satisfeitos educam melhor os filhos. 

Vimos uma peça, “Intimidade Indecente”, com dois actores brasileiros que, na hora e meia que estiveram em palco, conseguiram criar um ritmo agradável e uma fluência no diálogo que nos prenderam a atenção para um texto claramente escutado e que, num misto de humor com dramáticos momentos de tristeza, nos convida a pensar na complexidade dessa tarefa sem livro de instruções que é criar uma vida a dois e, com ela, uma família. 

Foi um belo serão que passamos na companhia da Teresa e do João que festejavam o aniversário dela.

E a noite de Primavera que convidava ao passeio. 



Hoje os alunos, para além das aulas de música e de educação moral e religiosa, aprenderam a palavra girafa, em função da qual trouxeram trabalho para casa. 



Nota negativa foi a indisposição da Tia Engrácia que a empurrou para o hospital onde teve que fazer exames e análises. 
Tudo indica que se trata de um nervo doente. 

Vamos todos torcer para que a tia melhore pelo que, para já, vamos levá-la a especialistas que lhe encontrem um paliativo. 



Continua o ruído em torno da tortura de presos iraquianos que, moral e eticamente, é inaceitável. 

Mas não podemos fazer disso a prova de que os aliados são simples agressores e muito menos deixar que isso esconda a importância desta batalha que no Iraque se trava contra o terrorismo da Al-Qaeda e afins. 
A equivalência que se pretende criar, a partir daí, entre o exército norte-americano e os serviços policiais do anterior regime de Saddam Hussein ou de outros totalitarismos, é pura e simplesmente desonestidade intelectual. 



A noite repete-se com o ameno de uma brisa que, de tão leve, deixa as folhas das árvores em silêncio.

Os grilos regressaram em força, cheios de conversas ruidosas. 


 Alhos Vedros 
  14/05/2004

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (330)


Autor: Iberê Camargo,Título: Mulher e Gato, 1984
Técnica: Acrílico e óleo sobre tela

Dimensões: 55 x 78 cm

Iberê Camargo nasceu Em Restinga Seca a 18 de Novembro de 1914 e morreu em Porto Alegre a 9 de Agosto de 1994.
Muito novo, sai para estudar. Cinco anos depois, inicia sua educação artística na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Tem aulas de pintura com Frederico Lobe e Salvador Parlagreco. O ensino é académico e consiste na cópia de reproduções retiradas de revistas. Em 1929, Iberê se desentende com o professor de letras, interrompe o aprendizado e volta a morar com a família. Aos 18 anos, emprega-se como aprendiz no Batalhão Ferroviário. Passa para o posto de desenhista técnico, aprende geometria e perspectiva. Permanece no cargo até 1936, quando retoma os estudos em Porto Alegre e ingressa no curso técnico de arquitetura do Instituto de Belas Artes, com orientação do professor Fahrion.
Disse ele da sua obra: Alguém falou que a minha obra também era vida. Não sei quem fez esta referência; alguém disse que fazia pensar na pintura e na vida. Na realidade, a pintura para mim é a razão de ser. Acho que se não pintasse, nada teria sentido para mim.

In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.

Selecção de António Tapadinhas