sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Encontros com Agostinho



AS ÚLTIMAS CARTAS DO AGOSTINHO
2ª Edição


CARTA II

Queridos Amigos

O imaginário Convento Sonho duns Irmãos Servidores me encarrega de vos comunicar que acaba de tomar posse de tudo quanto há e me designa como seu agente junto de vós para tudo que se refira a estas folhinhas dactilografadas, que serão sempre mensagem do Convento, assinadas ou não. Não terão periodicidade marcada, saindo quando calhe ou seja necessário para esta ou aquela tarefa. Ou por descargo de consciência.
São enviadas a tôdas as pessoas que já declararam por palavras ou feitos que desejam recebê-las ou o declarem daqui por diante. Por enquanto vão sem encargos para os destinatários, alguém os tomará sobre si, mas é possível que, daqui por mais uns tempos se tenha gôsto em mandar ou receber selos, papel, ou o que se aplique em material ou portes.
Também lembrou um Amigo que fica cada um inteiramente autorizado (e incitado ?) a enviar cópias das folhinhas a conhecidos seus; ou a inimigos, para os aborrecer com a leitura.
Por mim, e obedecendo inteiramente às ordens de meu Superior, fico também, e por completo, a vosso dispor, só não garantindo resposta a tôda a correspondência que possa receber, ou trabalhos para opinar (e aqui porque me não julgo competente).
Com os votos de tôda a possível acção vossa e de tôda a vossa capacidade de sonho,  Agostinho.

   Lua Cheia de 8.1.93


Esta Ode Breve aos Reis
que se afastavam dos povos
a ver se um dia lavravam
alguns decretos mais novos
até agora era só
o de mandar isto aquilo
ansiosos de encontrar
algum guia e de segui-lo
e fartos já de cumprir
o pesado verbo ter
a ver quem os ajudava
a conjugar o de ser
por fim numa estrebaria
viram um dia um menino
que acompanhado duns bichos
sorria de jeito fino
para pastor que cantava
para uma linda pastora
que estava perto dum velho
e junto de uma senhora
ao mesmo tempo há silêncio
que som algum jamais corta
o ser e não ser se ligam
(*) todos os transporta
tão lento como os camelos
em que soberanos montam
para ir ao sítio nenhum
em que as auroras despontam
não sabem a certa altura
se sonharam ou se viram
mas o certo é que ao lugar
donde vieram retiram
e tudo contam sem fala
a mundo que era maninho
mostrando o que é ser não sendo
ao servidor Agostinho. 

(*)falta uma palavra que, a partir do original, não foi possível decifrar.

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