terça-feira, 6 de setembro de 2011

INTIMIDADES

por
Sebastião Sorumenho

Para a
Alexandra Grave, poetisa da cor,
todo o amor que haja nesta vida,
para ti.

NOTA DE ABERTURA

Este livrinho é uma tentativa de romance. Ao nível do conteúdo, trata-se de uma exposição de carácter biográfico ou, se quisermos, para sermos mais precisos, auto-biográfico. Quanto à forma, a narrativa faz-se sob o aspecto de quadros diversos que, no todo, nos dão os contextos e tramas de uma determinada vida que, afinal, acaba por agregar uma série de outras. Neste sentido, este singelo trabalho pretende ser uma auto-biografia romanceada por painéis. Evidentemente, com isso se perde uma ficção encadeada e, consequentemente, um enredo feito a partir de uma história que se conta a partir de um ponto e, com mais ou menos derivações, acaba em outro, logicamente, sequente daquele. No entanto, não é isso que impossibilita que se conte uma história e que, no seu global, esta não se nos apresente inteligível, como até cheia de acção. O que eventualmente se possa perder em interesse, pode, muito bem, ganhar-se em encanto. No caso desta esforçada experiência do meu parco talento, se os objectivos são ou não atingidos, é uma decisão que ao querido leitor caberá.
Antes de avançar devo esclarecer que a auto-biografia de que se fala não é a minha mas sim a do narrador. Se a tomasse como pessoal, então deveria dizer quão fantasiada estaria.
Sebastião Sorumenho foi um nome que escolhi para assinar um determinado projecto literário que foi crescendo à medida que elaborei os diversos trabalhos que o compõem. Ainda que hajam peças escritas segundo a técnica do Deus Todo-Poderoso, outras existem, especialmente no que diz respeito aos contos, as quais nos são apresentadas e contadas por um determinado narrador que, de umas para as outras, permanece o mesmo e, simultaneamente, também é um dos elementos estruturantes deste empreendimento literário. Pois aqui, a ideia foi humanizar um pouco –digamos assim- aquilo que por ser apenas um propósito poderia ter em si os germens de uma certa aridez. Assim, complementando as referências incertas nos trabalhos anteriores e, simultaneamente, dando-lhes unidade, com o “Intimidades” procurei inventar uma biografia para o narrador que, por isso, surge também como uma das personagens do conjunto. Não se confunda isto com qualquer heteronímia. Sublinho, nada mais quis para além de conferir um rosto a um nome, a fim da carne e do osso que, na minha modesta opinião, a literatura sempre deve ter.
A diferença de dois anos entre a produção dos primeiros textos e a maioria restante, não tem qualquer importância. Deveu-se ao facto de outros trabalhos se intrometerem e ganharem prioridade. Contudo, creio ter conseguido manter o estilo, já que os propósitos e os métodos escolhidos estavam convenientemente registados e não iriam sofrer alterações devido a qualquer melhoria qualitativa da minha escrita.

Portel, 22 de Maio de 1998

Fotografia de Margarida Carvalho de Almeida Gomes

5 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Alea jacta est...

Vou esperar para ver o que Sebastião Sorumenho tem para contar!
:)
Abraço,
António

Luís F. de A. Gomes disse...

E assim serás um daqueles que dirão se os objectivos propostos foram ou não concretizados.

Quanto ao até lá, só posso desejar que te divirtas com o Sebastião Sorumenho e se pelos episódios que se sucederão e no conjunto dos mesmos, aí encontrares conversa de pensamento, então direi que não terei escrito em vão.

Vamos então ver o que o Sebastião tem para contar, desta vez -antes do "Intimidades", já existiam cinco outros volumes, três romances e duas compilações de contos- num plano mais intimista.

Depois dirás ou, também poderá ser assim, irás dizendo.

Aquele abraço. companheiro
Luís

Diogo Correia disse...

Boas!!! Agora também fiquei curioso ehehehe Gostava também de poder conhecer o Sebastião :-)))

O livro é impresso ou digital??

Um abraço e boa escrita :-))

Diogo

Luís F. de A. Gomes disse...

Do livro, o lerás, neste formato que é o único em que ele, pelo menos até à data, virá a conhecer o olhar do público em que também estará o teu, se assim o quiseres.

Quanto à curiosidade... Estás desde já convidado para ires conversando com o Sebastião, provavelmente ficarás a conhecê-lo.
Mas lanço-te um desafio. Será ele o mais importante ou aquilo que ele irá contar?
Só no fim o poderemos dizer, ao certo e, por isso, o desafio é a companhia das próximas terças-feiras, a tua é claro; afinal, para que o Sebastião se dê à conversa, é preciso quem com ele a partilhe.

E embora possa parecer mal ser eu a dizê-lo, palpita-me que irás gostar e tenho a certeza que irás pensar no que o Sebastião nos contará.

Deixo-te pois a companhia do Sebastião pelas próximas semanas que serão muitas.

Até lá, aquele abraço
Luís

Diogo Correia disse...

Vamos acompanhar então o Sebastião e ouvir atentamente a sua história de vida.
Venha ele! :-)

Abraço
Diogo