domingo, 18 de setembro de 2011

A Igreja Ortodoxa e a Mística Russa

No séc. IV o Imperador deixou Roma e foi para Constantinopla. A divisão do Império romano provocou uma divisão na Igreja de Cristo. A Igreja Ortodoxa sedia-se no leste europeu e recebe influências da cultura helenística. A Igreja Católica mantém o centro em Roma e recebe influências mais ocidentais. No ocidente há uma maior tendência para o racionalismo, no oriente mais para a mística.


Moscovo é como que o “Vaticano” da Igreja Ortodoxa, mas não existe um Sumo Pontífice que foi substituído por um Concílio. Costuma designar-se Moscovo como a “Terceira Roma”.


Eslavofilia é o nome de um movimento filosófico que se desenvolve em oposição ao “inimigo” ocidental. Opõem-se à influência da mentalidade positivista e materialista do ocidente. Aqui a Igreja deve ser um símbolo de união e comunhão entre todos os seres do Universo, todos amados como irmãos, seguindo os ensinamentos originais de Cristo. A verdade só é possível de ser alcançada através do diálogo e da reflexão comum.


Relembre-se que Stalin, de acordo com os valores socialistas, destrói o Patriarcado. O Estado devia ser laico. Muitas catedrais foram destruídas, tal como muitos outros ícones cristãos que não convinham ao regime.


Enquanto que a Igreja ocidental se desenvolve a partir de uma conceção mais racionalista da fé como se verifica, por exemplo, em S. Tomás de Aquino, os Ortodoxos sustentam que os seus princípios estão mais próximos dos ensinamentos iniciais de Cristo. Ortodoxa, etimologicamente, significa "a doutrina correta". Os Evangelhos inicialmente foram escritos em grego e esta seria uma das razões que os fazia sentir essa primazia.


Na tradição russa há uma dimensão mais mística da fé (e não racional) que segue a teologia apofática, ou negativa, de acordo com Pseudo-Dionísio. Este filósofo dividiu a teologia em duas, sendo que a outra designou por catafática, ou positiva. Enquanto nesta última se tenta apreender a verdadeira essência de Deus, na outra vai-se pelo que Deus não é, para chegar ao que Ele é, porque as nossas limitações não permitem mais.


Para todos os ortodoxos a Teologia é, necessariamente, mística. No grego, “mystikos” significa fechar os olhos e a boca. Mas atente-se que a mística, contrariamente ao que se poderá pensar, é tida de uma forma objetiva, através de uma experiência real que seja reconhecida pelos outros.


O livro clássico da Igreja Ortodoxa é a Philocalia (o amor da beleza), um conjunto de textos soltos.


O Hesicasmo é o movimento mais desenvolvido na Ortodoxia, cujos princípios estão enunciados em “A Escada Espiritual”, de São João de Clímaco.


A mística ortodoxa é sem imagens, sem meditação e sem oração. Só o nome de Deus interessa. A única reza que se pratica é dizer de modo ininterrupto “Senhor Jesus Cristo tende piedade de mim”. Designa-se pela “Oração do Coração” e surgiu na Rússia no século XIV por São Sérgio, figura muito importante da Igreja Ortodoxa. Pode-se praticar sentado, de pé ou deitado, acompanhado de uma técnica respiratória que, dizem, permite apreender o Espírito Santo.


No Monte Athos, montanha que é habitada por muitos mestres espirituais, donde saíram alguns ensinamentos que foram registados na Philocalia, diz-se que São Silvano, por rezar ininterruptamente, teve uma visão de Jesus Cristo.


Carlos Rodrigues

2 comentários:

Diogo Correia disse...

Decerto que Carlos Rodrigues és tu Luís. Acertei??

Este texto fez-me lembrar a conversa que tive-mos da outra vez e que me agradou imenso. ehehehehe

Um Grande Abraço
Diogo

carlos rodrigues disse...

São nomes meus, sim. Somos vários. Como não sei bem qual deles é, não sei se sou eu.

Têm dias e circunstâncias as conversas e algumas são boas, mas tanta futilidade que anda por aí à solta.

Dois Grandes Abraços
(meu e do outro).