sábado, 11 de outubro de 2025

HISTÓRIAS DA MARGEM SUL

 Luís Carlos dos Santos

“Somos filhos da madrugada à procura da manhã clara…” (José Afonso)

 JOSÉ MOURINHO, uma breve história de um dos treinadores mais prestigiados e titulados do futebol mundial.

Se a memória não nos trai, José Mário, como o chamam amistosamente alguns conterrâneos setubalenses, é convidado para treinador adjunto de Sir Bobby Robson, no Sporting, em1992/1993, isto depois de experiências profissionais no Estrela da Amadora e Vitória de Setúbal.

O convite foi uma exigência de Manuel Fernandes, reconhecida lenda do Sporting, e de Sarilhos Pequenos, terriola onde nasceu e viveu, que o integrou na equipa técnica quando foi trabalhar com o técnico inglês em Alvalade.

Ao tempo, em que virou treinador adjunto, José Mourinho era professor de Educação Física na Escola Básica 2/3 José Afonso de Alhos Vedros, entre 1988/1992 (ou talvez 1993, a confirmar).

A filha de um nosso irmão, Mónica Limão, foi sua aluna nesses dois primeiros anos letivos, com a particularidade de festejarem aniversário no mesmo dia. Recorda-se também que no segundo ano foi seu diretor de turma.

Uma biografia autorizada em livro, pertence ao seu compadre Luís Lourenço, entre outros largos atributos, ilustre jornalista, com formação na Licenciatura de Comunicação Social no Instituto Politécnico de Setúbal, que também deixou amigos por aqui... Então nosso aluno, ainda nos lembramos da sua reportagem a bordo do navio-escola da marinha portuguesa Sagres, em travessia Atlântica, quando das comemorações dos 500 anos do achamento do Brasil por Padro Álvares Cabral.

Agora que José Mourinho interrompe a emigrante diáspora e regressa ao Seixal, margem sul, recomeçando os jogos na Vila das Aves, lugar da famosa Escola da Ponte, não deixa de ser sinal de bom augúrio para um voo que, desde logo, se liga à educação, e também ao seu inspirador/mentor Professor Manuel Sérgio, já lá vão, justamente, trinta e cinco anos.

 


 JORGE FERNANDO

está a comemorar 50 anos de carreira. Ainda este mês, certamente entre outras datas, fará espetáculos a 23, 26, 28, respetivamente em Lisboa (Tivoli), Barreiro (Auditório Municipal Augusto Cabrita) e Porto (Coliseu).

Vamos já avisar que nestas breves palavras dedicadas ao músico, fadista e poeta, entre outros possíveis bons atributos, podem sair algumas imprecisões, porque as coisas que recuperamos na memória nem sempre vêm absolutamente certas.

Jorge Fernado nasceu em Lisboa, mas creio que a sua terra natal é Sarilhos Pequenos e a região natural em que viveu e andou à escola foram lugares da margem sul do Tejo, entre os concelhos da Moita e Barreiro. Ao tempo, também por cá andou, o amigo comum Firmino Pascoal que participou com ele em célebre Festival da Canção da RTP, cantando “Umbadá”.

Como artista de nomeada que sempre foi, acabou a correr mundo, também com Amália Rodrigues, essa mulher furação, ícone do fado e do cinema nacional, que acompanhou como viola, durante alguns anos.

Lá atrás, ainda conversámos e bebemos uns copos nas noites do Barreiro e, certa noite, fomos encontrá-lo na Casa de Linhares – Bacalhau de Molho, onde se tornou músico e fadista residente, anos e anos.

Nessa noite, inesperadamente saída do fado, esteve a sua adorada filhota Ana Lúcia, que foi nossa aluna, lindíssima pessoa, maravilhoso timbre de voz que, seria fácil de adivinhar, também saiu fadista.

Entre outros músicos e fadistas de excelência, Ana Moura e Fábia Rebordão também por lá estiveram.

Noite bem adentro, acabou por nos levar a um desses recantos de tertúlias do fado, onde só se entra com palavra-passe, santo e senha, tendo-nos prendado com uma noite inesquecível que amiúde lembramos.

Às seis da manhã, rumámos de volta à margem sul, onde nos guiou pelo seu último álbum, prestes a sair a público. Ficou-nos na memória que uma dessas canções fazia alusão a poema de um rapaz barreirense muito pobre, problema mental grave, pessoa de nós todos, “cavalinho” para os incógnitos amigos, impossível de ser ignorado por quem passava, que, desunhadamente, enchia folhas e folhas de poemas, vindos sabe-se lá donde.

Pois bem, aqui ficam estas breves e carinhosas palavras para este nosso conterrâneo, figura grande da canção nacional, na certeza que um dia destes lá estaremos para participar nas comemorações de tão admirável carreira.

...

No BARREIRO, ontem, assistimos a um grande concerto. Verdadeiramente impressionante. Se o encontrarem por aí, não percam.

50 anos depois o canta-autor Barreirense Jorge Fernando está no seu melhor.

Todas as canções que apresentou, todas reconhecidos êxitos, como fez questão de dizer durante o espetáculo, "foram escritas no Barreiro!"

Ainda deu para relembrar esses dois grandes nomes da música portuguesa Amália Rodrigues e Fausto Bordalo Dias, este na poderosa voz de Fábia Rebordão e na mágica, extraordinária, guitarra portuguesa de Custódio Castelo.

Mas a banda, recheada de bons músicos, esteve toda ela muito bem, em rigorosa afinação, orquestração perfeita.

Ao que acresceu uma, repetida, inequívoca, declaração de amor à sua terra, "que tanto ama". E nós, orgulhosamente, estamos com ele.

Aquele abraço, amigo Jorge.

Pode-se ouver aqui: https://www.youtube.com/watch?v=uoPDpLJCkLg...


NEEMIAS QUETA atualmente jogador do Boston Celtics, na NBA, é a grande referência da seleção portuguesa de basquetebol que ontem venceu a Chéquia no primeiro jogo da fase final do Campeonato Europeu de Basquetebol.

Neemias, filho de pais guineenses, nasceu e viveu no Vale da Amoreira, no nosso concelho da Moita, e foi no Barreirense que iniciou a prática da modalidade, no concelho do Barreiro, que encosta justamente no Vale da Amoreira. O Barreirense que sempre foi um clube com tradição na modalidade, com uma boa representatividade no país.

Por isso, nos chega à memória Manuel Fernandes (também conhecido por Manuel Canhoto), nosso professor de Educação Física, no Liceu dos Casquilhos, no Barreiro, que se a memória não nos atraiçoa foi treinador de basquetebol do Barreirense e até Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, e tantos outros ligados à prática da modalidade, jogadores do clube, como o irmão José Batista, ou o colega de Liceu (e hoje nosso dentista, famoso) Manuel João Ramos.

Ora, por tudo isto, como o percurso do país nesta modalidade, ao longo dos tempos, tem tido fracos resultados, ontem a magnífica vitória e o desempenho da seleção portuguesa no Europeu, e o brilhante desempenho do Neemias, o homem do jogo, trouxeram-nos estas palavras para nosso contentamento.

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