Luís Carlos dos Santos
“Somos filhos da madrugada à procura da manhã clara…” (José Afonso)
Se a memória não nos trai, José Mário, como o chamam
amistosamente alguns conterrâneos setubalenses, é convidado para treinador
adjunto de Sir Bobby Robson, no Sporting, em1992/1993, isto depois de
experiências profissionais no Estrela da Amadora e Vitória de Setúbal.
O convite foi uma exigência de Manuel Fernandes, reconhecida
lenda do Sporting, e de Sarilhos Pequenos, terriola onde nasceu e viveu, que o
integrou na equipa técnica quando foi trabalhar com o técnico inglês em
Alvalade.
Ao tempo, em que virou treinador adjunto, José Mourinho era
professor de Educação Física na Escola Básica 2/3 José Afonso de Alhos Vedros,
entre 1988/1992 (ou talvez 1993, a confirmar).
A filha de um nosso irmão, Mónica Limão, foi sua aluna
nesses dois primeiros anos letivos, com a particularidade de festejarem
aniversário no mesmo dia. Recorda-se também que no segundo ano foi seu diretor
de turma.
Uma biografia autorizada em livro, pertence ao seu compadre
Luís Lourenço, entre outros largos atributos, ilustre jornalista, com formação
na Licenciatura de Comunicação Social no Instituto Politécnico de Setúbal, que
também deixou amigos por aqui... Então nosso aluno, ainda nos lembramos da sua
reportagem a bordo do navio-escola da marinha portuguesa Sagres, em travessia
Atlântica, quando das comemorações dos 500 anos do achamento do Brasil por
Padro Álvares Cabral.
Agora que José Mourinho interrompe a emigrante diáspora e
regressa ao Seixal, margem sul, recomeçando os jogos na Vila das Aves, lugar da
famosa Escola da Ponte, não deixa de ser sinal de bom augúrio para um voo que,
desde logo, se liga à educação, e também ao seu inspirador/mentor Professor
Manuel Sérgio, já lá vão, justamente, trinta e cinco anos.
JORGE FERNANDO
está a comemorar 50 anos de carreira. Ainda este mês,
certamente entre outras datas, fará espetáculos a 23, 26, 28, respetivamente em
Lisboa (Tivoli), Barreiro (Auditório Municipal Augusto Cabrita) e Porto
(Coliseu).
Vamos já avisar que nestas breves palavras dedicadas ao
músico, fadista e poeta, entre outros possíveis bons atributos, podem sair
algumas imprecisões, porque as coisas que recuperamos na memória nem sempre vêm
absolutamente certas.
Jorge Fernado nasceu em Lisboa, mas creio que a sua terra
natal é Sarilhos Pequenos e a região natural em que viveu e andou à escola
foram lugares da margem sul do Tejo, entre os concelhos da Moita e Barreiro. Ao
tempo, também por cá andou, o amigo comum Firmino Pascoal que participou com
ele em célebre Festival da Canção da RTP, cantando “Umbadá”.
Como artista de nomeada que sempre foi, acabou a correr
mundo, também com Amália Rodrigues, essa mulher furação, ícone do fado e do
cinema nacional, que acompanhou como viola, durante alguns anos.
Lá atrás, ainda conversámos e bebemos uns copos nas noites
do Barreiro e, certa noite, fomos encontrá-lo na Casa de Linhares – Bacalhau de
Molho, onde se tornou músico e fadista residente, anos e anos.
Nessa noite, inesperadamente saída do fado, esteve a sua
adorada filhota Ana Lúcia, que foi nossa aluna, lindíssima pessoa, maravilhoso
timbre de voz que, seria fácil de adivinhar, também saiu fadista.
Entre outros músicos e fadistas de excelência, Ana Moura e
Fábia Rebordão também por lá estiveram.
Noite bem adentro, acabou por nos levar a um desses recantos
de tertúlias do fado, onde só se entra com palavra-passe, santo e senha,
tendo-nos prendado com uma noite inesquecível que amiúde lembramos.
Às seis da manhã, rumámos de volta à margem sul, onde nos
guiou pelo seu último álbum, prestes a sair a público. Ficou-nos na memória que
uma dessas canções fazia alusão a poema de um rapaz barreirense muito pobre,
problema mental grave, pessoa de nós todos, “cavalinho” para os incógnitos
amigos, impossível de ser ignorado por quem passava, que, desunhadamente,
enchia folhas e folhas de poemas, vindos sabe-se lá donde.
Pois bem, aqui ficam estas breves e carinhosas palavras para este nosso conterrâneo, figura grande da canção nacional, na certeza que um dia destes lá estaremos para participar nas comemorações de tão admirável carreira.
...
50 anos depois o canta-autor Barreirense Jorge Fernando está
no seu melhor.
Todas as canções que apresentou, todas reconhecidos êxitos,
como fez questão de dizer durante o espetáculo, "foram escritas no
Barreiro!"
Ainda deu para relembrar esses dois grandes nomes da música
portuguesa Amália Rodrigues e Fausto Bordalo Dias, este na poderosa voz de
Fábia Rebordão e na mágica, extraordinária, guitarra portuguesa de Custódio
Castelo.
Mas a banda, recheada de bons músicos, esteve toda ela muito
bem, em rigorosa afinação, orquestração perfeita.
Ao que acresceu uma, repetida, inequívoca, declaração de
amor à sua terra, "que tanto ama". E nós, orgulhosamente, estamos com
ele.
Aquele abraço, amigo Jorge.
Pode-se ouver aqui: https://www.youtube.com/watch?v=uoPDpLJCkLg...
NEEMIAS QUETA atualmente jogador do Boston Celtics, na NBA, é a grande referência da seleção portuguesa de basquetebol que ontem venceu a Chéquia no primeiro jogo da fase final do Campeonato Europeu de Basquetebol.
Neemias, filho de pais guineenses, nasceu e viveu no Vale da
Amoreira, no nosso concelho da Moita, e foi no Barreirense que iniciou a
prática da modalidade, no concelho do Barreiro, que encosta justamente no Vale
da Amoreira. O Barreirense que sempre foi um clube com tradição na modalidade,
com uma boa representatividade no país.
Por isso, nos chega à memória Manuel Fernandes (também
conhecido por Manuel Canhoto), nosso professor de Educação Física, no Liceu dos
Casquilhos, no Barreiro, que se a memória não nos atraiçoa foi treinador de
basquetebol do Barreirense e até Presidente da Federação Portuguesa de
Basquetebol, e tantos outros ligados à prática da modalidade, jogadores do
clube, como o irmão José Batista, ou o colega de Liceu (e hoje nosso dentista,
famoso) Manuel João Ramos.
Ora, por tudo isto, como o percurso do país nesta modalidade, ao longo dos tempos, tem tido fracos resultados, ontem a magnífica vitória e o desempenho da seleção portuguesa no Europeu, e o brilhante desempenho do Neemias, o homem do jogo, trouxeram-nos estas palavras para nosso contentamento.
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