por Luís Santos
Caro vereador da CMM António Carlos Pereira
Caro Presidente da Junta de Freguesia de Alhos Vedros Artur
Varandas
Cara Coordenadora da Biblioteca Municipal de Alhos Vedros Rosa
Ribeiro
Todos os presentes.
Estamos aqui para dar os Parabéns à
Biblioteca de Alhos Vedros que se integra, como sabemos, na rede pública de
bibliotecas do Concelho da Moita, um serviço que se enaltece, porque é de uma
nossa casa comum que se trata. Um espaço de todos, que visa servir a todos,
criado para nosso usufruto coletivo. E, sendo nós, ao longo dos anos,
frequentadores assíduos desta rede pública de bibliotecas, sobretudo, desta em
que aqui nos encontramos, devemos agradecer os significativos momentos que,
amiúde, por aqui fomos passando, fosse para ler o jornal, para trabalhar, ou
para aproveitar das inúmeras iniciativas culturais que por aqui foram
acontecendo. Memórias de bons tempos passados que, reconhecidamente, foram
ajudando ao nosso desenvolvimento pessoal e social.
Lembrar dos inúmeros concertos de
música, das tertúlias poéticas, dos lançamentos de livros, das noites de lua
cheia, das exposições, das leituras de livros para grupos de crianças vindas
dos infantários e escolas locais, do belíssimo empenho da Anabela, do Jacinto e
da Élia, só para lembrar, entre muitos outros, os que aqui têm trabalhado nos
últimos anos.
Alguns desses momentos em que fomos
também protagonistas diretos, fosse para ler uma história para crianças, para
lançar um livro, fazer uma comunicação sobre história local, integrar tertúlias
poéticas, ou até para um momento de participação em criativo encontro de literatura
erótica, lendo um poema do sadino Bocage, no mesmo dia em que fomos
presenteados com um extraordinário concerto dado pela banda “Penicos de Prata”.
Quando pensamos na nossa Biblioteca,
e nas pessoas e associações que com ela mais se relacionam, logo nos vem à
memória, a Academia, o CACAV, a Alius Vetus e, respetivamente, algumas das suas
dinâmicas mais marcantes, como sejam a Feira do Livro, a Escola Aberta
Agostinho da Silva, a Feira Medieval, entre outras múltiplas iniciativas. Todas
elas, associações que de alguma forma se têm relacionado com a publicação
literária, ou científica, em comunhão com a animação do livro e da leitura.
E aqui chegados, à reconhecida
importância que o livro e a palavra escrita têm no desenvolvimento humano,
nunca será demais recordar que temos uma Feira do Livro que é das mais antigas
do país, com 48 edições realizadas, desde 1972, e que só a nefasta e
preocupante pandemia que atravessamos conseguiu interromper a sua contínua
realização, ao longo de todos estes anos.
Entre todas estas dinâmicas
associativas, e não esquecendo que a palavra escrita se relaciona com as mais
variadas áreas da cultura e das artes, seja na música, no teatro, na dança, e
por aí fora, não deixaremos de salientar da existência, entre nós, de um
movimento de significativa dimensão que vai editando e publicando livros, revistas,
jornais, pasquins. E se nos centrarmos exclusivamente na nossa vila, onde se
reconhecem existir algumas particularidades culturais, logo se pensa num número
anormal de gente que se dedica à arte da escrita para uma terra relativamente
pequena.
E da mesma forma que se refere a
existência de vários escritores, podemos dar conta de múltiplas dinâmicas
literárias que se foram desenvolvendo entre nós, algumas delas em que tivemos
participação direta como foram, entre outras:
i) o grupo “Do Convento”, onde se
fazia “uma escrita em grupo, com cada um em seu sítio, à mesma hora” que,
depois, desaguava em animadas tertúlias de café;
ii) ou, “O Largo da Graça”, uma linha
editorial alternativa numa iniciativa de amigos, dada a dificuldade de se chegar
às grandes editoras nacionais e a dinâmicas mais comerciais, até pelas crescentes
dificuldades de publicação na área do livro, mas também pelos frágeis apoios
aos autores locais. Esta linha editorial “O Largo da Graça” é, de resto, o
pequeno exemplo de um alargado movimento de “edições de autor” que por cá
existe e pontua;
iii) ou, por fim, falar do
blogue/revista “Estudo Geral”, uma revista digital, multimédia, que tem sido
feita por alguns de nós, já com mais de 10 anos, editada a partir de Alhos
Vedros, mas que se foi disseminando por uma vasta internacional comunidade
lusófona.
O “Estudo Geral”, uma revista que
explora as novas possibilidades das linguagens digitais, onde facilmente se
mistura o texto, a imagem e a música, e que tem também insistido na divulgação
de livros e autores locais, a que os apoios da autarquia, até agora, pouco têm
chegado. Por isso, acreditamos na necessidade de novos desenvolvimentos nas
políticas ligadas ao livro, que mais apoiem a edição e os autores da região,
nomeadamente, a partir da criação de uma linha editorial pública, de um
destaque próprio nas bibliotecas locais, e no apoio ao lançamento e à aquisição
dos seus livros, o que será uma forma de ajudar e dar relevo à valiosa riqueza
literária que caracteriza a nossa comunidade.
Obrigado pela atenção.
28.11.2021