domingo, 3 de julho de 2022

Daqui até Já


49ª Feira do Livro de Alhos Vedros

Apresentação do livro "DAQUI até JÁ" de Luís Santos

por Vítor Ribeiro


 O livro é composto por três ensaios denominados, O Local, Portugal, Tudo,  tendo os dois últimos servido de base à tese de doutoramento do autor. Embora cada um dos ensaios verse temas diferentes e aparentemente díspares    entre si, estão na verdade relacionados de alguma forma, através de um fio condutor que liga os temas e subtemas de uma forma indireta ou até subliminar, traduzindo a sua preocupação com o crescimento interior, a identidade o desejo de nos compreendermos enquanto seres materiais e espirituais em evolução. Daqui até , é uma obra abrangente, substantiva, profunda e reflexiva, mística até, que se desmultiplica a várias escalas espaço-temporais com  uma incursão ao universo filosófico, íntimo e afetivo do autor. Por ser um estudo académico, poderíamos pensar à partida, que o livro estaria escrito     numa linguagem hermética, destinada a especialistas e apenas entendida por estes. Pelo contrário, o autor expressa-se através de uma escrita escorreita, acessível e simples sem ser simplista, que permite traduzir conhecimento e pensamento em   conceitos e ideias entendíveis por todos. É também, um livro generoso, de partilha, de história e estórias, com ênfase no conhecimento das origens e na preservação da nossa memória coletiva local e nacional.   Estabelece desta forma, uma relação íntima entre o passado e o presente,   uma vez que nos lembra através dos elementos construtores da nossa identidade (história e tradições) que partilhamos um passado comum.

No primeiro ensaio, Local, debruça-se sobre a história de Alhos Vedros e na forma como esta se cruzou e deixou marcas na história de Portugal. No  segundo, Portugal, foca-se na importância que os factos históricos, sociais, demográficos, étnicos e religiosos tiveram na construção da identidade nacional. No terceiro, Tudo, numa abordagem ecuménica, releva a importância das tradições filosóficas das principais religiões na procura da espiritualidade e na demanda das grandes verdades universais. É, neste sentido, um percursor e   difusor do retomar “do abraço universal no pensamento de Agostinho da Silva que subjaz à vocação messiânica e universalista de Portugal e do mito do V império que ainda perdura no arquétipo mental e cultural da nação como são os casos do culto popular do Espirito Santo e da Ilha dos Amores. A terminar, duas frases da nota autobiográfica do autor que nos remetem para o seu território afetivo, filosófico e espiritual, que justificam e explicam em grande parte os temas abordados no livro, introspeção, conceção e devir. O milagre do nascimento, o crescer enquanto corpo físico e alma, no seu caminho para a perfeição após sucessivas reencarnações.

É sem dúvida um livro de leitura agradável que nos transmite conhecimento, crescimento e boas vibrações.


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