49ª Feira do Livro de Alhos Vedros
Apresentação do livro "DAQUI até JÁ" de Luís Santos
por Vítor Ribeiro
O livro é composto
por três ensaios
denominados, O Local, Portugal, Tudo, tendo os dois últimos servido de base à tese de doutoramento do autor. Embora cada um dos ensaios verse temas diferentes e aparentemente díspares entre si, estão na verdade
relacionados de alguma
forma, através de um fio condutor que liga os temas e subtemas de uma forma indireta ou até subliminar, traduzindo a sua preocupação com o crescimento interior, a identidade e o desejo
de nos compreendermos enquanto seres materiais e espirituais em evolução. Daqui até já, é uma obra abrangente, substantiva, profunda e reflexiva, mística até, que se desmultiplica a várias escalas espaço-temporais com uma
incursão ao universo filosófico, íntimo
e afetivo do autor. Por ser um estudo académico, poderíamos pensar à partida,
que o livro estaria escrito numa linguagem hermética,
destinada a especialistas e apenas entendida por estes. Pelo contrário, o autor expressa-se através de uma escrita escorreita, acessível e simples
sem ser simplista, que permite
traduzir conhecimento e pensamento em conceitos e ideias entendíveis por todos. É também, um livro generoso,
de partilha, de história e estórias, com ênfase no conhecimento das origens e na preservação da nossa memória
coletiva local e nacional. Estabelece desta forma, uma relação íntima
entre o passado
e o presente, uma vez que nos
lembra através dos elementos construtores da nossa identidade (história e
tradições) que partilhamos um passado
comum.
No primeiro ensaio, Local,
debruça-se sobre a história de Alhos Vedros e na forma como esta se cruzou e deixou marcas na história de Portugal. No segundo,
Portugal, foca-se na importância que
os factos históricos, sociais, demográficos, étnicos e religiosos tiveram na construção da identidade nacional.
No terceiro, Tudo, numa abordagem
ecuménica, releva a importância das tradições
filosóficas das principais religiões na procura
da espiritualidade e na demanda das
grandes verdades universais. É, neste sentido, um percursor e difusor do retomar “do abraço universal ” no pensamento de Agostinho da Silva que subjaz à vocação messiânica e
universalista de Portugal e do mito do V império que ainda perdura no arquétipo mental e cultural da nação como são os
casos do culto popular do Espirito Santo e da Ilha dos Amores. A terminar,
duas frases da nota autobiográfica
do autor que nos remetem para o seu
território afetivo, filosófico e espiritual,
que justificam e explicam em grande
parte os temas abordados no livro, introspeção,
conceção e devir. O milagre do
nascimento, o crescer enquanto corpo físico e alma, no seu caminho para a perfeição após sucessivas reencarnações.
É sem dúvida um livro de leitura agradável que nos transmite
conhecimento, crescimento e boas vibrações.
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