segunda-feira, 18 de julho de 2022

Daqui até Já - recensão

por Manuel João Croca

Euedito, 102 págs.

Terminei de ler a obra DAQUI ATÉ JÁ do Amigo e nosso conterrâneo Luís Carlos dos Santos.
Conheço o Autor há já bastantes anos (quase desde sempre), temos até partilhado várias coisas. Sobretudo ideias que sempre surgem nas conversas. Isto para dizer que o “universo” do Autor não me é de todo desconhecido mas, ainda assim, parti para a leitura do livro como quem vai de viagem. Não com o desassossego e a agitação que as viagens por vezes comportam – embora pessoalmente, e com o passar dos anos, tenha aprendido a domesticar esses estados de alma que se tornam cansativos por vezes - , antes pelo lado da sede de descoberta que as viagens quase sempre acalentam.
Embalado pelo título que considero muito feliz (e não fora a “abundância” de letras quase se poderia considerar um mantra) e pela capa atraente (de uma paisagem que conheço bem exceptuando a “chuva de luz” que em boa hora o Autor captou) larguei-me à descoberta.
E os caminhos foram muitos e as latitudes longínquas (mesmo que “cá dentro”), fartei-me de andar embora sempre com gosto e prazer.
De facto, partindo de Alhos Vedros – esta nossa “terra velha” que afinal parece que está mesmo ligada a algumas das mais notáveis realizações que a alma lusa engendrou – acabamos por chegar a Ceuta e até ao Oriente, fazendo escala em muitos lugares que acabaram por corporizar o “império” português do antigamente.
Acabamos também por perceber (ou talvez pressentir) que, afinal, esta propensão para a criação artística em várias áreas e domínios que caracteriza as gentes da nossa terra vem lá de muitro detrás. Se calhar, se calhar…
Se calhar Luís Vaz de Camões e a sua/nossa epopeia a cantar-lhe no peito, se calhar Gil Vicente e a arte multifacetada de variar as formas de contar e dizer, Álvaro Velho concerteza.
Está bom de ver que é um livro de história que nos conta histórias mesmo quando se aventura pelo território das religiões. Também as religiões têm histórias na sua história. E também têm filosofia, claro que sim. Do Ocidente ao Oriente.
Aproximando-nos do fim(?) somos surpreendidos por uma curiosa nota biográfica. Os caminhos de dentro, portanto. Mas, ainda assim e também aí, fartamo-nos de viajar.
Como dizia o amigo Vítor Ribeiro aquando da apresentação da obra , "é sem dúvida um livro de leitura agradável que nos transmite conhecimento, crescimento e boas vibrações."
Inteiramente de acordo. E a prova é que, apesar da mundividência dos caminhos percorridos, não cheguei cansado.
Cabe agora a cada um(a) aceitar o desafio de entrar por esses caminhos e depois contarem-nos como foi. Vão que vale bem a pena.

MJC
06 Julho, 2022

Sem comentários: