quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Paulo Landeck



ACANTO 

 

Anoitecem no limbo

por rega desmedida

esquecem as vivas matizes

dos seus veios 

 

Na moldura saliente

alma singular

tombada aos vermes 

 

Alimentam humificação das estações

derramado sangue e poesia

corpo a corpo

Perenemente injustiçado

como se 

piores castigos

do suplício ao ofício

horas trocadas a granel

Amarelecem sorrisos

no que resta dos escombros

da cidade

Urdida e vencida na teia

renovada

Algodão e marfim dos novos tempos

borracha queimada

Reverbera esplendorosamente a decadência

Só os eletrões são livres

indiferentes

à clorofila dos dias

asfixiantes. 

 

(3/10/20213)

Auto-retrato, a pensar no 5 de Outubro - Poema em Construção


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