quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

VACUIDADE E FÍSICA QUÂNTICA


"Para um budista Mahaya, que conhece o pensamento de Nagarjuna, há uma ressonância indubitável entre a noção de vacuidade e a nova física. Se, ao nível quântico, a matéria se revela menos sólida e definível do que parece, isto para mim signifia que a ciência se está a aproximar dos conceitos budistas de vacuidade e interdependência. Por ocasião de uma conferência em Nova Deli, ouvi Raja Ramanan, um físico chamado Sakharov indiano, estabelecer paralelismos entre a filosofia da vacuidade de Nagarjuna e a mecânica quântica. E depois de ter conversado ao longo dos anos com muitos amigos cientistas, adquiri a convicção de que as grandes descobertas da física desde Capérnico dão corpo à ideia de que a realidade não é aquilo que nos parece. Quando estudamos o mundo com uma potente lente de observação --- seja pelo método científico ou de análise meditativa --- verificamos que as coisas são mais subtis do que -- e nalguns casos contradizem --- os pressupostos da nossa visão do mundo baseada no senso comum" (DALAI LAMA)

Porque não sou cientista e reconheço a minha ignorância naquilo que diz respeito à física moderna, não estou autorizado a comentar estas afirmações. Neste caso, a simples percepção intuitiva de certas realidades não é suficiente. Será preciso também a intervenção da razão e da ciência objectiva. Mas, o Dalai Lama teve oportunidade de conviver com muitos amigos cientistas, entre eles o próprio David Bohm que, baseado nos seus trabalhos de física quântica, manifestou em certos aspectos convergência com Nagarjuna. Não deixo ainda de evidenciar que a Tradição Gnóstica Ortodoxa, por intermédio de um dos seus sistematizadores, Boris Moravieff, reconhece igualmente que a resolução do problema humano tem também de passar necessariamente pela convergência entre a Ciência Tradicional, a que se tem acesso por Revelação, e a ciência moderna que, partindo do exterior, se serve dos meios cada vez mais sofisticados de observação e de experimentação. Na sua obra, "Gnôsis", diz a determinada altura: "Nos seus laboratórios, a ciência contemporânea parece que em breve vai alcançar o ponto mais elevado da escala dos elementos mais subtis, e poder-se-á pensar que ela se encontra muito perto de atingir o ponto em que se vai cruzar com as buscas espirituais esotéricas (Gnôsis - 3º Volume - Ciclo Esotérico - pg 77). Penso que será interessante uma reflexão mais profunda sobre este assunto.

José Flórido (facebook)


sábado, 22 de janeiro de 2022

Graffitar a Literatura (I)

 

«O impossível resulta possível
apenas por capacidade do meu cérebro?
Ou do meu coração?
Que importa se eu não sei
Se o impossível tem sempre a possibilidade de ser realizado
Exigindo assim a sua dedifinição.»

(Jacinto Magalhães, Entre Mim e o Outro, 1978)

Graffiti na Rua da Irmandade, Ribamar (Ericeira)


Este humorado graffiti, assinado por Manifesto, preenche toda a fachada lateral (virada para a N247 que liga Ribamar à Ericeira) de um amplo edifício rectangular de dois pisos, tipo armazém. Construído em zona, hoje, de turismo jovem – World Surfing Reserve – o mural apresenta marcas gráficas desse contexto geográfico (fato de banho garrido, tatuagens, skate, texto em inglês). A juventude seria a destinatária preferencial desta mensagem artística – “Everything is impossible”. Um lema para quem é novo, numa idade em que tudo parece (ainda) ser possível de concretizar.

Os mais velhos já não vão tanto em slogans, precisam de leituras mais sólidas e profundas; talvez a Utopia de Thomas More (1516). «Texto literário? Filosófico? Prosa de ideias, relato de viagem, diálogo didáctico?» questiona Maria Alzira Seixo (Visão, 15/03/2007, p. 138), aquando da (excelente) edição da F.C. Gulbenkian.

Nas duas partes em que o livro se divide é-nos dado o «discurso de Rafael Hitlodeu [um marinheiro de idade avançada, Português de nascimento] sobre a melhor das repúblicas». 

«Na Utopia, porém, onde a propriedade privada não existe e os utopianos se ocupam a sério dos negócios públicos, porque o bem particular se confunde com o bem comum, o nome de república é duplamente merecido. (…)
Na Utopia, onde tudo pertence a todos, os cidadãos sabem que, se os armazéns e os celeiros públicos estiverem cheios, ninguém sentirá falta de nada para uso pessoal. Como tal, entre eles a distribuição dos bens não constitui um problema, e não há gente pobre e indigente. Quando ninguém deve nada, todos são ricos. Que maior riqueza pode existir do que a de levar uma existência alegre e livre de cuidados, sem preocupações com a subsistência e livre das queixas contínuas da mulher, preocupada com questões de dinheiro e com o dote do filho ou da filha.» (p. 165)

Já noutras áreas, designadamente nas de género, More não vislumbrou um cenário de igualdade, sendo evidente as marcas do contexto histórico-social em que viveu: 

«As esposas devem obediência aos maridos, os filhos devem-na aos pais, e os mais novos aos mais velhos.» (p. 86)
«Nos templos, os homens encaminham-se para a direita e as mulheres para a esquerda. Os homens sentam-se em frente aos seus chefes de família, e as mulheres em frente à matriarca. Deste modo, o seu comportamento em público pode ser visto por aqueles que os orientam e os dirigem. » (p. 160) 

Uma outra utopia, escrita anteriormente por Christine Pisan (1405) A Cidade das Mulheres (Coisa de Ler Edições, 2007), parece não ter tido repercussão em Thomas More quando idealizou esse “lugar nenhum” de uma sociedade perfeccionada – a ilha da Utopia, com as suas 54 cidades. 

Infelizmente, nos dias de hoje, não há lugar para utopias, pelo menos, no debate político. E essa devia ser, por excelência, a esfera onde se projecta o futuro: como organizar o que é “público” e gerir o “bem comum”. No entanto, no mundo académico há ainda quem se focalize, seriamente, nesta temática por considerar que «a utopia serve para nos fazer caminhar com sentido»; é o caso de Fátima Vieira, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que assina a Introdução duma edição bem mais recente da Utopia de Thomas More (Público / Utopia & Conhecimento, nº 1, 2021); dela, sugerimos também duas entrevistas: ao programa “Câmara Clara” (RTP2, 14/10/2012) e à revista a Página da Educação (nº 200, Primavera 2013, pp. 6-15).

A ideia de “utopia” tem-se desgastado. Muito desacreditada no espaço comunicacional público (apelidar alguém de “ser utópico” anda perto do enxovalho intelectual). Pois é, «a utopia subverte», como o relembra Fátima Vieira (2013). Daí as emergentes tentativas de a ancorar mais à realidade; por exemplo, a adjectivação do conceito – Para uma Utopia Realista (Encontros de Châteauvallon, em torno de Edgar Morin, Instituto Piaget, 1998). Ou conceito criado por Immanuel Wallerstein em Utopistics or Historical Choices of the Tweenty-First Century (New York: The New Press, 1998):

«utopística é uma séria avaliação das alternativas históricas, o exercício do nosso julgamento face a uma racionalidade substantiva de uma alternativa possível de sistemas históricos. É a sóbria, racional e realística evolução dos sistemas sociais humanos, com os constrangimentos do seu contexto e as zonas abertas à criatividade humana. Não a face do perfeito (e inevitável) futuro. É antes um exercício, simultaneamente, nos campos da ciência, da política e da moral.»

Nesta linha, podemos inserir a canção de Bruce Springsteen que deu título ao álbum Working on a Dream (Sony Music, 2008), e que se tornou numa espécie de hino da primeira campanha presidencial de Barack Obama; estava-se então num patamar superior ao «I have a dream», formulado por Martin Luther King, em 1963. Quarenta e cinco anos volvidos, o “trabalhar” sobre o “sonho” deu resultado: a utopia concretizou-se; os EUA tinham um presidente negro (em dois mandatos consecutivos).

Essa ligação entre o Presidente (Obama) e The Boss (Springteen) teve, recentemente, novo desenvolvimento no livro Renegados. Nascidos nos EUA (Objectiva, 2021) que recolheu as conversas de ambos no podcast (Spotify).

Em tempos de cinzentismo e pensamento único, são os campos da arte aqueles que mais pugnam por manter a chama acesa:

«Pegue o tambor e o ganzá

Vamos pra a rua gritar

A palavra utopia.»

(“Samba da Utopia”, Jonathan Silva, 2018)


Post scriptum:

 Este mural desapareceu nos finais de 2021. Durou 7 anos! (havia-o fotografado no Verão de 2014). Nada mau para os padrões da “arte do efémero”. Os proprietários resolveram lavar a cara à casa, pintando-a de alto a baixo e, na voragem da limpeza, lá se foi o mural. E o edifício deixou de se distinguir dos outros daquela zona de veraneio: ficou asséptico, com muito menos encanto. A arte de rua, por aquelas bandas, parece “impossible”.


Luís Souta

(texto e foto)


Uma tese sobre Agostinho da Silva



"Um livro, assinale-se, não é coisa de pouca importância, porque acontece com alguma frequência que basta um livro para que o rumo da humanidade se altere por completo".

E outros livros existem que têm por detrás de si uma obra imensa, como é o caso deste que aqui vos deixo. Está em livre acesso no repositório da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e dele foram feitos até ao momento perto de 4.700 descarregamentos e 515 consultas. Podem descarregar gratuitamente AQUI: http://repositorio.ul.pt/.../1/ulsd071157_td_Luis_Santos.pdf

A pintura da capa "Flor do Lácio" é da pintora brasileira, mineira, Kity Amaral. Pode ampliar a imagem clicando em cima.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

SONHOS

Há 3 tipos de sonhos:

1º Os ditos normais, comuns, que pouco ou nada trazem à evolução do ser humano. O indivíduo tem a noção de estar no meio do sonho, consegue até modificá-lo, sair acordando e voltar a entrar nele. Os pesadelos estão incluídos neste grupo. Vêm do nível astral ou emocional.

2º Aqueles que são enviados pela Alma, são evolutivos, com informações e orientações precisas. Simbólicos, necessitam que a intuição do individuo já esteja presente.

3º Sonhos proféticos com origem na Alma e de níveis mais elevados. O sonho profético avisa o individuo para o que se aproxima, para experiências pelas quais terá que passar e às vezes avisa-o para o que ele pode e deve evitar.

António Alfacinha

Nota do editor: agradecemos a gentileza do autor em permitir a partilha deste seu texto.



Imagem de autor desconhecido

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Literatura: o pão nosso de cada dia (III)

 Luís Souta


O ESCRITOR

identidades e ambivalências

«a razão de ser do escritor é o protesto, a contradição e a crítica.»
(Mário Vargas llosa)

O homem de letras 1 é uma figura relevante e considerada em qualquer sociedade… letrada. Difícil é traçar-lhe o perfil, pois desdobra-se por múltiplas obras, por géneros diferentes, por estilos diversos, por um sem número de personagens e de narradores; por isso «[c]ostuma-se dizer que os escritores são um bocado esquizofrénicos» 2. «O escritor é como uma onda, mudando de configuração a cada momento» como dizia Manuel Rui citado por Suleimane Cassano que acrescenta «o escritor é uma entidade mítica (…) está constantemente a ficcionar-se» 3.



Ao longo da História, vários têm sido os contornos do debate (sempre recorrente) sobre as responsabilidades do escritor, enquanto intelectual privilegiado das nossas sociedades. Augusto Santos Silva (1997) diz-nos que, em Portugal, os «escritores pare[ce]m os intelectuais mais ‘autênticos’». E intelectuais são, de acordo com Eduardo Lourenço, «todos aqueles que por natureza são vocacionados para a autognose colectiva (artistas, historiadores, romancistas, poetas)» (1978:12) ou, na perspectiva de João de Almeida Santos, «aquele cujo pensamento produz efeitos reais sobre as ordens constituídas» (2000:213). Sem querer entrar no agastado, e datado, debate das concepções várias que lhe são imputadas, aqui se relembram as principais: «intelectual orgânico» (Grasmci), «intelectual autónomo» (Mannheim), «intelectual específico» (Foucault), «intelectual mediático» (Brenda). Em qualquer dos casos, eles teriam que preencher dois requisitos fundamentais: (i) pertencerem a um «campo» autónomo e actuarem de acordo com as regras que lhe são próprias; (ii) exercerem as competências específicas da sua actividade, sendo entendidos como produtores culturais a tempo inteiro. Por isso, Bourdieu considera-os seres «bidimensionais».


No caso particular do escritor, é através do que escreve e publica, em contextos de trabalho de uma certa adversidade e isolamento, que ele ganha autoridade social e não tanto pelo que é como pessoa ou profissional. É que raramente um escritor vive só da literatura 4, ainda que ambicione a “desocupação” como o relembra José Gomes Ferreira recorrendo ao verso de José Agostinho de Macedo: «Nunca um poeta bom teve outro ofício» senão o de cantar (1965:194). No entanto, poucos fazem da escrita a sua profissão 5, excepto para um punhado de “consagrados”… pelo mercado, e em regra, numa fase adiantada da sua carreira. O mais vulgar é o exercício de uma outra profissão (professor, médico, jornalista, etc.), como fonte de segurança económica, mas concebida como uma área “menor”, subalterna. O exercício da escrita, que exige tempo, energia e disponibilidade, acaba por se tornar tão absorvente, que para além dela pouco ou nada vale a pena. É isso que leva António Lobo Antunes a dizer (entrevista ao DNA, 08/12/2001, p. 15): «A minha vida faz pouco sentido fora da literatura…». E isto é mais evidente quando o escritor está “lançado”, ou seja, quando entrou numa cadeia de continuidade produtiva, e portanto se criaram expectativas em leitores e editores que aguardam (ou exigem) a publicação de uma nova obra. Como dizia Somerset Maugham «a literatura poderá ser uma vistosa bengala, mas não é lá grande muleta.»


Uma outra particularidade, no grupo específico dos escritores, prende-se com a ausência de «território». Ao contrário do que sucede na maioria das actividades que são exercidas em locais ou instituições, eles próprios estruturadores e condicionadores do exercício profissional e das respectivas culturas e identidades grupais: os campos (agricultores), o mar (pescadores), as jazidas (mineiros), as fábricas (operários), as lojas (comerciantes), as escolas (professores e educadores), os hospitais (médicos e enfermeiros), os escritórios (advogados), etc. Nas profissões ditas liberais, tradicionalmente exercidas em espaços individuais isolados (o consultório médico ou o escritório de advogado, por exemplo), tem-se vindo a assistir a reagrupamentos em equipas de trabalho, fruto quer de um processo de proletarização quer da necessidade, face à competitividade dos mercados, de rentabilizar equipamentos (cada vez mais sofisticados e que implicam avultados investimentos financeiros). No caso dos médicos, é assim que se assiste à troca do consultório pelo centro de saúde ou pela clínica médica.


Pode-se dizer que os escritores, são um caso à parte, no que respeita à sua “territorialização”. Numa actividade muito solitária e apartada – «no silêncio e no isolamento em que trabalho» (José Saramago, 1971:135) –, os «exploradores profissionais da solidão», como os designa José Gomes Ferreira 6, têm uma necessidade imperiosa de socialização entre pares, de troca de produções, mas também do confronto de opiniões, de debate, e até de convívio, o que foi preenchido, num certo período, pelas «tertúlias»: os cafés – o Gelo, o Herminius, a Brasileira do Rossio, o Martinho da Arcada, o Montecarlo, a Orquídea, A Cubana, o Palladium, o Bocage, o Leão d’Ouro, o Portugal, o Itália, o Colonial, o Sequeira, o Ribadouro, as Pastelarias Veneza, Paraíso e Bijou, são alguns exemplos emblemáticos na cidade de Lisboa; eram esses “territórios”, informais e temporários, que possibilitavam um certo sentido gregário aos grupos, ainda que as afinidades ideológicas e as correntes literárias condicionassem fortemente a entrada nesses círculos. A este propósito, António Patrício escreveu, com certa graça, num dos seus contos: «As escolas literárias são verdadeiras cooperativas de consumo. É só matricular-se… e cozinhar» (1910:123). Nas tertúlias literárias desenrolavam-se processos de “iniciação”, cultivava-se uma aprendizagem informal de saberes e técnicas, “agarravam-se” ideias para futuros projectos, afinavam-se estratégias de intervenção do grupo 7. Curiosamente, a “morte dos cafés”, em especial na capital, e a sua substituição por estabelecimentos tipo “come-em-pé”, ajudaram a pulverizar esses grupos, remetendo cada um para a sua casa.


A inexistência de correntes literárias acentuou este movimento de fechamento no casulo. Ilustrativa é a afirmação de José Saramago, publicamente assumido como homem de partido e organização, quando anunciou numa entrevista (DNA, 12/12/1999, p. 20), a propósito das tertúlias: «nunca pertenci a grupos, vivi sempre muito só». Esta tendência para um certo tipo de clausura, e de solipsismo, pode originar uma vida “fora do tempo” ou «vidas pardas (…) e, aparentemente, pouco interessantes ou mesmo desinteressantes» em contraste com «as vidas muito extrovertidas e cheias de aventuras que são próprias dos escritores do século XIX», como o salienta António Tabucchi (entrevista ao DNA, nº 133, 05/06/1999, p. 16). Daí que, e ainda segundo Tabucchi, se assista também a uma mudança substantiva no enfoque temático do escritor: a literatura do século XX seria mais do imaginário, do virtual, do interior do que do mundo exterior.


E a literatura do século XXI? Estamos em crer que será sempre «um campo infinito de infinitas portas que nos conduzem por caminhos que vão ter ligações com outras portas» (Alberto Manguel, Ípsilon, 03/12/2021).


Notas

1. Etimologia de literatura, do latim littera: letra.

2. Mário de Carvalho na entrevista que me concedeu em Março de 2002.

3. In “Pontes Lusófonas”, encontros com escritores realizados no Maputo (DN, 17/09/1999, p. 42).

4. Aquilino Ribeiro desabafava, com ironia: «para se viver da literatura é necessário escrever um volume de 400 páginas, duas vezes por semana» in Dacosta (2001:143).

5. Há mesmo quem não considere que ser escritor é uma profissão, caso de António Tabucchi (DNA, nº 133, 05/06/1999, p. 15).

6. Segundo José Gomes Ferreira, em “O terrível ofício de poeta”, «aqui solidão não significa emparedamento ou incomunicabilidade, mas afastamento provisório para sublimar a virtude de certas forças que aproximam mais os poetas dos homens» (1965:280).

7. José Gomes Ferreira confessa: «Nunca frequentei salas de aula com tanto proveito. O que eu aprendi nessa Universidade verdadeira!» (1965:100). O actor e encenador Mário Viegas perfilha da mesma opinião: «Aprendia-se imenso nessas tertúlias, discutindo, convivendo, bebendo, engatando. Agora ninguém convive, ninguém fala. A cidade desertificou-se» in Dacosta (2001:112).


 Referências

DACOSTA, Fernando (2001) Nascido no Estado Novo. Lisboa: Editorial Notícias/ Obras de F.D.

FERREIRA, José Gomes (1965) A Memória das Palavras ou o gosto de falar de mim. Portugália/ Obras de JGF.

LOURENÇO, Eduardo (1978) O Labirinto da Saudade. Psicanálise Mítica do Destino Português. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 3ª edição, 1988.

PATRÍCIO, António (1910) “Words…” in Serão Inquieto. Lisboa: Relógio d’Água/ Clássicos Portugueses, 1995.

SANTOS, João de Almeida (2000) Os Intelectuais e o Poder. Edições Fenda.

SARAMAGO, José (1971) Deste Mundo e do Outro. Lisboa: Editorial Caminho/ O Campo da Palavra, 3ª edição, 1985.

SILVA, Augusto Santos (1997) Palavras para um País: estudos incompletos sobre o século XIX português. Oeiras: Celta.