Luís Santos
Hoje, estive à conversa com um dos seniores da terra,
amigo, oitenta e tal anos, pessoa de incrível jovialidade física e invejável
lucidez. Escorreitamente dizia ele: "Em meados da década de 50 do século
passado, com dezoito anos, trabalhava na CUF (Companhia União Fabril), e depois
de alguns estudos e formação, fui aumentado para 4 escudos (2 cêntimos). Na
altura, alguns tinham um dia de folga ao domingo. Depois, apareceu a semana
inglesa, onde se começou a descansar também ao sábado à tarde...".
E dizemos nós, a folga ao domingo foi um luxo que as
sociedades industriais pariram, porque no seu início a regra era os operários
começarem a trabalhar aos 6,7,8 anos de idade, 12 horas por dia, muitas vezes
sempre de pé, sem folgas, sem segurança social, apoio na saúde ou licença de
maternidade…
Hoje, entre apoios
sociais vários, vamos nas 35/40 horas de trabalho por semana e começamos a
experimentar a semana de 4 dias, o que será uma realidade para breve e,
certamente, que o tempo do “fim de semana” não vai parar de aumentar, mesmo
que, neste processo de emancipação do trabalho, às vezes, seja preciso que a
orquestra faça uma pausa para, depois, continuar a tocar. Por isso, fundamental
mesmo, cada vez mais, é aprender a assobiar com as mãos nas algibeiras, porque,
embora estejamos a meio do caminho, a libertação e a aproximação da humanidade
de um mundo com cada vez menor dependência do trabalho está para continuar.
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