sábado, 23 de janeiro de 2010

Somos (também) o que comemos



É muito delicada a questão da alimentação. Provavelmente, o princípio de vida de que mais directamente depende a conduta humana.

A cultura portuguesa, por exemplo, tem raízes que se perdem nos tempos e tudo vai assentando, largamente, num determinado tipo de alimentação. E tal como a cultura portuguesa, toda a civilização ocidental e, por aí fora, embora não se possa generalizar a toda a humanidade.

Transformar um hábito alimentar com séculos e séculos, por exemplo, num regime vegetariano, produz tantas transformações a nível pessoal (físico e mental), familiar, social, cultural, que não vemos como aconselhar uma ruptura súbita com as profundas raízes que carregamos em comum com os nossos conterrâneos.

Nascemos num determinado lugar e a ele estamos ligados por natureza e cultura. E, desta forma, se caracteriza largamente a existência humana no planeta azul...

Mas dizer que as coisas têm sido sempre assim, não significa dizer que, assim, terão de ser eternamente. Existem variadas razões (económicas, ecológicas, éticas, religiosas), como sabemos, que justificam a adopção de um regime alimentar que possa sair fora do tradicional. Desde logo, por questões de saúde como ouvimos alguns especialistas incansavelmente repetirem. Até porque o tradicional é um saco muito grande, onde cabe muita coisa distinta.

Neste sentido, para começar, vemos como desejável um regime alimentar que, pelo menos, tenda a uma redução significativa do consumo de carne animal. Podemos utilizar várias estratégias, como sejam, deixar de comer carne ao pequeno almoço e ao lanche, ou consumi-la só uma vez por dia, ou deixar de o fazer um dia por semana...

Quem sabe gostemos da experiência e, assim, tendamos a uma mudança mais radical do que por tradição e inércia temos assumido.

Luis Santos

8 comentários:

aliusvetus disse...

É de louvar o esforço que, nesse sentido, o governo liderado pelo
Senhor Presidente do Conselho, Engº José Sócrates, tem desenvolvido,
porquanto já cerca de 2.000.000 de portugueses estão a largar o hábito, não só de comer carne, como simplesmente de eliminar uma (ou, nalguns dias de maior determinação) duas refeições por dia. Não devemos ser pessimistas - há que encontrar os aspectos positivos nesta política Ultra-Liberal conduzida por uma classe dirigente constituída por
pessoas da maior elevação de carácter - caminhamos para uma Nação livre de obesidade, livre de excesso de colesterol...

Anónimo disse...

Como costumo dizer, na moderação está o segredo... de tudo um pouco, mas sem excesso...
Mudar um pouco os hábitos é bom.
Vale apena experimentar...

(Realmente as pessoas cruzam-se em momentos chave na vida umas das outras... Hoje mesmo disse que tinha voltar a cozinhar... Coisas da vida levaram-me a deixa-lo de o fazer... E hoje mais uma vez as palavras do Luís chegam-me às mãos.
Obrigada)

Alexandra Viegas

Felicidade na Educação disse...

mais radical.... do que por tradição.....
mais radical... mais próxima da raiz, da matriz = a tradição teria de ser humilde e aberta para dar esse passo de espiral - transcendental.
Ou seja: Ou há maior aproximação (Movimento Interior) ou tudo fica no Museu das Antiguidades, se é que não já lá se está.... na cinzenta viuvez dos projectos embalsamados.
Tão arrumadinhos e longe do resfolegar de Deus.
eduardo espirito santo

luis carlos disse...

Peço desculpa a todos pela tardia publicação das mensagens. Não tinha ainda percebido como funcionava esta engrenagem da mediação. Se calhar o melhor é não mediar coisa nenhuma... Logo se verá.

Pois é Raul, querem ver que, afinal, tudo isto é porque o pessoal consome demais...

Alexandra, que bom ler-te.

Eduardo, fiquei com a sensação que, sem querer, apaguei um comentário teu. Se assim foi, peço desculpa e envia de novo.

Paula Soveral disse...

olá querido amigo,
este é um tema que me toca muito de perto, como sabes.
De facto, a moderação é amiga de uma boa saúde; mas, cada vez mais, acredito que é mesmo muito saudável retirarmos dos nossos pratos os cadáveres dos animais e os sub-produtos de origem animal. Há estudos comprovados que esses excessos prejudicam gravemente a saúde, não só física, como mental e emocional. Vou enviar-te um artigo que escrevi em tempos, "Alimentação Natural". Se gostares... publica.
Engraçado, estou precisamente neste momento a acabar os textos introdutórios para as minhas aulas de culinária Ayurvédica! Começam este sábado.
Lembrando a máxima de que "Somos aquilo que comemos" e o Princípio de Hipócrates por onde se regem tanto a Ayurveda, como a Naturopatia e a Macrobiótica: "Que o teu alimento seja o teu medicamento"!
beijos, saudades, até breve (I hope!)
e... sorrisos :)
Paula

luis carlos disse...

Minha querida amiga, que bom ler-te! Uma questão cultural fortíssima, um tema delicadíssimo, sobretudo, para quem como eu é sensível ao sacrifício animal... mas também à família, aos amigos, enfim, a todos. Continuaremos a refletir sobre o assunto.

Nota: Nos nossos textos tentaremos respeitar o acordo ortográfico.

Paula Soveral disse...

acordo ortográfico? só sei escrever como aprendi na escola, mas dei algum erro???? é que, reconheço a minha falha imperdoável, mas nunca li o acordo ortográfico.... :(
No entanto, espero que o "há" sem "h", como 90% das pessoas hoje em dia escreve, não esteja contemplado nesse dito acordo.
Há tempos, li esta frase algures:
"Ha! e ó João, lembra-te que estou à dois anos há espera que...."
Isto não faz parte do AO, pois não? é que, esteja ou não, a mim faz-me doer a alma.... LOL :)
pois.... eu sei, eu sei.... a vida é dinâmica e a ortografia também, claro!

luis santos disse...

Ao que parece os artistas estão dispensados. Quanto ao resto será como com os Euros: primeiro estranha-se e depois entranha-se. Mas, por isso, perder a capacidade criativa, nunca... Cá nos encontraremos na Casa Amarela.