quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Dança de Pina Baus

CARACOL DE BANDIDA
Em Praias do Sado e Alhos Vedros

Poema a quatro mãos
Andreia Bernardo
José Gil

Só lá eu me sentia
Na flor do eu verdadeiro
Bandida
Desde então nunca mais me senti.
O tempo passa e eu esqueço-me
de quem era
e do que sou.
E quando tenho de ser eu,
Não sei como sou tenho um fado
Caracol em Praias do Sado
caracol de bandida
tocas o verdadeiro coração
mil teclas na concertina
das flores na dança

E falarei na concha que ainda não me entregaste
concha de pele e de cabelos,
gostava de ver chover na praia um bom mergulho
na terça - feira, traz as borboletas pontuais e
efémeras para as tatuagens
da alma profunda, o teatro do circo real
constrói-se em salas escuras e sente-se, o rigor e
transparência da apresentação
começa pelo mel, traz os favos e as abelhas para
decorar o sangue
avançamos pelo fogo o dia não foi igual aos outros viveu o seu destino
gosto destes figos de Setembro na concha da pele,
onde vivemos o
desejo do lençol para o diálogo novo,
Acreditas no Destino em Setembro
Na avenida da rotundas
De ser neste mundo
De ter ainda que ser
O que não sei
Fado da observação
O que tenho que ser eu
Na flor da intimidade
Onde avançam os meus dedos
Nos teus
vamos nos encontrar no outro lado
do mundo onde será verão
às 5,15 nasce o dia
na flor do eu verdadeiro
Tenho um fado


Andreia Bernardo
José Gil
5:35h
18-9-2018
Águas Livres-Amadora
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“(…) Por detrás da poesia do texto, está a poesia pura
sem forma e sem texto. (…) Não se trata de suprimir a
palavra articulada, mas de conferir às palavras, aproximadamente
a importância que têm os sonhos…”
(Antonin Artaud)

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