terça-feira, 23 de outubro de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Ontem, em Grozny, por ocasião da cerimónia de aniversário da vitória da União Soviética sobre o nazismo, um atentado saldou-se pela morte do Presidente eleito e reconhecido por Moscovo, assim como do chefe militar das suas tropas e outros altos dirigentes políticos e militares. 
Se bem que ainda não tenha sido reivindicado, tudo indica que se tratou de uma acção perpetrada pelos rebeldes independentistas que incorporaram os métodos do terror na guerra que travam com a federação russa. 

Putin promete vingança, mas não me parece que seja capaz de encontrar uma solução para aquele problema que já se arrasta desde os finais da década de oitenta e que tem as suas raízes num passado em que a consolidação do império czarista meteu o dedo e, mais perto de nós, o estalinismo a espada e o livro vermelho. 
É difícil conceber um mundo resultante da desintegração da Rússia actual, mas a verdade é que a questão tchetchena dificilmente será resolvida dentro daquele estado federal e não é possível prever as consequências de um reconhecimento, por parte de Moscovo, daquela independência. 

E o Ocidente está aqui de pés e mãos atadas, até pelo simples facto de nada ter feito para salvar a União Soviética do caos em que acabou por cair e, em parte, levou à sua implosão, ajudando energicamente as forças que então apostavam na criação de uma economia de mercado no contexto do regime comunista, com o que poderiam ter permitido a transição para uma sociedade aberta e um estado de direito. 

Mas isto, provavelmente, é idealismo da minha parte. 
Sem embargo, tenho para mim que ao deixarem cair Gorbatchov, os ocidentais perderam o único interlocutor capaz de entender a importância da continuidade do império para os equilíbrios geo-políticos e geo-estratégicos a nível mundial. Ao contrário, ao darem o aval aos golpes palacianos de Yeltsin, cobriram alguém que nada mais queria que o poder. 

Não por acaso, o muro de Berlim caiu e o Pacto de Varsóvia dissolveu-se sem que Budapeste ou Praga se tivessem repetido. 

Hoje ainda sofremos as ondas de choque desse terramoto e o que se passa na Tchetchénia não é o único testemunho desse fenómeno. 



“-A aula de hoje foi toda dedicada a trabalhos de Matemática.” –Disse a Matilde à mãe, quando esta lhe perguntou se a manhã lhe tinha corrido bem. E na realidade, não fez qualquer interrupção no discurso. “-Fizemos números, conjuntos de números, contas e fizemos jogos e uma ficha com os números que já aprendemos.” 

E não tiveram trabalhos para casa, pelo que a tarde foi preenchida com brincadeira até à hora de irem para a ginástica. 



A Margarida está constipada. 



E por cá começou o debate instrutório do processo Casa Pia, findo o qual se saberá quais são os arguidos que serão levados a julgamento. 

A ver vamos a força da nossa justiça. 
Não tenho dúvidas que é o que resta do estado de direito entre nós que está em jogo em todo este processo, assim como nesse outro que dá pelo nome de apito dourado. 

Mas a desinformação é mais que muita. 
Os jornais, aqui há uns meses, encheram-se de notícias que diziam que Herman José já não seria pronunciado, mas hoje lá esteve o advogado a representá-lo. 

Vejamos como tudo isto acaba. 


Alhos Vedros 
  10/05/2004

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