terça-feira, 9 de abril de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Domingo em casa com a leitura de um magnífico trabalho de Stephen Jay Gould a respeito dos erróneos contributos científicos para a hierarquização das raças e grupos humanos. (1) 
Excelente ilustração para algumas das ideias que apresentei e com que componho as minhas teses sobre o racismo que reuni em “Tira o Dedo do Nariz”. 



Pois não é como eu temia? 


A festa da Ana Margarida não teve ausentes enquanto os convidados do David nem se deram ao trabalho de justificar as suas faltas de comparência. 


E Portugal perdeu com a Grécia por dois a um. 
Claro, de tanto já terem ganho, esqueceram-se apenas de dois pormenores: o primeiro dizia respeito ao jogo propriamente dito que ainda tinham que fazer e o segundo prendendo-se com o facto de os gregos não estarem ali para serem os bombos da festa. 

Quanto a nós, mais uma vez fomos os primeiros, na medida em que nunca acontecera a uma selecção do país organizador perder no jogo de abertura do campeonato. 

No fim, foram eles que fizeram a festa. 



Discretamente lá decorreu o acto eleitoral que afinal, com um valor de sessenta e um por cento, acabou por ter o nível de abstenção que se temia. 
Digamos que a União Europeia é um assunto demasiado distante e abstracto para levar os portugueses a interessarem-se por ele e a acorrer mais expressivamente às mesas de voto. 

E diga-se ainda que a campanha não decorreu de modo a alterar a situação e os assuntos que mais estiveram em discussão diziam respeito aos problemas internos e não às matérias europeias que vão estar em brasa nos próximos anos, por exemplo, no que toca à constituição europeia e os poderes do parlamento para que votámos. 


E os resultados não surpreendem. 
Os quarenta e quatro por cento dos socialistas comparados com os trinta e três da coligação que está no poder, por um lado expressam o universo dos votantes em valores minoritários em relação ao total e, por outro lado, resultam do desgaste natural que um partido que está no governo regista a meio de um mandato. 

É verdade que se trata da maior vitória obtida pelos socialista e da menor votação obtida pelos sociais-democratas em conjunto com os populares, mas não podemos extrapolar os seus valores para balanços do fórum estrictamente nacional. 
Têm, quando muito, um valor simbólico mas, a partir deles, não podemos induzir que a população portuguesa pretenda legislativas antecipadas e, por elas, alterar a actual relação de forças na Assembleia da República. 


É claro que as oposições tentarão capitalizar a derrocada laranja mas isso é normal e não tem mal algum. 
Espera-se apenas que isso as galvanize para uma crítica política mais elaborada e fundamentada. 


O PCP lá conseguiu manter o seu segundo deputado e esteve mesmo próximo do terceiro. 
Mas a maior curiosidade está na eleição de Miguel Portas do Bloco de Esquerda que assim se estreia na respeitabilidade da União. 


E pronto, depois dos comentários de patati patatá, todos foram para casa e a Europa ficou lá que, por cá, a desgraça continua. 



Devíamos alterar o nome do país para Pintogal. 


 Alhos Vedros 
  13/06/2004 


NOTA 

(1) Jay Gould, Stephen, A FALSA MEDIDA DO HOMEM 


CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 

Gomes, Luís F. de A., TIRA O DEDO DO NARIZ, Dactilografado, Alhos Vedros, 1996 
Jay Gould, Stephen, A FALSA MEDIDA DO HOMEM, Prefácio e revisão científica do Professor Jorge Rocha, Tradução de Ana Luísa Coelho, Círculo de Leitores, Lisboa, 2004

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