terça-feira, 20 de agosto de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Livros Escolares da Margarida, V 

Bambi 4, Matemática do quarto ano do ensino básico, da autoria de Ana Pinho e Maria Aurélia Carreiro e publicado pela Porto Editora, em exemplar da reimpressão da primeira edição, vindo a lume no ano de dois mil e dois. 



Finalmente foi conhecida a decisão do Presidente da República quanto à recondução do governo da actual maioria ou a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas. 
E a escolha recaiu na primeira hipótese. 


Pois logo caiu o Carmo e a Trindade. 
Do Bloco de Esquerda ao Partido Socialista, sem esquecermos os comunistas, todos foram unânimes no desapontamento, embora os primeiros tenham carregado na veemência do repúdio, ainda que se tenha repetido a palavra grave para adjectivar a medida presidencial. 

Num impulso que para mim raia o patético, o secretário-geral dos socialistas, o Dr. Ferro Rodrigues, interpretou o discurso de Jorge Sampaio como uma derrota pessoal e apresentou a demissão dos cargos partidários que ocupa, com isso abrindo um processo de sucessão na direcção daquela organização política. 


Bem, eu não tenho dúvidas que, sendo a consequência provável a entrega da chefia do governo a Pedro Santana Lopes, estamos a entrar num plano potencialmente pernicioso para a recuperação da nossa economia e o avolumar do nível de desenvolvimento da sociedade portuguesa, para não dizer mesmo um perigo em termos das instituições democráticas e, por via delas, da própria democracia. 

Pedro Santana Lopes não passa de um demagogo que usa os media para fazer valer um determinado propósito ou encobrir ou compor a apresentação de uma dada realidade. Até aí, nada de mais, a dinâmica democrática chegaria para corrigir os efeitos mais negativos e recolocar as pessoas certas no poder. 
Mas o homem não tem como fazer frente aos grandes grupos de interesse e nesse sentido é de esperar o pior. 


Cá para mim vamos aturá-lo, pelo menos nos anos mais próximos. 
Ele saberá como apaparicar os de cima e os de baixo e aqueles saberão ver nele o garante da sua liberdade de acção e impunidades. 

Depois saberá também como controlar os polícias e os jornais e a televisão e terá meios para calar vozes e consciências pelos métodos da perda do emprego e ou destruição da imagem de alguém e, pelo que se tem visto com os casos que da nossa justiça têm saltado para os palcos mediáticos nestes últimos anos, não seria de todo surpreendente se víssemos a lei ser usada para afastar os mais incómodos. 

Sinceramente, temo que este seja o princípio da madeirização do território continental e que a sicialização venha a reboque. 

Estamos em risco de viver numa tirania mafiosa camuflada no próprio sistema eleitoral e parlamentar.


Há pois razões para o descontentamento em relação ao nome de Santana Lopes, mas isso não nos pode impedir de pensar na decisão do Presidente Sampaio com frieza, o mesmo é dizer, dando preponderância à razão em detrimento da emoção. 


Ora se quisermos ser intelectualmente sérios, não podemos esquecer que após a demissão de António Guterres, ele convidou os socialistas a apresentarem um novo governo o que eles recusaram por não serem capazes de garantir uma maioria estável que o suportasse. 

Pois agora o homem repetiu-se. Se então todos os partidos pediram a consulta eleitoral, agora a coligação governamental manifestou, desde a primeira hora, a vontade de continuar responsável pelo executivo e como o seu entendimento que as legislaturas são para chegar ao fim se mantém, o Presidente agiu em conformidade. 

Naturalmente não caberia pessoalizar o problema e opor-se particularmente à pessoa do Dr. Pedro Santana Lopes. Afinal, este foi eleito Presidente da Câmara de Lisboa… Dizer que o medo venceu a esperança, como o fez Francisco Louçã, ou que esta decisão representa um perigo para a democracia, como Carvalhas, ou entendê-la como derrota pessoal não terá alguma razão de ser? 

Goste-se ou não, o Presidente limitou-se a agir de forma coerente. 


Obviamente não é isso que anula aquilo que anteriormente escrevi. 

Mas isso quer dizer que as oposições devem estar atentas e vigilantes quanto aos perigos para a democracia de que falam e que, em minha opinião, são reais. 



Ah! Portugal! Portugal! 
Finalmente o casino 
logo o maior mundial 
e tu fazes o pino. 



Pior é mesmo o tratamento que Israel tem na comunicação social internacional. 

O Tribunal Internacional de Haia declarou ilegal a construção do muro de protecção e se a decisão é sublinhada até à exaustão e os direitos dos palestinianos – seria pertinente perguntar quais – proclamados aos sete ventos, já um silêncio não inocente se abate sobre os terroristas que dessa forma veem dificultadas as suas acções cobardes e assassinas. 

E o politicamente correcto que no caso se materializa no cinicamente esquecido, dá de barato que a população palestiniana vive sob a ditadura de Yasser Arafat e acólitos, para o que concorre a tirania social que, a partir do islamismo integrista e dos seus seguidores mais violentos, se abate sobre aquela sociedade. 
Se ali o povo pudesse escolher livremente, certamente que exigiria a paz e trabalho o que implicaria a boa vizinhança com os israelitas. 
Ora é isso precisamente o que aqueles poderes não querem que aconteça, sob pena de perderem protagonismo e a capacidade de imporem os seus ditames sob as gentes em cujo nome falam. 


Teimamos em não querer ver este problema com justiça e é a paz mundial que fica a perder. 



A Matilde, de livre e espontânea vontade, dedicou uma parte da tarde à resolução de alguns exercícios que trouxe como trabalho de casa para as férias. 

“-Muito bem, pardalito!” –Disse-lhe eu, todo satisfeito, com a composição que ela fez a partir da imagem de um passarinho. 


Sou um pai cheio de alegrias. 



Só é de lamentar que nestes últimos dias tenha ardido uma vasta área da serra da Arrábida em redor de Cabanas, onde a desgraça começou. 

E como o vento destas noites foi amigo das labaredas, os estragos acabaram por ser maiores do que seria desejável e de esperar naqueles terrenos. 


Apesar disso, há tropa a vigiar a floresta no centro do país e as populações agradecem. 
Há que proteger uma das maiores riquezas nacionais. 



Depois do frio de uma parte do serão na esplanada, sabe bem voltar a casa e com a vantagem adicional de podermos voar ao som dos King Crimson. 


 Alhos Vedros 
  09/07/2004

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