terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A crise no Darfur permanece com os seus contornos de catástrofe anunciada. Milhares de mulheres, crianças e velhos, indefesos, estão à mercê de bandos armados sob as ordens e os interesses de chefes tribais islamizados que actuam com o beneplácito do governo de Cartum que teima em conduzir uma guerra civil sobre as minorias cristãs e animistas do sul daquele país, onde a organização do estado já não existe e o território está disponível para ser controlado pelos grupos mais indizíveis. 

Eu só temo que as crueldades que esperam aquelas multidões dos sem esperança que vivem cativas nos campos de refugiados, sejam o prenúncio de outras muito mais horríveis que, a partir daquelas terras de ninguém, podem cair sobre as sociedades em que vivemos. 


Paira o espectro do totalitarismo sobre o mundo e tem a forma de uma combinação entre o crime organizado e o terrorismo apocalíptico. 


Das lutas sociais dos tempos que se avizinham decidir-se-á se o mundo do trabalho virá a conhecer de novo a servidão ou não. 
A verdade é que há grupos económicos e financeiros com mais poder de reunião e mobilização de recursos que muitos estados independentes e nada há no presente que nos permita dizer que aqueles jamais se poderão constituir em novos modos de senhorios sobre as coisas e os homens. 

Por toda a parte, o estado de direito está sob fogo cerrado, quer por iniciativa de lóbis financeiros e económicos, quer sob o mando de sindicatos mafiosos ou do integrismo violento de certas facções que se reivindicam do Islão, como a Al-Qaeda. 

No século vinte e um, voltaremos a morrer pela defesa das sociedades livres. 



E o PS lá vai dando o constrangedor espectáculo de um partido deixado à conquista de uma clientela que para além de zelar pelos seus próprios bolsos e barrigas, estão sujeitas às esconsas obediências que provocaram o pior legado do guterrismo. 

Sócrates fala como se fosse o novo secretário-geral do Partido e é assim que a comunicação social o trata. 
E João Soares e Manuel Alegre, os outros dois candidatos ao cargo, são tratados como se mais não fossem que os animadores de umas eleições que, para serem levadas a sério, têm que ter sempre alguma concorrência. 

E depois todos vendem peixe; com a honrosa excepção de Manuel Alegre que disse ser necessário criarem-se mecanismos que descriminem positivamente as empresas que tenham comportamentos socialmente úteis, ideias sensatas e exequíveis é coisa que não há. 


Pois se é com esta gente que se pretende defender e fortificar o estado de direito entre nós, melhor será começar a pensarmos no exílio. 



A pardaloca lá regressou, sempre bem disposta e luminosa, um bocadinho cansada, como é natural, mas cheia de coisas para contar. 


Está tão bonita esta minha filha. 


“-Ó mãe, eu já fiz todos os exercícios que estavam por fazer no livro de Matemática.” –Comunicou ela, sem que alguém lhe tivesse perguntado o que quer que fosse a essa respeito. 


Belos dias em casa dos avós maternos, onde teve todo um casarão à disposição das suas brincadeiras e imaginação. 

Para além dos passeios a Valpedre e as tardes com o primo Daniel e as primas mais velhas. 

Mas também ela tinha saudades e deu para ver isso no sorriso com que entrou em casa e o brilho dos olhinhos com que nos disse a satisfação que lhe ia na alma. 


Eu amo tanto este pardalito. 



Também os meus cunhados e o filho estão bem. 
A Fátima está grávida mas, graças a Deus, está tudo a correr bem. 


E hoje, na companhia da Margarida, foram passear para o jardim zoológico. 



E agora já temos um quarto de visitas para os receber, ainda que desta vez tenham sido os miúdos que ali dormiram por cedência do quarto das miúdas aos tios. 



Francis Obikwelo, um imigrante nigeriano que aqui conseguiu a carreira de atleta e que, na sequência disso, optou pela nacionalidade portuguesa, conseguiu a proeza de bater o recorde europeu dos cem metros livres e de obter a medalha de prata olímpica para o nosso atletismo que assim, pela primeira vez e sem qualquer trabalho nesse sentido, se viu relegado para os lugares de destaque numa prova em que jamais um português passara das eliminatórias ao nível das grandes competições internacionais. 

E ontem foi a vez de um compatriota conseguir o terceiro lugar no pódio dos mil e quinhentos metros. 



Está na hora de ir para a cama. 


 Alhos Vedros 
  26/08/2004

Sem comentários: