quinta-feira, 28 de junho de 2018

Empatia – O segredo para uma sociedade melhor?


por Lara Nayr

            Sempre ouvi dizer que para vingarmos na vida precisamos de ter um espírito ambicioso e competitivo. Somos educados no sentido de olhar para a sociedade e a crer que o mundo à nossa volta é egoísta e que, para que possamos sobreviver neste meio, a necessidade é sê-lo também. Lutamos pela sobrevivência, por gerar resultados positivos para nós mesmos, porque, na verdade, acreditamos que terceiros não o irão fazer.

            Segundo Marshall Rosenberg, o Pai da Comunicação Não Violenta (CNV em diante), o ser humano é dotado de dois aspetos completamente opostos, um lado compassivo e outro competitivo. Mas, na prática, como é que é possível desligar-nos da compaixão e empatia para nos entregarmos à violência, como tantas vezes acontece, aumentando o tensão entre os intervenientes? E como é que é possível que haja pessoas que mesmo em situação de constrangimento e dor consigam manter o seu lado compassivo, criando um momento de conexão entre si e os outros?

            É com o objetivo de responder a estas questões que Marshall Rosenberg desenvolveu o seu trabalho, salientando a importância do desenvolvimento da comunicação empática e consciente entre as pessoas.

O que almejo na minha vida é compaixão, um fluxo entre mim e o outro com base numa entrega mútua, do fundo do coração” - Marshall Rosenberg

            Somos empáticos quando conseguimos concentrar-nos na mensagem que o interlocutor nos quer transmitir, entendendo a carga emocional nela implícita, mas sem que haja tentativa da nossa parte de encorajar ou dar conselhos. Quando somos empáticos, abrimos espaço para a conexão com o outro, dando oportunidade para que este se possa expressar, sentindo-se ouvido e compreendido. O nosso trabalho neste âmbito passa por escutar os seus sentimentos e necessidades em relação àquilo que lhe traz constrangimento, sem que haja lugar para julgamento da nossa parte e sem tentarmos moldar a pessoa que está diante de nós. Desta forma, criamos espaço para que, segundo Rosenberg, haja um fluxo entre duas pessoas, uma conexão, onde dois seres humanos partilham as suas alma e as suas vulnerabilidades.

            É a partir da escuta empática e da comunicação consciente, atenta aos sentimentos e necessidades do outro, que é possível responder às questões iniciais. A CNV aplica-se a todos os tipos de comunicação e é capaz de mudar consciências e atitudes. Quem sabe, um dia, não vejamos uma mudança ao nível global.

Lara Nayr
http://facebook.com/euquilibriobylara 

1 comentário:

luis santos disse...


Parabéns Lara Nayr. Gostámos muito da sua reflexão, dessa sua maneira humanista de ser, de olhar o mundo.