AMANHÃ VOLTA O TRABALHO
E as férias chegaram ao fim; amanhã começará o terceiro período.
Mas foram uns dias em cheio e eu tenho a certeza que os meus amorzinhos bem os aproveitaram.
Fez-lhes bem a despreocupação de acordarem sem a pressa de saírem de casa.
A Margarida leu “Uma Mão Cheia de Tudo e Outra de Coisa Nenhuma”. (1)
Eu acho que o balanço a fazer quanto à Matilde é francamente positivo.
Integrou-se no ritmo e na vida escolar com facilidade e se bem que sempre desperta para a brincadeira, toma a atenção necessária à aprendizagem e não apresenta dificuldades.
É claro que tanto eu como a mãe lhe dissemos logo no dia da reunião de avaliação que ela deveria concentrar-se mais e mostrar maior empenho em fazer as coisas bem feitas e hoje, pelo banho e no momento de arrumar a pasta, voltámos a lembrar-lhe que não é bonito que a Professora possa dizer que ela é um tanto trapalhona.
Quanto a isto terei que redobrar as atenções neste último período.
Ainda assim não me parece que seja algo preocupante e a verdade é que podemos dizer que ela gosta da escola e da Professora e fica satisfeita por aprender.
Para além disso tem a noção do dever; tem consciência que há regras que devem ser respeitadas e age em conformidade e geralmente não é preciso chamá-la à atenção para que tal aconteça e com isso não é preciso dizer-lhe para fazer os trabalhos de casa, muito embora hajam dias em que a pressa de brincar tolha a razão.
Seja como for, ponderados todos os aspectos, o saldo é francamente positivo.
Deus acompanhe as minhas queridas filhas.
O recentemente empossado chefe do Hamas, Abdel Azis al-Ramtisi foi morto, esta madrugada, em mais uma operação do exército israelita.
Bem, ninguém de bom senso negará a Israel o direito de se defender e este homem é co-responsável por centenas de mortes, se não milhares, de civis inocentes.
É claro que de toda a parte chovem as condenações.
Até Londres, pelo porta-voz Jack Straw, o ministro dos estrangeiros, veio dizer que o homicídio tinha sido injustificado e desnecessário.
Será?
Mas qual é a alternativa?
E o Iraque continua a doer-nos no peito.
Para aqueles que acham ser possível negociar com a Al-Qaeda é ler a entrevista com Omar Bakri Mohammed, juiz da sharia residente em Londres e dado como quem partilha a mesma escola de pensamento daquela constelação terrorista.
“-(…) Estamos agora no ano três da era da Al-Qaeda.” –Diz ele, referindo-se ao onze de Setembro. (2)
Para quem tenha dúvidas que aquela carnificina foi um acto inicial…
Mas ali sobressai o pensamento maniqueísta que alimenta o fanatismo que dá o fundo ideológico àquele terrorismo e afins.
E também fica claro que estamos perante um fenómeno semelhante ao de Hassan Sabbah e à sua seita dos assassinos. (3)
É a cegueira do fanatismo que os guia.
Não há antídoto certo para uma doença destas.
Bem e por agora me fico.
Amanhã, a Matilde iniciará o primeiro último período da sua vida escolar e a Margarida o derradeiro último período que passará nesta escola.
Ah e esquecia-me de registar!
Na sexta-feira tivemos a visita do Carlos, da Tuxinha e do Leonardo que, vindos do Algarve, seguiram para o Porto na manhã seguinte.
Estão todos bem e ficámos satisfeitos por nos revermos.
Alhos Vedros
18/04/2004
NOTAS
(1) Lisboa, Irene, UMA MÃO CHEIA DE NADA E OUTRA DE COISA NENHUMA
(2) Mohammed, Omar Bakri, O TERROR É A LEI DO SÉCULO XXI, pp 26 e ss.
(3) Maalouf, Amin, SAMARCANDA, pp 141 e ss.
CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Lisboa, Irene, UMA MÃO CHEIA DE NADA E OUTRA E COISA NENHUMA, Prefácio de Violante Florêncio, Breve Nota de Paula Morão, Editorial Presença (7ª. Edição), Lisboa, 2002
Maalouf, Amin, SAMARCANDA, Difel, 1991
Mohammed, Omar Bakri, O TERROR É A LEI DO SÉCULO XXI, “Pública”, nº. 42 de 18/04/2004, In “Público”, nº. 5139, 18/04/2004
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