Luís Santos
O atual templo de Nª Sª da Graça, em Palhais, Barreiro, resulta de sucessivas intervenções efetuadas desde que a pequena Ermida foi erigida pela população local, provavelmente, em meados de quatrocentos, ao tempo situada no, então, concelho de Alhos Vedros.
A Igreja, de traça quinhentista, constitui um dos raros
monumentos da arquitetura manuelina e foi classificada como Monumento Nacional
em 1922.
Nas traseiras da Igreja, podemos ver a cruz da Ordem de
Cristo, a tal que também ia nos mastros das caravelas...
Nessa altura, entre secs. XV-XVI, ali se situava um estaleiro
naval, onde se construíam os navios que iam às descobertas, antes dos últimos
retoques em Lisboa, e da Mata da Machada vinha a madeira para a sua construção.
Era também ali, no Complexo Real do Vale de Zebro que era
feito "o biscoito", um pão feito com trigo, água e sal, que constituía
a base alimentar dos nautas nas viagens.
Assim se assinala que o pessoal destas bandas, os avós dos nossos avós, tiveram uma participação direta muito forte nos Descobrimentos, sem dúvida, um dos maiores, se não o maior, feito de Portugal nos seus quase novecentos anos de história.
A Ordem de Cristo leva-nos até ao seu fundador, rei D.
Dinis, que a criou para proteger os “Templários”, em Portugal, que no tempo
foram fortemente perseguidos e alvo de imensa chacina, a partir de conluio entre papado romano e rei francês que, todavia, depois disso, amaldiçoados, não
viveram muito mais tempo para contar…
Mas deixando essas contas para outros rosários, o que nós queremos apontar é das visões largas do Rei Dinis na criação da Ordem, ao mesmo tempo
que fundava a Marinha Portuguesa e instituía a Língua Portuguesa no Reino, que,
depois, tudo junto, lá foram pelo mar fora levando, também, sagrada mensagem
divina em peregrina viagem de paz e esperança que chegou até ao Festival da Eurovisão.
Sem comentários:
Enviar um comentário