terça-feira, 15 de maio de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Almoço na “Bodeguita del Médio”, o restaurante onde Hemingway tinha por hábito comer enquanto esteve em Havana, onde morreu, num quarto de hotel que ainda hoje pode ser visitado, encenando mais ou menos o espaço que o escritor deixou, quando partiu, onde nem faltam alguns objectos do homenageado. 

É claro que há um certo aproveitamento turístico do nome daquele homem das letras. Mas é natural e normal que assim aconteça, é até uma das maneiras de preservar a sua memória e a verdade é que a admiração que lhe expressam parece-me sincera.
Reparei que é um dos poucos autores estrangeiros que merece destaque nos escaparates e, numa livraria perto da “Floridita”, onde, segundo dizem, tomava os seus murritos, logicamente merecendo honras de montra. 

O panorama editorial não me parece dos mais edificantes. Se a pequenez será compreensível, atendo às debilidades económicas do país, já o predomínio da literatura política e ideológica terá certamente que ver com o cariz do regime. 

De qualquer forma foi agradável almoçar num local em que o azul das paredes está todo ele decorado pelos grafismos dos inúmeros visitantes que pretendem deixar testemunho da sua passagem. 
Também eu dediquei uma frase ao Mestre. 



Para nos deslocarmos na cidade vale a pena usarmos os serviços do “coco-car”, uma espécie de triciclo com motor e uma carroçaria que imita o feitio de um coco, para fazer jus ao nome. Como o trânsito não tem densidade para que seja caótico e muito menos perigoso, ainda que um tanto ruidosos, permitem-nos deslocações com rapidez, ao mesmo tempo que possibilitam que apreciemos a expressão do traçado da urbe. 
Enquanto na parte antiga a fórmula pedestre, especialmente no que diz respeitos aos cruzamentos com a população local, é a melhor maneira de apreciarmos o fluir de uma malha de quarteirões rectilíneos e apertados nas ruas transversais, já na cidade mais recente é muito agradável disfrutar as vias arborizadas sobre a cadência do “coco-car”. 


Café a meio da tarde no Floridita onde, a um canto do balcão, lá está a estátua do Hemingway junto da qual são muitos os turistas que tiram fotografias. 

Foi ali que ficámos a saber da possibilidade de visitar o tal quarto de hotel. 

O problema é que o tempo que temos é limitado e por isso preferimos ver a pintura cubana. As belas artes ficam do outro lado da avenida. 



Depois do jantar assistiremos a um espectáculo de música cubana que, de acordo com o que nos disseram no hotel onde estamos hospedados, é o que melhor existe em Havana. 


     Havana 
 29/03/2004

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