quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Manuel (D'Angola) de Sousa: Poemas


1.

“De Fome Ôca E Sem Quaisquer Factores Lógicos Ou Sonoros Sempre A Subir Ao Nadir”

Alimento-me rápido da acelerada vibração primaveril do início
Giro à volta do meu próprio eixo centralizado de rotação
Gravito em autêntica apoteose preso à forca da gravidade
Colo a cabeça a um monte de entulho de desperdício nuclear
Dou comigo a praticar uma exótica dança atómica particular
Respiro com dificuldade para dentro e para fora duma garrafa

Faço bolinhas de sabão com o oxigénio contido numa botija
Enervo-me tanto que dou comigo a arrancar ervas daninhas
Oculto-me atrás de recônditos cantos obscurecidos pela ignorância
Rebento com a correnteza forte com uma simulada granada de imitação
Visto a pele nua sem quaisquer ossos animais ou espinhas adicionais
Agrego valor numa pilha bem grande a perder de vista de lixo

Entro no processo colectivo do linchamento de ratos e baratas
Alio-me vorazmente à brigada de extermínio de pestes e pragas
Desalmo-me ainda mais quando estou deveras desalmado e sem jeito
Espremo borbulhas de gasosa à mão com as pontas dos dedos trémulos
Estendo a rede de comunicações para além do alcance da maldade
Protejo inocentes e os ingénuos como um ponto crucial assente

Sento-me na berma do declive ingreme duma pirâmide a vêr o pôr-do-sol
Arquejo com o pêso da humildade modesta que quase fico marreco
Subo com corda ao topo dum cume de formato totalmente cónico
Encontro-me na rota de colisão com um cómico que me desinforma
Faço-me quieto para não ser visualizado pelos julgadores caluniosos
Desvio atenções para os telhados de manjedouras ocultos a bocas abertas…

Mato a fome com a projecção de pensamentos abstractos e subjectivamente ôcos…

Escrito em Luanda, Angola, a 26 de Agosto de 2018, por Manuel (D’Angola) de Sousa, em Alusão à necessidade de todos nos primarmos por comportamentos e atitudes transparente e de extremas sinceridade, honestidade ética, responsabilidade e elevado grau de consciência, em nossa relação diária com o Mundo e com as Sociedades Civis onde nos inserimos…

Ainda, em sincera e sentida Homenagem ao ora malogrado Senador John McCain, sobretudo, por ter sido um exemplo de Homem Defensor honesto e afincado de seu Povo Norte-Americano e das Políticas mais correctas, justas e maior interesse para o seu País, independentemente de ter sido um dos actuais grandes Líderes do Partido Republicano Norte-Americano…   


2.

“Viro A Página Final Com Um Fenomenal Pulo Para Cima E Para Baixo Num Colchão De Molas”

Pulo para baixo e para cima na vida num colchão de molas
Corro contra o tempo pulando as intemporais barreiras temporais
Estraçalho a matéria carnal que me cobre e dispo-me eventualmente

A meio de imenso estardalhaço travo o caos com o sinal da mão
Varro tudo em um instante diminuto para debaixo do tapete da sala
Cubro o resto a cochichar sobre os restantes factos e provas incomprovadas

Abro a mente de lés-a-lés e de viés ao final de cada início de manhã
Comove-me ficar o dia inteiro à janela com ela aberta para a eternidade
Por muito que concentre a vista interior em visualizações continuo meio vesgo

Dou com a cabeça num poste para tentar acender lá dentro a luz
Fico apagado num quase total e longo apagão por noites repetidas a fio
Mesmo cortando com uma tesoura afiada a fita das inaugurações sinto-me cego

Mergulho na fonte tida como aquela original de muitos desgostos
Bebo água fresca dôce e entorno metade do copo de cristal raro em cima
Molho o cabelo com o recém-novo penteado feito num dispendioso cabeleireiro

Viro a página dos paradoxos e dos termos contraditórios e fecho o livro
Desligo a ficha com a maior rapidez possível para não ser impedido por nada
Encerro o capítulo usando em parte algo imperceptível do genuíno verbo sagrado

Apago toda a possível sinalética diabólica do pensamento simbolizante
Rasgo as vestes de quem as deixou penduradas no meu caminho para a iluminação
Pinto o arco-íris do amor e da paz em meu peito aberto e nas bandeiras que transporto…

Ultrapasso entraves tidos como intransponíveis andando como um andarilho sobre pernas-de-pau…

Escrito em Luanda, Angola, por Manuel (D’Angola) de Sousa, a 25 de Agosto de 2018, em Alusão e a favor das tradições populares, mas, simplesmente por altura de festas de teor e prática folclórica, evitando exageros que impeçam a mudança de paradigmas conservadores e a adaptação a novos e modernos métodos, sistemas, filosofias e tecnologias, para permitir a fluidez constante da evolução e modernidade da cultura social, em geral…

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