CORPOS E MARCAS
O corpo marcado
no que outros corpos
escondem
o segredo da vida
posto
disposto
reposto
em respostas
marcadas
palavras silenciam
o corpo esclarece
e marca
o medo cristaliza
mentiras em verdades
e o corpo
se transubstancia
na maldade
de alguém cujo
corpo marca.
DETALHES
Busca nos detalhes
o ponto de apoio
anelo
anelado dedo com que se defende dos oferecimentos
e se esconde dos tormentos
detalhes o mantém à salvo das estéreis horas
de retornos fossem pedras carregadas nos bolsos
raivas concentradas na incapacidade do espelho
enrola o fio
o anel cintila
no dedo solto
em sobressalto
não há morte nos detalhes secos e ásperos
o tempo ajustado
solta as amarras
retira o anel.
ARABESCO
O arabesco ecoa trombetas
antigas inimigas percorrem
muros no estado do barulho
o arabesco mudo
em mudanças
na trama não urde
o tecido esgarçado
amigas chegam
no calor da noite
tocam seus dedos
sobre as feridas
o arabesco desnudo
em traços percorridos
no silêncio do dia findo.
(Pedro Du Bois, inéditos)
-------------------------------------------------------------------
outros poemas:
2 comentários:
Melhor final de semana, impossível. Gratíssimo. Abraços.
Caro Pedro, somos gratos. Fiquei com uma dúvida no verso "detalhes o mantém à salvo...". O "à" é mesmo com acento, ou será mais correto sem acento?
Abraços.
Enviar um comentário