terça-feira, 14 de maio de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A MARGARIDA TEVE AZAR

Coitada da Margarida a quem o azar bateu à porta. 

Ontem, na aula de ginástica, caiu ao tentar fazer um mortal e em consequência disso torceu o pé esquerdo. 

Perante a possibilidade de haver algum osso partido, conduzimo-la de imediato ao hospital onde, após as radiografias e outros exames, se concluiu que, apesar de grave, a lesão se ficara por uma entorse. 

Dez dias de repouso, o pé ligado na primeira semana e canadianas para que o pé não faça força, são estes os paliativos para o atropelo. 
E para que o remédio surta efeito é necessária a calma e a paciência que levem à aceitação e ao aproveitamento das horas que se perspectivam no sofá, de perna estendida mas, avaliando pelo primeiro dia, tudo indica que o vendaval passageiro será vencido com tranquilidade. 


Claro está, a ginástica e a escola terminaram, no entanto não haveria por isso qualquer problema uma vez em que em ambas as situações tudo estava consumado e nada se alteraria nesta última semana. 

Seja como for, já disse que se sentir melhor, na próxima quinta-feira irá assistir ao jogo de despedida dos seus colegas de turma. 

E não quis que a mãe tentasse adiar a ida para a “gente miúda” pelo que a Matilde irá sozinha para aquelas actividades de tempos livres numa quinta, na Moita. 



Por sua vez, a Matilde ficou comigo e esperou que a mãe e a irmã chegassem, embora soubéssemos o resultado das observações através do telefone. 

É bonito ver como ela se presta a auxiliar a irmã sem que para isso seja necessária a menor solicitação. 



A Céu, do centro de enfermagem, teve a simpatia de emprestar as muletas com o tamanho apropriado para as crianças. 



Ontem os alunos aprenderam a palavra quadro e hoje o número trinta. 

“-Eu já sabia o que é o q, agora é mais fácil.” –Disse o pardalito com o seu ar sorridente enquanto tratávamos do banho. 



Livros escolares da Matilde, IV 

“Palavra a Palavra”, livro de apoio ao método das vinte e oito palavras, de autoria conjunta de Arminda Craveiro, Adriana Figueiredo e Maria Teresa Dias, em exemplar da primeira tiragem da primeira edição, publicado no Porto, em dois mil e três, pela Porto Editora. 



Há duas aves em voo silencioso pela noite. 

Creio que são bufos à procura de refeição em forma de répteis e pequenos roedores que cirandam pelos campos. 

Muitos são os que sob o luar tratam da vida. 


Alhos Vedros 
  22/06/2004

Sem comentários: