A MARGARIDA TEVE AZAR
Coitada da Margarida a quem o azar bateu à porta.
Ontem, na aula de ginástica, caiu ao tentar fazer um mortal e em consequência disso torceu o pé esquerdo.
Perante a possibilidade de haver algum osso partido, conduzimo-la de imediato ao hospital onde, após as radiografias e outros exames, se concluiu que, apesar de grave, a lesão se ficara por uma entorse.
Dez dias de repouso, o pé ligado na primeira semana e canadianas para que o pé não faça força, são estes os paliativos para o atropelo.
E para que o remédio surta efeito é necessária a calma e a paciência que levem à aceitação e ao aproveitamento das horas que se perspectivam no sofá, de perna estendida mas, avaliando pelo primeiro dia, tudo indica que o vendaval passageiro será vencido com tranquilidade.
Claro está, a ginástica e a escola terminaram, no entanto não haveria por isso qualquer problema uma vez em que em ambas as situações tudo estava consumado e nada se alteraria nesta última semana.
Seja como for, já disse que se sentir melhor, na próxima quinta-feira irá assistir ao jogo de despedida dos seus colegas de turma.
E não quis que a mãe tentasse adiar a ida para a “gente miúda” pelo que a Matilde irá sozinha para aquelas actividades de tempos livres numa quinta, na Moita.
Por sua vez, a Matilde ficou comigo e esperou que a mãe e a irmã chegassem, embora soubéssemos o resultado das observações através do telefone.
É bonito ver como ela se presta a auxiliar a irmã sem que para isso seja necessária a menor solicitação.
A Céu, do centro de enfermagem, teve a simpatia de emprestar as muletas com o tamanho apropriado para as crianças.
Ontem os alunos aprenderam a palavra quadro e hoje o número trinta.
“-Eu já sabia o que é o q, agora é mais fácil.” –Disse o pardalito com o seu ar sorridente enquanto tratávamos do banho.
Livros escolares da Matilde, IV
“Palavra a Palavra”, livro de apoio ao método das vinte e oito palavras, de autoria conjunta de Arminda Craveiro, Adriana Figueiredo e Maria Teresa Dias, em exemplar da primeira tiragem da primeira edição, publicado no Porto, em dois mil e três, pela Porto Editora.
Há duas aves em voo silencioso pela noite.
Creio que são bufos à procura de refeição em forma de répteis e pequenos roedores que cirandam pelos campos.
Muitos são os que sob o luar tratam da vida.
Alhos Vedros
22/06/2004
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