terça-feira, 28 de maio de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Olá, pais! 

Sou o pai da Margarida. 

Não lhes pareça estranho estar a dirigir-lhes a palavra e muito menos tomem isto por uma ousadia da minha parte, certo que estou que todos nós sabemos o que de melhor queremos para os nossos filhos; espero que não pensem que venho aqui arrogar-me de qualquer autoridade para os aconselhar no que quer que seja, mas há umas quantas preocupações que quero partilhar convosco. 
Vem isto a propósito de facto de pretendermos que esta turma continue a mesma com a sua passagem para a Escola José Afonso. 

Aconteceu que tivemos a felicidade de encontrar uma Professora Primária que, pela continuidade e qualidade do seu trabalho, legou aos alunos as bases necessárias para que eles possam encarar o ciclo seguinte com toda a confiança, uma vez que possuem todos os requisitos para aprenderem as matérias e desempenharem as provas exigidas com sucesso. A rapaziada sabe ler, escrever, contar e fazer contas e explicar-se convenientemente; foi-lhes incutido o interesse por variados assuntos e o gosto por os discutir e estudar, sabendo pois, na generalidade, pôr em prática as suas ideias. Uns mais que outros, como é natural que seja, mas todos estão aptos a assimilarem as matérias e a desempenharem os exercícios que vão ter pela frente. 
Além disso, há nesta classe um número razoável de bons alunos e de crianças interessadas em aprenderem que garantem a possibilidade de um ritmo de trabalho que puxe pelos que, eventualmente, venham a revelar mais uma ou outra dificuldade. 

Assim eles venham a ter Professores que deem continuidade ao esforço desenvolvido no primeiro ciclo. Mas também que continuem com a vontade e o empenhamento que até aqui revelaram. Haja a confluência de forças dessas duas partes e são muitas as probabilidades de que estaremos tranquilos com os resultados finais desta nova etapa que em Setembro começará. 

Ora é aqui que tenho algumas interrogações. 
E se me permitem, na minha modesta opinião, creio que para tal, em primeiro lugar, é bom que tanto uns como os outros sintam a nossa presença o que implica que nos apresentemos nas reuniões com os directores de turma e que sempre que surjam problemas nos disponibilizemos para colaborar na sua resolução. Por um lado, importa que os Professores percebam que têm diante de si um grupo de raparigas e rapazes cujos pais estão interessados que tenham um bom desempenho escolar para que mais tarde venham a poder escolher um caminho e, por outro lado, será essa a forma dos miúdos nunca poderem pensar que na escola, para lá das regras inerentes, estão apenas sujeitos ao sabor dos seus desejos e vontades. 
O resto, todos nós sabemos, contudo, não seria descabido se nos mantivéssemos sempre abertos a comunicarmos uns com os outros o que só pode facilitar-nos no acompanhamento dos nossos filhos. 

Pois bem, eu não queria deixar de manifestar estas minhas preocupações e partilhá-las convosco, antes de os convidar a assinar o pedido para que a turma continue na Escola José Afonso e que um grupo de pais irá apresentar ao Conselho Directivo daquele estabelecimento de ensino. 
Creio que todos temos consciência daquele documento e, por isso, o iremos assinar. 


É este o texto que eu irei apresentar aos encarregados de educação da turma da Margarida, na próxima segunda-feira, na reunião final de um ano e de um ciclo em que todos os alunos foram aprovados. 



E se ontem deixei em branco estas páginas foi pelo simples facto de me ter esticado no sofá para a assistir a um desafio entre as selecções de Portugal e da Inglaterra e acabei por me deparar com um jogo de tal forma emotivo e bem jogado que também eu me deixei emocionar como há muito não acontecia com uma partida de futebol. 

Na verdade, em termos futebolísticos, tratou-se de uma noite épica em que os portugueses depois de a poucos minutos do fim conseguiram empatar um resultado que lhes era desfavorável desde os três minutos do tempo regulamentar e depois de, na segunda parte do prolongamento, terem conseguido dar a volta com um golo espectacular de Rui Costa, um pontapé fulminante e certeiro à parte superior do centro da baliza que deixou o guarda-redes pregado à relva, consentiram a reposição da igualdade que só viria a ser desfeita através dos remates directos da marca de grande penalidade, não sem um falhanço para ambos os lados e, já em fase de erro fatal, o guarda-redes português tenha defendido uma bola sem luvas para, em acto contínuo, ser ele a anichar o esférico entre as redes, explodindo então com a alegria incontível de quem ganhou a eliminatória. 
Acresce que houve um número quanto baste de boas jogadas, com perigo para as balizas de um lado e do outro, embora os das quinas tenham conseguido maior posse de bola e criado mais perigo para a equipa contrária, com os nossos defesas, na maioria das situações, a imporem-se aos avançados britânicos, no que destaco a classe e elegância do central Ricardo Carvalho, para mim, do que tenho visto, o jogador revelação do torneio, capaz de cortar lances com toda a perícia e sem qualquer irregularidade e de ainda controlar a bola para a passar jogável aos companheiros e, com isso, lançar contra-ataques. 

Há muito tempo que não vibrava tanto com um jogo e confesso que também eu levantei o braço quando o Hélder Postiga fez o primeiro golo que repunha a verdade no marcador, uma vez que essa oportunidade há muito que era merecida pelo empenho e a imaginação dos jogadores nacionais. 
Depois foi a explosão provocada pela magia de Rui Costa e a sensação de que seria uma injustiça que, depois disso, isto é, depois de um momento tão espectacular, os portugueses viessem a perder. 

E o final de Ricardo deu o tom épico a uma noite que já tinha engrandecido aquele desporto. 


Ainda mais com as claques misturadas nas bancadas sem que tenha acontecido qualquer problema. 



Hoje foi o último dia de escola. 


A Matilde sabe agora o que significa a palavra férias grandes. 


Houve festa e os alunos trouxeram os materiais que são para ficarem em casa. 
Ontem houve um jogo de futebol entre os alunos do quarto ano a que toda a escola assistiu e a que a Margarida não faltou e a Professora da Matilde aproveitou para recomendar os exercícios que os alunos deverão resolver durante as férias. 


Agora viva o descanso que para os meus amorzinhos bem merecido é. 



O que é isto? 
Durão Barroso para Presidente da Comissão da União Europeia? 

Aqui há gato. 


 Alhos Vedros 
  25/06/2004

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