Darfur continua a ser palavra de sofrimento para uma África esquecida pela comunidade internacional.
O próprio Kofi Annan está embaraçado por nada conseguir fazer quer para no imediato atender à sorte de milhares de refugiados que fogem à morte pelas armas do exército, quer para encontrar uma solução para um país desmantelado que vive há vinte anos uma guerra civil de que pouco se fala mas que não deixa de ser por isso menos mortífera e perigosa do que as outras que tanto espaço ocupam nos media internacionais.
E não digo isto pelo facto de estarmos a falar de um conflito que se trava na fronteira entre o mundo muçulmano e o mundo cristão e que opõe esta última comunidade que ali se trata de uma minoria religiosa à maioria islâmica que controla os destinos do governo e as instituições que ainda funcionam.
Mais alarmante é a realidade de um estado completamente desorganizado e exposto ao poder de controle das máfias ou do terrorismo mundial. O exemplo mais emblemático desse perigo foi, recentemente, o caso do Afeganistão sob o controle dos talibãs.
Eis um desafio que se coloca às sociedades mais ricas do planeta.
Como conseguir que não cresçam tais pontos de corrosão a partir dos quais podem vir a organizarem-se forças que, eventualmente, consigam adquirir as capacidades para pôr em causa o nosso mundo de vida livre.
Está na hora de começarmos a pensar numa civilização de estado de direito a nível mundial.
Duas coisas são certas e acréscimos dos últimos anos; o planeta é a casa comum de uma espécie única que é a Humanidade a que todos pertencemos.
E Portugal que lá venceu a Espanha, defrontará amanhã a Inglaterra nos quartos-de-final do campeonato europeu de futebol.
Se os portugueses aproveitassem toda esta energia para aplicarem ao trabalho produtivo e em certas áreas vitais como por exemplo a educação e a ciência…
Mas enquanto se embriaga pelo efeito anestésico de um pontapé de mestre de Nuno Gomes, a vergonha da nossa justiça continua, alegremente, a dar mostras do estado de arbitrariedade a que chegou.
Agora são os condenados do caso moderna que vêm as penas anuladas e transformadas em absolvições, com a redução de dez para sete anos de prisão do que acabou por ser o único dos pronunciados ao cárcere e a alteração em dois anos de pena suspensa para os três que o Tribunal de primeira instância ditara a um dos seus colaboradores.
Enfim, o Carlos Cruz já tem uma coluna dominical no “Público” a respeito do Euro 2004.
Afinal, o que há de estranho neste reino do homo maniatábilis?
Vivemos sob uma ditadura de interesses esconsos. Entre nós, o estado de direito passou a uma figura de estilo.
Aqui no burgo, fala-se agora em referendar a constituição europeia.
Parece-me muito bem que se faça.
E espero que finalmente possamos ter um debate a sério sobre a União Europeia.
Vale sempre mais tarde que nunca.
Hoje houve visita ao Oceanário.
Segundo a Matilde, tanto ela como a Beatriz serviram de cicerones aos colegas e não se esqueceram de lhes falar da noite que ali dormiram, no ano passado.
Agora há uma missa de Mozart a contemplar as estrelas.
Vou fechar os olhos para ouvir melhor.
Alhos Vedros
23/06/2004
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