Enquanto o país ufana com os golos e as tácticas futebolísticas, a vergonha nacional de todos os Verões lá regressou em força.
Arde a serra algarvia em torno de Tavira.
Mais uma vez a prevenção continuou nas palavras e, quanto muito, nas reuniões e grupos de trabalho.
No fim, a floresta continua a arder.
Saddam Hussein foi entregue às autoridades iraquianas para que venha a ser julgado pela justiça do país.
Dentro de dias será levado a Tribunal, entre outros, por crimes de guerra e contra a Humanidade.
Duvido que haja a possibilidade de uma justiça cega e capaz da distância que permite a isenção.
No entanto, seria bom que houvesse um processo justo e não só para o tirano como também para as altas patentes que o coadjuvaram e contribuíram para os desideratos do regime, mormente os mais negros e todos os executantes das políticas e das medidas decididas. Poderia muito bem ser o princípio da institucionalização de um estado de direito no Iraque o que seria o primeiro passo na consolidação de uma sociedade aberta.
Os detractores da ideia democrática contestam a possibilidade de imposição de um regime democrático a partir do poderio militar das forças de ocupação.
Nem vale a pena discutir a pertinência da observação quando confrontada com as similitudes de uma Alemanha depois da derrota do nazismo, ou de um Japão após a rendição e a queda dos governos militares que deram corpo à política de expansionismo imperial. Podemos até dar razão àquele ponto de vista que, para o momento que vivemos, não coloca qualquer dificuldade ao que se pretende venha a ser a pacificação e recuperação daquele território.
A verdade é que não há democracia sem estado de direito e para que este seja organizado não é necessária a existência prévia de uma tal forma de estruturação do poder político.
O hábito do respeito pela lei é uma atitude consciente das populações e nada há que nos permite concluir que aquele é incompatível com os iraquianos e uma justiça independente e isenta está ao alcance de um projecto nacional minimamente esclarecido.
Objectivo alcançável?
Sinceramente não sei, mas é imprescindível para um Iraque pacífico e interessado na paz que é o quanto baste para que a população prospere e a sociedade se desenvolva.
Com isso será mais fácil encontrar ali um aliado de peso para a causa do entendimento e coexistência pacífica entre israelitas e palestinianos, sem o que será muito difícil, para não dizer impossível, cortar a cabeça da hidra do terrorismo da Al-Qaeda e afins.
Ora enquanto este último combate não for ganho, permaneceremos no decurso da terceira guerra mundial que até pode vir a revelar-se fatal para a nossa espécie.
O Ocidente está adormecido perante o perigo do apocalipse.
Mãe e filhas saíram para irem à feira do livro.
O pai, depois de saborear a frescura do escurecer do céu, aproveitou para registar estas notas.
Sabe tão bem o descanso.
Sabe tão bem o descanso.
Alhos Vedros
01/072004
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