terça-feira, 16 de julho de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Como é que é possível alguém pensar em Santana Lopes para primeiro-ministro? 


O homem não tem rabos-de-palha, ele é um rabo-de-palha em pessoa. 
Como é que um indivíduo que depende dos lugares que lhe arranjaram para ganhar a vida pode falar de frente para os rostos que dão voz aos grupos de interesses e de pressão, para não chamar aqui à conversa outros poderes bem mais sinistros? 
Um país organizado – o que infelizmente não é o nosso caso – e que preze os valores do trabalho e da responsabilidade não se pode dar ao luxo de ter em tão importante e influente cargo uma pessoa em tal condição. 

Bem, sinceramente espero que haja ainda uma pinga de bom senso em quem de direito e a solução para o problema criado pela demissão de Durão Barroso seja encontrada por via de eleições antecipadas, embora tenha por certa a possibilidade de o líder que caiu do céu poder vir a ganhá-las, quiçá, com a maioria absoluta. 

É que em boa verdade este triste espectáculo só é possível num país de opereta ou, em alternativa, numa qualquer república das bananas do terceiro mundo e, por isso mesmo, ele é um exemplo eloquente de como a partidocracia está dominada por esconsos tentáculos que disso se servem para tirarem vantagens e imporem os seus ditames aos que ocupam os lugares de decisão. 


Só uma revolução nos poderá salvar das garras das tiranias mafiosas. 

Faço votos para que não traga o sangue pela força do movimento. 


E o meu dilema reside apenas em decidir em quem votar. 
Em branco? 
É uma possibilidade. 



Tarde de praia; leituras e descanso entre brincadeiras e um passeio de gaivota com a Matilde. 


A Beatriz acompanhou a família. 


Ainda que a água estivesse gelada, aquelas alminhas só foram a terra para abastecerem as barriguinhas e quando soou a hora do regresso. 



Foi a enterrar o corpo de Sophia de Melo Breyner que faleceu aos setenta e três anos de idade. 


Devo confessar que pouco ou nada conheço da sua obra. 
É tida como um dos vultos da literatura portuguesa, nomeadamente da poesia, do último século. 


E já que estamos no obituário, com a mesmíssima idade, também Marlon Brando se despediu do filme que interpretava na vida real. 


O século vinte lá vai deixando cair os seus mitos segundo a cadência das estações. 



E a sonda Cassiny Huygens prepara-se para cumprir os principais objectivos da sua missão, enviar para a Terra dados sobre os anéis de Saturno e alguns dos seus satélites naturais, com particular atenção para Titã, onde os cientistas esperam estudar uma atmosfera que consideram similar à que terá existido nos primórdios do nosso planeta. 


Estamos tão próximo da extinção quanto de encontrarmos o caminho para a eternidade. 



A Margarida deixou as muletas este fim-de-semana, mas ainda coxeia. 



E agora vou ver a final do Europeu. 

Palpita-me que os portugueses vão repetir a postura e os erros do primeiro jogo. 

Há euforia a mais; até parece que só falta saber por quantos vamos ganhar. Não gosto disso. Os gregos têm boa equipa, já mostraram que sabem jogar à bola, isto apesar do que todos dizem sobre a espectacularidade do futebol que praticam e certamente que não irão estar ali para servirem de bombos da festa. 

Seja como for, espero que seja um bom jogo e que a taça fique em Lisboa. 

Depois de chegarem onde nunca antes uma selecção nacional tinha chegado, seria bonito de ver. 


Alhos Vedros 
  04/07/2004

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