Luís Santos
#9 O RENASCIMENTO #9
Curiosamente um dos autores que
primeiro abriu as portas ao Renascimento foi São Tomás de Aquino, um frade
católico, mais tarde beatificado pela Igreja, que viveu no século XIII e fundiu o espírito da filosofia aristotélica com o cristianismo, dando particular ênfase às ideias de Santo Agostinho, fazendo renascer, simultaneamente, todo um conjunto de princípios
que fizeram escola no berço do pensamento científico, a Grécia Antiga. O salto
de São Tomás de Aquino na “Suma Teológica”, a sua obra de referência, é a
legitimação da separação entre o poder espiritual e o poder dos príncipes que
acabaria, com o tempo, para remeter as influências da igreja na vida pública
mais para a esfera do privado, deixando o exercício da política nas mãos dos
monarcas e da nobreza.
Mas, um par de séculos
desenrolados, a emergência de uma burguesia mercantil em franco crescimento,
ligada ao surto de expansão ultramarina europeia e às riquezas ligadas ao
comércio que daí advieram, muito ligada a uma ética protestante saída da
Reforma da igreja católica, por mãos de Martinho Lutero, que absolutamente
legitimava o lucro e a usura financeira, vai desencadear o florescimento de uma
nova organização económica assente na acumulação de capital.
Entretanto, Luís de Camões
glorificando o espírito luso, lia os Lusíadas a Dom Sebastião, e falava da
chegada dos nautas que vinham com o Gama à Ilha dos Amores, canto IX, numa
síntese de tudo o que os portugueses mais tinham sonhado, e desejado, até
então. Todo esse reino paradisíaco de múltiplas cores e flores, e nascentes de
água límpida, onde se banhavam as mais belas ninfas haveria de se Encobrir em
Alcácer Quibir. Fechava-se o sonho de Afonso Henriques, perdia-se o culto do
rei poeta e da rainha santa, quedava-se o impulso do Navegador, interrompia-se
o país. E volvidos sessenta anos, quando em 1640 se voltou, a história já era
outra.
A Ilha dos Amores no meio do nevoeiro, Rio Minho
Sem comentários:
Enviar um comentário