terça-feira, 10 de março de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

MEDITAÇÃO

Maratona masculina feita com sangue suor e lágrimas. 

O atleta brasileiro depois de um esticão que o isolou por uma boa dúzia de quilómetros e chegou a colocá-lo a mais de trinta segundos de vantagem sobre os mais directos perseguidores, já quebrado, é verdade e em nítida perda do avanço conseguido, sofreu um abalroamento por um lunático irlandês em protesto creio que pela presença estrangeira no Iraque, causa que manifestamente o impediu de manter as distâncias e o deixou à mercê da ponta final de grande classe e pujança atlética do maratonista italiano que, após uma recuperação fantástica, veio a arrebatar a medalha de ouro. Ainda assim, o azarado cortou a meta em terceiro lugar fazendo asas que bem mostravam a alegria pelo feito. 


O português conseguiu um honroso sexto lugar. 


E eu tive umas boas duas horas e meia de repouso. 



A paternidade tem a particularidade fascinante de estar permanentemente em face da possibilidade de vir a confrontar-se com novas questões e problemas no que diz respeito à relação educativa que se estabelece com os filhos. Compreende-se, as pessoas crescem e à medida que a sua autonomia se vai formando surgem, naturalmente, situações novas para as quais os pais devem encontrar uma resposta. E é bom que assim seja, mas essa é uma das nossas angústias. 

Por vezes converso com amigos que referem os receios de tomarem decisões erradas ou de falharem nos aconselhamentos. 
Devo confessar que também eu sinto isso e muitas vezes o tenho conversado com a Luísa e chegámos à conclusão que apesar de todos os constrangimentos que possam existir, não há alternativa ao método da experiência e do erro, isto é, só nos resta optar por um caminho e estar sempre atento para o avaliar e simultaneamente preparado para o corrigir se for caso para tanto. 

Há princípios gerais que advêm dos valores que tomamos por bons e que podemos utilizar como grelha de referência para a nossa conduta. Ora se isto é verdadeiro para a nossa vida de adultos, em geral, também o é para a responsabilidade que assumimos de proporcionar a alguém a aventura de se fazer gente de bem. 
Pois é com base nesse critério que procuramos resolver a nossa angústia. 
É claro que por vezes erramos e emendamos rumos e processos; mas sabemos que as acções foram ponderadas e nunca fruto de leviandades e por isso encaramos as correcções de consciência tranquila e sem recriminações pelo que possa ter corrido mal ou menos bem. 

E tenho para mim que é a partir do acompanhamento constante e do muito carinho que nós conseguimos ir construindo uma relação de confiança que, da parte dos amorzinhos, nos deixam o espaço livre para podermos reconhecer as necessidades de emenda sem com isso perdermos o carisma que devem ter aqueles que educam. 

É do amor que nós somos capazes de dar que, em primeiro lugar, se faz a aprendizagem que pretendemos obter da parte daqueles que tão docemente nos preocupam. 


Ora neste sentido, devo admitir que, pelo menos até ao momento, os resultados são positivos. 


É uma alegria ver as minhas filhas crescerem com vontade própria e sentido crítico, atingindo com facilidade os objectivos que as suas vidinhas lhes colocam pela frente. 



A Matilde dormiu sozinha no novo quarto sem qualquer hesitação. 


Deus seja Louvado. 



Mesmo com o cansaço eu sou um homem feliz. 


 Alhos Vedros
  30/08/2004

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