(Fundo musical: - o tema Nightbook do álbum com o mesmo nome de Ludovico Einaudi).
Guardo memória (e vivência) de tempos esquinados e adversos que não convocam hossanas ou aleluias antes requiens com o seu quê de desgraça, tragédia e fatalismo.
Tempos que ciclicamente se repetem e retornam ensombrando os sonhos e tornando adiados os desejos.
Tempos em que os pés se afundam no cinzentismo em que caminham, em que os ombros descaem, a voz emudece e a vontade se desmorona.
Tempos de olhares fugitivos e evasivos, escondendo o quebranto do medo ou derrota ou resistindo resguardando-se em territórios inacessíveis de dentro.
Tempos em que os cantos não procuram coro e as almas não esperam eco, pois impera a lei da sobrevivência de multidões frenéticas de seres sozinhos.
Tempos em que mingua a dimensão colectiva perante o avanço dos detentores dos poderes quais pastores com seus cajados apascentando rebanhos que pretendem dóceis.
Tempos em que se calam, à superfície, as flautas e violinos trocados pelo som das trombetas dos caçadores de almas e destinos.
Tempos em que a vida assume uma dimensão opressiva e um peso quase insuportável a quem nasceu para, e pretende voar.
Tempos em que, apesar de tudo e não obstante, naqueles que ainda estão vivos, não se resignaram completamente e anseiam, algo se eleva e procura uma saída, um espaço de evasão, prosseguir o caminho.
Esses, nós, continuam a procurar a acendalha para que a combustão se não apague e a fogueira continue acesa produzindo aquele calorzinho no peito que conforta e anima.
E é nas pessoas, nas coisas, nos animais e nos locais mais improváveis que encontramos alimento.
Tempos que ciclicamente se repetem e retornam ensombrando os sonhos e tornando adiados os desejos.
Tempos em que os pés se afundam no cinzentismo em que caminham, em que os ombros descaem, a voz emudece e a vontade se desmorona.
Tempos de olhares fugitivos e evasivos, escondendo o quebranto do medo ou derrota ou resistindo resguardando-se em territórios inacessíveis de dentro.
Tempos em que os cantos não procuram coro e as almas não esperam eco, pois impera a lei da sobrevivência de multidões frenéticas de seres sozinhos.
Tempos em que mingua a dimensão colectiva perante o avanço dos detentores dos poderes quais pastores com seus cajados apascentando rebanhos que pretendem dóceis.
Tempos em que se calam, à superfície, as flautas e violinos trocados pelo som das trombetas dos caçadores de almas e destinos.
Tempos em que a vida assume uma dimensão opressiva e um peso quase insuportável a quem nasceu para, e pretende voar.
Tempos em que, apesar de tudo e não obstante, naqueles que ainda estão vivos, não se resignaram completamente e anseiam, algo se eleva e procura uma saída, um espaço de evasão, prosseguir o caminho.
Esses, nós, continuam a procurar a acendalha para que a combustão se não apague e a fogueira continue acesa produzindo aquele calorzinho no peito que conforta e anima.
E é nas pessoas, nas coisas, nos animais e nos locais mais improváveis que encontramos alimento.
Num olhar de quem passa, no sorriso de uma criança, nas mãos enrugadas de um velho, nas páginas de um livro, num recorte de jornal, num trecho musical, na visão fugaz de uma paisagem, numa imagem projectada, registada, …
São múltiplos e variados os escolhos que procuramos tornear mas, nunca se acabam os caminhos da vida.
Sei do que falo. Falo de uma simples (?) foto captada por um amigo que, decerto sem grandes preciosismos, registou em dado momento um naco de mundo, fixando um instante eterno na efemeridade da vida.
Olhando-a impôs-se-me, por uma segunda vez, a expressão-síntese-metáfora numa alquimia instantânea de emoções – INFINITO AZUL DO FUTURO AGORA.
São múltiplos e variados os escolhos que procuramos tornear mas, nunca se acabam os caminhos da vida.
Sei do que falo. Falo de uma simples (?) foto captada por um amigo que, decerto sem grandes preciosismos, registou em dado momento um naco de mundo, fixando um instante eterno na efemeridade da vida.
Olhando-a impôs-se-me, por uma segunda vez, a expressão-síntese-metáfora numa alquimia instantânea de emoções – INFINITO AZUL DO FUTURO AGORA.
(Fotografia de Joaquim Raminhos)
Surgiu-me na ideia-flash, pura emoção sem qualquer elaboração mental e afirmou-se como uma clareira de evasão.
É uma foto maravilhosa.
Tem sombras negras num rendilhado de teia como tantas vezes sentimos na vida mas, por detrás, mais acima, surge a Lua num tremeluzir de vela feita farol, iluminando o caminho para uma navegação segura no imenso espaço azul.
Um azul compacto, uniforme e sem fracturas.
Infinito Azul do Futuro Agora.
A alma voou.
“O meu mundo não é deste reino”.
Será isso que tudo isto quer dizer ?
Recompõe-se a orquestra da vida. Ouvem-se em fundo os violinos.
MJ, março 2010.
É uma foto maravilhosa.
Tem sombras negras num rendilhado de teia como tantas vezes sentimos na vida mas, por detrás, mais acima, surge a Lua num tremeluzir de vela feita farol, iluminando o caminho para uma navegação segura no imenso espaço azul.
Um azul compacto, uniforme e sem fracturas.
Infinito Azul do Futuro Agora.
A alma voou.
“O meu mundo não é deste reino”.
Será isso que tudo isto quer dizer ?
Recompõe-se a orquestra da vida. Ouvem-se em fundo os violinos.
MJ, março 2010.
4 comentários:
"O Voo da Garça
(...)
o voo é largo
é longa a rota
quando é amargo um beijo adoça
e um abraço reconforta
descemos sempre à nossa porta."
(ouvi dizer no último cd do Represas)
Recompõe-se a orquestra da vida. Ouvem-se em fundo os violinos.
...E o piano...
Com este tema, as notas musicais contidas nas palavras soam sempre bem!
Posso ouvir outros temas deste album sem as tuas palavras? E ler outros textos sem a música?
:)
Abraço,
António
Se a foto estimulou o voo, a música permitiu-lhe uma maior amplitude.
O atrito ficou menor logo, o voo mais leve.
Abraços.
MJ
Orquestas e violinos limpam sempre a alma até ás entranhas, quanto melhor é musica maior é o salto para tudo o que voa, deixando uma especial mensagem a quem um simples piano revela tudo sobre o mundo.
parabens amigo croca
Abraço
Diogo
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