quinta-feira, 9 de abril de 2015

Apontamentos Políticos


(Fonte da Imagem: Wikipédia, autor desonhecido)


 A Idade Moderna: O Renascimento

A partir do século XVI abre-se um novo período na história do pensamento europeu que vai corresponder ao desenvolvimento de um novo paradigma político. Se até aqui as ideias dominantes se subordinavam, em larga medida, a uma lógica religiosa católica, um conjunto de novos acontecimentos vão impor uma lógica de pensar mais assente na razão, diretamente ligada aos avanços que o pensamento científico vai conhecer. Doravante, uma tensão constante entre religião e ciência, com um domínio crescente desta, vai marcar o domínio na explicação da realidade para os próximos séculos.

Os acontecimentos mais importantes que assinalam esta significativa rutura paradigmática são os seguintes: Renascimento, centralização do poder, Reforma, Descobrimentos e Contra-Reforma.

O Renascimento marca um retorno (um renascer) à Antiguidade Clássica, à filosofia grega, interrompendo o domínio exclusivo da lógica católica que, como vimos, se desenvolveu durante toda a Idade Média. Uma nova teoria que substituiu a terra pelo sol quanto à centralidade que ocupavam na organização planetária, designada por heliocentrismo, proposta avançada por Copérnico e solidificada, entre outros, por Galileu, vem destronar a lógica geocêntrica ptolomaica que afirmava o planeta terra como o centro do universo, à volta da qual todos os planetas giravam, inclusive o sol.
O heliocentrismo costuma ser o acontecimento por excelência que mais marca o início do Renascimento, mas a par dele existem muitas outras descobertas científicas e filosóficas igualmente importantes, como será o caso, por exemplo, da sistematização do método experimental feita por Déscartes que vem abrir portas a uma lógica científica que urge.

A centralização do poder político exprime-se na formação das grandes monarquias europeias, tal como ocorreram em Inglaterra, França e Espanha. Tempos em que imperam políticas de absolutismo real, em que um só, rodeado do seu séquito, centra unilateralmente em si o poder da decisão política.

A Reforma que constitui um movimento de protesto religioso que nasce no interior da própria Igreja e vem criticar alguns dogmas católicos que careciam de sustentação. Este acontecimento centrado na Alemanha, liderado por Martinho Lutero, em 1517, e que depois se vai impor, sobretudo, nos países do norte da Europa, vai quebrar a unidade religiosa que até então vinha a caracterizar a parte ocidental do continente, cindindo daí para a frente ainda mais a Igreja, em católicos e protestantes. Os ortodoxos e os anglicanos são as outras grandes religiões cristãs que se constituíram em rutura com a Igreja Católica.
Em reação à forte dimensão que os Protestantes vão adquirir, por um lado, e aos avanços da ciência, por outro, vai-se criar um movimento jesuíta que tenta proteger a Igreja do seu enfraquecimento crescente que se designa por Contra-Reforma.

Por fim, assinale-se a importância que os Descobrimentos portugueses e espanhóis tiveram neste período com as grandes viagens ultramarinas, quer no que diz respeito ao grande incremento das trocas comerciais, que trouxeram novas possibilidades ao mundo, quer no levar do monoteísmo cristão ao mundo e nas crenças da Jerusalém Celeste, que nas palavras de Luís de Camões podemos traduzir pelo seu Canto sobre a “Ilha dos Amores”.

Em suma, podemos dizer que o início da Idade Moderna caracteriza-se, por um lado, por um renascer das ciências gregas entre uma lógica católica que dominava e, por outro, por uma doutrina monoteísta cristã levada ao mundo por portugueses e espanhóis que se continua a afirmar.

Luís Santos

Nota: A segunda imagem, um dos símbolos do Renascimento, "O homem vitruviano", é da autoria de Leonardo Da Vinci.

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