OBRIGADO POR ESTES ANOS
Na passada sexta-feira foi a greve da função pública.
Esta manhã paralisou a Carris e à tarde foi a algazarra dos estudantes.
As prestações económicas falam de um crescimento negativo e de uma diminuição do PIB.
E o problema é que o país, em termos de captação de investimento estrangeiro, perde para certas regiões de Espanha e alguns dos novos parceiros da Europa central.
E alegremente, aí vem o Euro 2004 como o grande desígnio nacional para o próximo ano.
Avisadamente o governo português votou favoravelmente a autorização para que a Alemanha e a França transponham a barreira dos três por cento no défice público imposta pelo pacto de estabilidade na zona euro.
A verdade é que desta forma será muito difícil que alguém aprove uma sanção a uma futura derrapagem da nossa economia.
E Durão Barroso sabe bem o que aconteceu a Cavaco Silva.
Ora com a malta da bola a pôr e a dispor do bolo público por causa do torneio que projectará Portugal até à Estação Espacial Internacional, muito dificilmente o festim deixará o orçamento respirar no próximo ano.
Salva-se pois esta prudência.
Mas podemos registar um verdadeiro bom exemplo.
Um acordo entre os trabalhadores e a administração, na Auto-Europa, conseguiu evitar um despedimento de oitocentos funcionários da empresa.
Só é pena que sejam apenas estes os oásis de que somos capazes.
A Matilde teve uma folga inesperada. A Professora faltou.
Que rica manhã de brincadeira que, pelo testemunho da hora do almoço, continuou pela tarde fora.
E por iniciativa da Margarida fomos jantar fora.
O pai e a mãe fazem dezanove anos de casados.
Obviamente paguei eu, mas o calor que senti à volta daquela mesa foi aquele que um dia voltarei a sentir quando o piolhito puder levar o convite até ao fim.
É claro que a mãe lontra estava tão feliz como eu.
As eleições na Geórgia repetir-se-ão no início de Janeiro.
O pavimento cedeu e repentinamente abriu-se uma cratera que engoliu um autocarro.
Outrora passou ali uma ribeira.
Palavras para quê,
é uma estrada portuguesa com certeza
é com certeza uma estrada portuguesa
mais exactamente em Campolide.
Sempre com raciocínios brilhantes, o Professor Vital Moreira diz-nos que os atentados que se têm verificado no Iraque, contra as forças de ocupação, são o melhor testemunho da resistência daquele povo. Depois acrescenta que a invasão falhou pois veio a dar força ao terrorismo internacional que agora faz daquele país o seu campo de batalha.
Em que ficamos?
Tal como ele escreve, talvez fosse preferível a segurança da ditadura. (1)
Há queda de neve nas zonas mais elevadas da Serra da Estrela.
Alhos Vedros
25/11/2003
NOTA
(1) Vital Moreira, PERSISTIR NO ERRO, p. 8
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Vital Moreira, PERSISTIR NO ERRO, In “Público”, nº. 4996, de 25/11/2003
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