terça-feira, 23 de agosto de 2016

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

ESTÁ MELHOR, SENHORA PROFESSORA?

Livros Escolares da Margarida, II 

O livro de Língua Portuguesa para o quarto ano; Pirilampo 4, de Noémia Torres, em primeira tiragem da segunda edição, da responsabilidade das Edições Nova Gaia e editado em dois mil e três. 



Lá andam as reacções aos impostos à flor da pele. 
Marcha lenta dos taxistas que pretendiam ser recebidos pela ministra das finanças. Está em causa o Pagamento Especial por Conta – um imposto adiantado que o actual governo se viu forçado a cobrar em alternativa à incapacidade de reformar a política fiscal – que os empresários do sector recusam-se a pagar. 

Complexo problema que toca na vertente da corrupção que viabiliza que empresas rentáveis evitem as tributações, mas também na inoperância dos meios e, sobretudo, na falta de coragem política para dar um combate eficaz à evasão e conseguir a organização adequada a pôr cobro à injustiça em curso, visível no facto de os trabalhadores por conta de outrem suportarem a maior fatia do bolo que o estado arrecada com os impostos. 

Is there anybody out there? 
Os mesmos de sempre o que significa que o Zé Povinho continuará a pagar e alguém a rir. 



“-Ó pai! Tens que ir pelo outro lado.” –Disse-me ontem, a Matilde, à saída do restaurante. 
“-Então porquê, pardalito?” –Perguntei sem que ainda tivesse atentado na direcção a tomar. 
“-Está ali um sinal a proibir.” 

Uau! Toda a família aplaudiu a Matilde. 
No caso deste meu anjo, a sessão de prevenção rodoviária foi bem aproveitada. 



Dada a falta de luz, hoje não houve a costumeira aula de ginástica das quartas-feiras. 



E a manhã, com a Professora toda entufada por roupa, foi dedicada a exercícios com os números aprendidos até ao momento. 
“-Hoje fizemos contas.” –Disse a pardaloca com rosto alegre, mal chegou junto de mim. 
Dois coelhinhos mais três coelhinhos são cinco coelhinhos. 



Oxalá os moderados ganhem as eleições na Irlanda do Norte. 
O Ulster precisa de paz. 


Já que dos Balcãs sopram ventos agoirentos. 
O partido de Franco Tujman, o ex-Presidente falecido há dois anos que liderou a independência e a frente croata da guerra civil, de há uma década, com os servo-croatas, voltou a ganhar as eleições. 
O actual líder apressou-se a negar o nacionalismo, mas a linha dura continua lá, provavelmente tão sectária e xenófoba como o mostrou ser nos difíceis tempos em que a cidade histórica de Mostar foi bombardeada. 
Para já, os observadores internacionais não acreditam no ressurgir dos fantasmas e da violência. 
Mas na vizinha Sérvia foi a extrema-direita que venceu o escrutínio eleitoral. 



Dia de chuva e de ventania fria. 

E eu, enfartado como andei naturalmente por causa da jantarada de ontem à noite. 
Por estes pequenos pormenores lá nos vamos dando conta dos anos que passam. 


 Alhos Vedros 
  26/11/2003

Sem comentários: