A PLACA DA VISITA
Fim-de-semana de passeio; encontrámo-nos com a Fátima, o Quim e o pequeno Daniel em Coimbra, onde dormimos ontem.
Foi a prenda da madrinha para a afilhada, embora todos tenhamos gostado dos momentos que passámos juntos.
É uma pena a cidade estar tão mal tratadinha.
Fachadas cansadas de velhice e mamarrachos estragando a harmonia do branco casario que em meia-lua desce para o rio pela colina cumeada pelo complexo universitário e que a memória da minha infância guarda com o amarelo dos tróleis e dos eléctricos a realçar a bonita praça de entrada que fazia da então terceira cidade do país um modelo de urbe personalizada.
E não deixa de ser triste que um burgo com tanta história tenha para oferecer ao visitante o Portugal dos Pequeninos e uma ou outra Igreja.
Mas o ridículo não omitiu a presença.
Num dos cantos do jardim infantil que separa a área das miniaturas arquitectónicas do novo pavilhão que acolhe uma exposição permanente de relógios de Sol, um modernismo de betão enquadrado num espaço que parece directamente saído de um estaleiro de obras, num dos vértices do quadrado onde os miúdos dispõem de baloiços e escorregas, lá está uma placa assinalando a visita do ministro Marçal Grilo em mil novecentos noventa e nove.
Salvou-se a visita a Conímbriga, esta manhã, em que nos deparámos com um local arqueológico devidamente ordenado para merecer o interesse de uma caminhada e a atenção de quem procure documentar-se sobre o passado romano desta parcela ocidental da Península Ibérica. (1)
Já a Figueira da Foz com uma longa marginal pintada de fresco, tem o lixo debaixo do tapete, o mesmo é dizer que os quarteirões de trás repetem o que se disse para a capital do distrito.
E de Montemor-o-Velho, onde almoçamos e visitámos o castelo, fica a curiosidade de lá voltar.
As minhas filhas andaram encantadas por brincarem com o primo Daniel e no regresso, tal não foi o cansaço, dormiram durante toda a viagem.
E a máxima do dia vai para a Luísa.
Quando acabar o valor do trabalho numa sociedade, acaba tudo.
E como já vem sendo habitual, a sexta-feira passada foi preenchida pelas lições de patinagem e de música. Com a Professora, a sós, os alunos passaram o tempo suficiente para receberem exercícios de trabalho para casa que a Matilde resolveu logo nessa tarde.
Os campos enchem-se de cores mesclando o verde que as chuvas deixaram mais forte.
E a planície do Mondego, cheia de espelhos de água com reflexos das árvores e das nuvens.
Há cegonhas planando sobre o castelo de Montemor.
Alhos Vedros
08/02/2004
NOTA
(1) Correia, Virgílio Hipólito, CONIMBRIGA GUIA DAS RUÍNAS
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Correia, Virgílio Hipólito, CONIMBRIGA GUIA DAS RUÍNAS, Instituto Português dos Museus/Edições ASA (1ª. Edição), Porto 2003
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