terça-feira, 12 de setembro de 2017

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A FOLGA INESPERADA

Inesperadamente, a Matilde teve hoje um dia em cheio. 
Perante a falta da Professora lá deve ter convencido a mãe e em vez de regressar a casa, seguiu para Lisboa que o bom que tem este marasmo em que se vive são estas pequenas ternuras de poder levar um filho para o local de trabalho. 
Mas não chateou quem quer que fosse, disse a progenitora. 
Esteve sempre entretida com desenhos e pinturas e, estando o terreno livre, com jogos de computador também. 

“-Margarida! Hoje, eu e a mãe almoçamos pizza.” 

E também assim se faz a felicidade de uma família. 



Lá anda outra vez a educação sexual como se fosse a falta de uma disciplina com tal objecto a principal lacuna do ensino. 



E a desorientação em torno deste caso da pedofilia continua. 

Nos Açores já se fizeram as audições para memória futura. 
A diferença é manifesta. Lá, os arguidos não têm dinheiro para tirarem partido das garantias que os buracos na lei conferem se formos capazes de pagar os custos dos muitos requerimentos e esclarecimentos e impedimentos possíveis e que têm e muitas vezes conseguem a finalidade de protelar, protelar até que a justiça se apague e as vítimas se cansem. 

É uma vergonha o que se passa e o que tudo isto deixa a nu. 
A defesa de Carlos Cruz está de cabeça perdida e parece querer descontrolar-se na política do vale tudo. 
Os dois advogados que na semana passada, numa táctica digna daqueles compradores de feira que fazem da manha moeda para comprar o burro, fartaram-se de elogiar o Juiz de Instrução como estando a ter uma conduta de grande abertura e imparcialidade, acusam-no agora de ser injusto e cruel. E um daqueles causídicos propôs-se mesmo a solicitar autorização à ordem dos advogados para divulgar na praça pública as suas alegações e o acórdão do Juiz. 
O estado de direito, para esta gente, não passa de uma figura de retórica. 

Tem-se falado muito de uma república de juízes. 
Pois eu digo que é antes de temer uma república de advogados que é o que toda esta palhaçada deixa bem claro. 

A legislação portuguesa tem nuances e regulamenta procedimentos por onde os mais poderosos podem escapar às teias da justiça. 



Dia nevoento, excelente inimigo de um corpo castigado pela festa do fim-de-semana. 
Salva-nos uma alma que voa alto. 


 Alhos Vedros 
  09/02/2004

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