por Risoleta Pinto Pedro
Refiro-me aos abusos sofridos pelos animais. E à hipocrisia humana.
Todos conhecem as campanhas publicitárias da Benetton: chocantes, lúcidas, denunciadoras.
Poderia ser assim a próxima campanha:
A cena passa-se na Austrália. A lã é retirada às ovelhas pelo seguinte e ultra-moderno processo: arranca-se a lã aos animais juntamente com a pele (por esfolamento) a que vêm agarrados pedaços de carne. Os animais ali ficam em agonia até acabarem por ser mortos. O que é uma sorte. Esta lã é excelente, o processo é rápido e barato. Só vantagens.
Não sei se os cartazes indicarão que essa lã é adquirida pela Benetton para fabrico dos seus produtos.
Em 2005, num mundo dito civilizado. Não é no Iraque nem num sítio desses moralmente desvalorizado.
E continuamos sentados nas nossas cadeiras giratórias. Giram tanto, as nossas cadeiras, dão-nos uma visão tão ampla que deixamos de ver. E de saber. E de querer saber. É como se não víssemos nada. E a carne de ovelha dá um excelente ensopado. Com banda sonora: os fracos balidos dos animais torturados. Para quem desejar. Confortavelmente, elegantemente vestido com as cores da Benetton.
Será a mais chocante campanha publicitária de sempre. Ou talvez não. A crueldade começa a ser banal.
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