sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Um Poema, Manuel (D'Angola) de Sousa


“De Dedo Universalmente Apontado À Ponta Divina Do Nariz Celestial”

Nem rabos de palha ou de lobo deixo de fora
Exponho tao somente o nariz pontiagudo
Há quem o veja discretamente com binóculos
Retiro-o às pressas das vistas curiosas malignas
Escondo-o no resto da cor camuflada da cara

Dedico-me a cultivar plantas de edifícios
Construo sem mexer na massa ou na colher
Vejo pelos desejos as paredes crescerem
Semeio o futuro projectando a realidade
Busco no sonho e no pensamento o advir

Nado quase ansioso num marasmo sem ondas
Fujo dos conflitos de olhos e faces assombradas
Rumo a oriente esperançado com os raios-de-sol
Exponho-me à radiância atómica dos prismas
Deito-me nu nas encostas piramidais enérgicas

Alimento-me de comida feita de palavras
Colho por vezes escolhos de tempestades
Protejo-me de iras más com chapéu-de-chuva
Recolho os pés para não ser picado nos dedos
Mordo tudo o que me aparece no prato

Desloco as retinas e as iris para o centro do olho
Desvio-me com céleres reflexos de maus-olhados
Junto-me ao conjunto de vozes que canta à glória
Sorvo o sal e a pimenta dos condimentos extras
Sopro os venenos fatais em pó para longe dali…

Destaco-me do resto com um único dedo no ar apontado ao centro do Universo…

Escrito em Luanda, Angola, a 4 de Setembro de 2017, por Manuel (D’Angola) de Sousa, em Alusão aos Dia Mundial da Saúde Sexual e ao importantíssimo Dia da Lei Eusébio de Queirós, proibindo o Tráfego de Escravos (1850), e ainda, em termos religiosos, Dia de Moisés, Profeta Bíblico do Antigo Testamento e Líder da Libertação do Povo Hebraico da Escravatura do Egipto…

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