quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Manuel (D'Angola) de Sousa: Poemas


1.

“De Fome Ôca E Sem Quaisquer Factores Lógicos Ou Sonoros Sempre A Subir Ao Nadir”

Alimento-me rápido da acelerada vibração primaveril do início
Giro à volta do meu próprio eixo centralizado de rotação
Gravito em autêntica apoteose preso à forca da gravidade
Colo a cabeça a um monte de entulho de desperdício nuclear
Dou comigo a praticar uma exótica dança atómica particular
Respiro com dificuldade para dentro e para fora duma garrafa

Faço bolinhas de sabão com o oxigénio contido numa botija
Enervo-me tanto que dou comigo a arrancar ervas daninhas
Oculto-me atrás de recônditos cantos obscurecidos pela ignorância
Rebento com a correnteza forte com uma simulada granada de imitação
Visto a pele nua sem quaisquer ossos animais ou espinhas adicionais
Agrego valor numa pilha bem grande a perder de vista de lixo

Entro no processo colectivo do linchamento de ratos e baratas
Alio-me vorazmente à brigada de extermínio de pestes e pragas
Desalmo-me ainda mais quando estou deveras desalmado e sem jeito
Espremo borbulhas de gasosa à mão com as pontas dos dedos trémulos
Estendo a rede de comunicações para além do alcance da maldade
Protejo inocentes e os ingénuos como um ponto crucial assente

Sento-me na berma do declive ingreme duma pirâmide a vêr o pôr-do-sol
Arquejo com o pêso da humildade modesta que quase fico marreco
Subo com corda ao topo dum cume de formato totalmente cónico
Encontro-me na rota de colisão com um cómico que me desinforma
Faço-me quieto para não ser visualizado pelos julgadores caluniosos
Desvio atenções para os telhados de manjedouras ocultos a bocas abertas…

Mato a fome com a projecção de pensamentos abstractos e subjectivamente ôcos…

Escrito em Luanda, Angola, a 26 de Agosto de 2018, por Manuel (D’Angola) de Sousa, em Alusão à necessidade de todos nos primarmos por comportamentos e atitudes transparente e de extremas sinceridade, honestidade ética, responsabilidade e elevado grau de consciência, em nossa relação diária com o Mundo e com as Sociedades Civis onde nos inserimos…

Ainda, em sincera e sentida Homenagem ao ora malogrado Senador John McCain, sobretudo, por ter sido um exemplo de Homem Defensor honesto e afincado de seu Povo Norte-Americano e das Políticas mais correctas, justas e maior interesse para o seu País, independentemente de ter sido um dos actuais grandes Líderes do Partido Republicano Norte-Americano…   


2.

“Viro A Página Final Com Um Fenomenal Pulo Para Cima E Para Baixo Num Colchão De Molas”

Pulo para baixo e para cima na vida num colchão de molas
Corro contra o tempo pulando as intemporais barreiras temporais
Estraçalho a matéria carnal que me cobre e dispo-me eventualmente

A meio de imenso estardalhaço travo o caos com o sinal da mão
Varro tudo em um instante diminuto para debaixo do tapete da sala
Cubro o resto a cochichar sobre os restantes factos e provas incomprovadas

Abro a mente de lés-a-lés e de viés ao final de cada início de manhã
Comove-me ficar o dia inteiro à janela com ela aberta para a eternidade
Por muito que concentre a vista interior em visualizações continuo meio vesgo

Dou com a cabeça num poste para tentar acender lá dentro a luz
Fico apagado num quase total e longo apagão por noites repetidas a fio
Mesmo cortando com uma tesoura afiada a fita das inaugurações sinto-me cego

Mergulho na fonte tida como aquela original de muitos desgostos
Bebo água fresca dôce e entorno metade do copo de cristal raro em cima
Molho o cabelo com o recém-novo penteado feito num dispendioso cabeleireiro

Viro a página dos paradoxos e dos termos contraditórios e fecho o livro
Desligo a ficha com a maior rapidez possível para não ser impedido por nada
Encerro o capítulo usando em parte algo imperceptível do genuíno verbo sagrado

Apago toda a possível sinalética diabólica do pensamento simbolizante
Rasgo as vestes de quem as deixou penduradas no meu caminho para a iluminação
Pinto o arco-íris do amor e da paz em meu peito aberto e nas bandeiras que transporto…

Ultrapasso entraves tidos como intransponíveis andando como um andarilho sobre pernas-de-pau…

Escrito em Luanda, Angola, por Manuel (D’Angola) de Sousa, a 25 de Agosto de 2018, em Alusão e a favor das tradições populares, mas, simplesmente por altura de festas de teor e prática folclórica, evitando exageros que impeçam a mudança de paradigmas conservadores e a adaptação a novos e modernos métodos, sistemas, filosofias e tecnologias, para permitir a fluidez constante da evolução e modernidade da cultura social, em geral…

terça-feira, 28 de agosto de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Repetição do dia anterior; obras e barulhos e letras adiadas. 



Na escola, os alunos voltaram a fazer exercícios e fichas sobre a nova palavra aprendida. 



Depois do jantar, as irmãs e a amiga Beatriz estiveram a fazer recortes para um trabalho extra-curricular sobre o ambiente. 


É uma alegria verificar que os meus amores sabem escolher as figuras adequadas à mensagem que pretendem transmitir. 

A Margarida já elabora textos com toda a clareza e precisão quanto às ideias utilizadas. E a Matilde escreveu uma frase completa sobre a necessidade de não fazer lixo nas ruas. 


Encantos de serão. 


Alhos Vedros 
  28/04/2004

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (318)


Talking Picture, Man Ray, 1957, Museu Berardo
Técnica: Óleo, altifalante e utensílio de cozinha, em cartão prensado 
com radio Optalix
Dimensões 75.5 x 112.4 x 17.5 cm


Man Ray, nasceu a 27 de Agosto de 1890, em Filadélfia, Pensilvânia, EUA e faleceu a 18 de Novembro de 1976, em Paris, França.
Foi pintor e fotógrafo e um dos nomes mais importantes do movimento da década de 1920, responsável por inovações artísticas na fotografia.

Reconhecido como um cineasta anarquista norte-americano, foi proeminente figura na pintura, corrente do dadaísmo em Nova York e, mais tarde, do surrealismo em Paris.

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 25 de agosto de 2018

Notícias de Alhos Vedros


Luís Santos


Já foi inaugurado o Espaço FAVO – Fábrica de Artes Visuais e Ofícios, com o objetivo de revitalizar o edifício do Mercado Municipal de Alhos Vedros e destinado a ser utilizado pelo Movimento Associativo em eventos relacionados com artes e ofícios.

O Presidente da Câmara Municipal, Rui Garcia, anunciou também que o executivo irá recuperar o "Palacete" que se situa no Cais Velho, um espaço contíguo ao Moinho de Maré, lugar de relevo da história local. Esta iniciativa, a concretizar-se, certamente que será merecedora de elevado apreço por toda a população, pelas imensas possibilidades e significativa dignidade que trará aquele lugar. Creio que estamos todos disponíveis e desejosos para meter mãos à obra.

 Parque das Salinas Alhos. Quando aquela árvore, belíssima de se ver, posava para a fotografia, eis que, sem querer, o Carlitos Poeta irrompe telemóvel adentro. Sobre a árvore que não sabemos o nome (sabem?) está adornada com aquelas gaitinhas que recolhiamos nos muros dos baldios e soavam como trompetes. Sobre o Carlitos, pessoa simples e humilde, poeta, do alto da sua eterna alma de criança, deixamos um excerto de poema seu à árvore que reza assim:

No jardim de Alhos Vedros
por este mundo a passear
uma árvore que é tão linda

E não digam que não
a este mundo do coração
que sem ela não há vida

Neste país de Portugal
neste mundo a passear
que sem ela não há vida

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Las Tres Carabelas



Las Tres Carabelas

by Kity Amaral

Um navegante atrevido
Saiu de Palos um dia
Vinha com três caravelas
A Pinta, a Nina e a Santa Maria

Técnica Mista
12X12cm
2018





terça-feira, 21 de agosto de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Dias de sobressalto. As obras são inimigas deste diário. 



Ontem os alunos trabalharam novamente com números e as somas e as subtracções. 
Hoje aprenderam a palavra gema a respeito da qual fizeram os exercícios e o trabalho de casa. 



Fortes combates desenrolam-se em Falujah, cidade do triângulo sunita que há três semanas está sob o controle de acólitos do Partido Baas que ali lutam pelo regresso da antiga ordem. As tropas americanas fizeram um ultimato para que os rebeldes depusessem as armas, coisa que não fizeram. 
E a batalha voltou com força àquela cidade com perto de trezentos mil habitantes. 

Enquanto isso vamos vendo e ouvindo o inconcebível. 
Os terroristas que mantêm presos três reféns italianos ameaçam liquidá-los caso os seus compatriotas não se manifestem contra a presença das suas tropas no Iraque. 

O dilema não poderia ser mais doloroso. Mas não deixa de ser verdade que a cedência a esta chantagem abrirá a porta para ousadias mais mortíferas. 



A temperatura tem estado muito agradável, permitindo a leveza das roupas e o encanto dos fins de tarde sob o som e os rodopios dos pássaros. 


Alhos Vedros 
  27/04/2004

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (317)

A Ponte de Europa, Gustave Caillebotte, 1876
Óleo sobre Tela, 124,7 x 180,6 cm 


Gustave Caillebotte nasceu em Paris a 19 de Agosto de 1848 e morreu a 21 de Fevereiro de 1894, em Gennevilliers, França.
Nascido no seio de uma família abastada graças ao fabrico de artigos para o exército, recebeu uma educação privilegiada e nada fazia indicar as inclinações artísticas que viria a revelar.
A preparação da sua licenciatura em Direito despoletou nele um espírito progressista, que talvez seja a explicação para a simpatia com que encarava o impressionismo que, como se sabe, estava em conflito aberto com o imobilismo artístico da época.

Ocupa um lugar de honra entre os pintores impressionistas.

Selecção de António Tapadinhas

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Akhenaton Faraó Místico


por Walter Barbosa de Oliveira


Amenhotep IV (Akhenaton - 1378-1350 a.C.) viveu no século XIV a.C., e reinava com o nome de Amenhotep IV, posteriormente mudou seu nome para Akhenaton ou Akhnaton. O monoteísmo era subjacente no Egito antes do reinado deste Faraó e ele adorava a energia irradiante e intangível que está no Disco Solar, que chamava de Aton.

Os historiadores por muito tempo situaram o Êxodo no reinado de Ramsés II, filho de Sethi I, isto é, entre 1298 e 1232 a.C., mas não têm nenhuma prova absoluta disto - cada vez mais autores põem essa data em dúvida, alguns indo a ponto de dizer que esse evento relatado na Bíblia teve lugar em vez disso na época de Akhenaton, como consta na Tradição Rosacruz - Sigmund Freud, em O Homem Moisés e o Monoteísmo, declaram: “Devemos escolher como data do Êxodo o período do interregno que se situa após 1350”.

Outros fatos desconcertantes: Seria Moisés egípcio? Observemos que o nome hebraico de Moisés é “Moshe”, composto das letras Mem, Shin e He, Este nome pode ser lido como “Mose”, vocábulo egípcio que significa “nascido de...” ou “filho de”, donde os nomes Thoutmose / Thoumosis, Ramose, Amose / Amosis... A Tradição Rosacruz relata que Moisés foi encarregado por Akhenaton de guiar o povo hebreu até Canaã e lhe inculcar durante esse périplo a crença num Deus Único. A Bíblia (Deuteronômio) indica que Moisés faleceu com 120 anos após ter passado 40 anos no deserto, pode-se deduzir que ele teria partido do Egito aos 80 anos.

Para que ele tivesse conhecido Akhenaton, teria sido necessário que essa partida tivesse ocorrido por volta de 1295, o que é perfeitamente possível. Por outro lado, a Bíblia nos indica que Moisés (Moshe) significa “Tirado das águas”. Se for de fato a filha do Faraó que lhe deu este nome, isto quer dizer que ela conhecia o hebraico, o que é pouco provável... Nesta linha de pensamento, o Livro do Êxodo indica que Moisés era um mau orador (“Minha boca é inábil e minha língua pesada” - Ex. 4.10) e que Aarão falava por Moisés (“Aarão repetia o que Deus dizia a Moisés” - Ex. 4.30). Pode-se então pensar que Moisés era de fato egípcio e que ele não conhecia o hebreu, donde a necessidade de ele apelar para um intérprete: Aarão.

Vários testemunhos históricos confirmam as ligações entre Moisés e Aquenaton. Assim é que no tratado “Contra Ápion”, o historiador Flávio Josefo (século I d.C.) fala em Mâneto, sacerdote egípcio de Heliópolis (século III a.C.), que teria escrito uma “História do Egito” na qual cita certo Moisés, sacerdote egípcio iniciado a Fraternidade Secreta também chamada de a Grande Fraternidade Branca e que teria feito os hebreus saírem do Egito (Pelo menos até o tempo de Akhenaton, o símbolo definidor dessa Fraternidade era uma Cruz Rosada – A Fraternidade de Akhenaton fez da rosa vermelha na cruz dourada o seu principal símbolo).

No judaísmo, YHWH, o Tetragrama sagrado que representa o Nome de Deus, nunca é pronunciado pelos judeus. Ele é substituído pela palavra “Adonai”, cuja forma antiga era “Adon”. Ora, este termo é foneticamente muito próximo da palavra “Aton”.

Constatamos também que há estranhas semelhanças em certos textos. Na mitologia do deus Tot, associado à cidade de Achmounein, em frente à cidade de Aton, a criação do mundo é apresentada assim: “No começo havia um Caos confuso, primordial, do qual emergiu a Terra. Para esta Terra vieram grandes Veneráveis: o oceano primordial, o infinito, as trevas, o mistério. Depois se deu o nascimento de um lótus iluminando o país com seus raios: Rê, o Sol. Dos amores de Rê nasceu um, íbis, Tot, que criou a vida”. Ora, está escrito no Gênesis: “No princípio, Deus criou o Céu e a Terra. A Terra era sem forma e vazia. Havia trevas sobre a face do abismo. O Espírito de Deus pairava por sobre as águas...”. No Hino a Aton, vemos: “... A Terra está em trevas e parece morta... todos os leões saem de suas covas... Depois Tu reapareces e a Terra se ilumina de novo... Os seres humanos despertam e se põem de pé... Os peixes, por sobre o rio, põem-se a saltar para a Tua face... Tu criaste a Terra, bem como os seres humanos, as manadas e todos os animais selvagens, segundo o Teu coração quando estavas só,...”. No Salmo 104: “Trazes as trevas e é a noite... então os filhotes de leões rugem para suas presas... depois o sol se ergue e eles se retiram... O ser humano sai para sua tarefa, para seu trabalho até à noite... Eis o mar, grande e vasto em todos os sentidos; nele se movem inúmeros animais, pequenos e grandes... Que Tuas obras sejam numerosas! Fazes todas com sabedoria. A Terra está cheia de Tuas criaturas...”.

Todos temos de convir que há analogias entre estes dois textos. Os documentos que nos esclarecem sobre a vida deste faraó do Êxodo das tribos de Israel (18a Dinastia) podem ser divididos em três grupos: Os talatates, os afrescos e os escritos presentes nas tumbas: Eles dizem que Ele era filho de Amenhotep III e Tiy (parece que Ela era filha de um plebeu). A Tradição Rosacruz afirma que a rainha tinha passado dos trinta anos, e ainda não tinha herdeiro para o trono, suplicou a Aton, ou a Deus, durante 12 anos pelo nascimento de um filho varão para o Faraó do Egito e nove meses mais tarde ela trouxe ao mundo o jovem príncipe.

Amenhotep (Akhenaton) que nasceu no palácio real, em Tebas, no dia 24 de novembro de 1378 a.C. era de origem Ariana, como sua mãe.  Após seu nascimento, a criança confirmou sua preparação no seio da Fraternidade, onde foi recebida muito jovem e instruída nos mais altos Mistérios pelos maiores sábios da época. Aos 11 anos de idade (1367), foi coroado cor regente. Foi noivo de Nefertiti e fundador de uma grande escola de misticismo no Egito, se antecipando em séculos à evolução espiritual da humanidade, na sua vitoriosa luta contra as trevas, a ignorância e a superstição; ele foi o primeiro a declarar que havia "UM DEUS ÚNICO" e a revelar poderes latentes em todos os homens; sua carreira jamais foi superada por outro Faraó, e sua história é de particular interesse para diversas Ordens Esotéricas.

Quando atingiu a maioridade, no vigésimo oitavo ano do reinado de seu pai, respondia pelo nome de Amon-hotep (Amon está satisfeito), foi associado ao poder real por uma cor regência, por ocasião de um jubileu que marcava uma nova era para a soberania do Egito. Recebeu como epíteto, "Neferkheperourê" ("As transformações de Rá são perfeitas"), ao qual ele próprio associou o epíteto "Ouãenrê" ("O Único de Rá"), seguido dos qualificativos "Divino soberano de Tebas, aquele que vive muito tempo".

Nessa época, mudou seu nome para "Horus de ouro" para "Que aparece em cerimônia Sed". Tornou-se faraó reinando até 1350 a.C. (consideradas as discrepâncias entre vários calendários antigos); Foi coroado em Mênfis e não em Tebas e no ano VI de seu reinado resolveu instalar-se em Tel-el.Amarna, a fim de implantar sua reforma religiosa – como sabemos, foi Amenhotep IV (Akhenaton) quem rompeu com o politeísmo substituindo-o por Aton, o Deus único sem igual, Senhor da eternidade, simbolizado pelo disco solar com raios descendo para a Terra e mãos nas extremidades desses raios, que simbolizavam a força criativa do deus único incidindo sobre a Terra e implantou esse culto em substituição de todo o panteão tradicional egípcio - portanto, tornando-se o primeiro monoteísta da história.

Nesse sítio, foi contada uma seqüência de mil e seiscentos altares, Ao que se sabe, o templo, construído por Akhenaton tinha 210 metros de comprimento e 32 metros de largura.  A energia a que Akhenaton se referia, era de dupla polaridade; de um lado é “Chu”, a luz e o calor, e de outro, é “Maat”, a consciência universal, atributo da Alma Universal. Essa troca de grande profundidade é de grande importância para os rosacruzes, uma vez que em nossa concepção encontramos essas duas polaridades com os nomes de “Espírito” e “Força Vital”.

Em seu hino, Akhenaton qualifica Aton de “Pai-Mãe” da humanidade, o que era uma maneira alegórica de descrever a dupla natureza, positiva e negativa, do Deus Supremo simbolizado pelo disco-Aton. Essa qualificação emanava da Fraternidade Egípcia a qual pertencia. Mais tarde foi adotada pela extensão dessa fraternidade na Palestina, denominada “essênios”.

Durante o seu reinado houve uma revolução das artes, a pintura e a escultura, tratando-se de seres humanos, deixou de ser “estereotipada” ou estilizada. Houve um arredondamento e escorçamento das figuras para efeito de realismo, havia uma disposição de sacrificar uma parte do rosto ou da cabeça. Características físicas antiestéticas, como queixos ou abdomens salientes, eram retratados fielmente. A noção anterior da simetria, ou equilíbrio foi mantida na composição.

Seu primeiro ato importante foi à construção de um templo dedicado a Aton, em Karnak, a leste do templo de Amon. Por ter permitido aos antigos escravos egípcios (Israelitas) sua partida para sua suposta terra prometida, os sacerdotes da Cidade de Amon (fundada por este faraó), sublevaram os generais contra Akhenaton, culpando-o, e aos israelitas, das calamidades que haviam se abatido sobre o Egito (Pragas do período mosaico, registradas na história bíblica). Os generais se revoltaram e o assassinaram poucos anos depois da construção do templo a Amon em Karnak.

Sua obra foi aparentemente extinta após sua morte, fazendo-a desaparecer nas névoas do tempo através da destruição de seu nome. Akhenaton nem sequer recebeu o privilégio de uma tumba; o local onde foi sepultado permanece desconhecido até hoje (apagar o nome de um homem morto, no Egito era priva-lo da vida póstuma, pois os egípcios antigos davam grande importância ao nome de um homem no seu túmulo. Esta é a razão mais provável para o nome de Akhenaton ter sido apagado da história do Egito). O comandante do exército egípcio assumiu então a Insígnia Real do assassinado e perseguiu os israelitas. Esse general, portanto, foi o homem que morreu no Mar Vermelho, à testa do exército egípcio (acontecimento comemorado com o nome de Pessa’h, festa que comemora ao mesmo tempo a saída do Egito e a travessia do Mar Vermelho (Ex. 13; 18)).

O aspecto original e fundamental de sua reforma reside no fato de que a Divindade não é mais representada por uma estátua, qualquer que seja sua forma. Para adorar o seu Deus, Ele não hesitou em romper com a concepção usual dos templos; o defunto não mais apelava a Osíris, deus dos mortos, para guiá-lo no além. Por todos os fatos relacionados acima, alguns egiptólogos, o acham, megalomaníaco, pois tinha a pretensão de ser o único que podia conhecer Deus. Veja alguns de seus comentários: no trecho bem conhecido do "Grande Hino a Aton", onde Akhenaton diz: “Estas no meu coração, exceto teu filho Neferkheperourê”. “Quando houveres recolhido as sementes (pois não te dou senão a semente de tua transformação pessoal) e houveres recolhido os grãos, retorna ao mundo e cumpre a tua missão até que a terra onde tenha germinado a semente floresça e produza para mim seus frutos. Consagra-te humilde e alegremente ao meu serviço, não há ação por modesta que seja que não te ligue a mim, pois obedecendo assim a lei, teu corpo chega a ser inseparável do meu. “Eu sou teu Pai e tu és meu filho, aquele que vive na Verdade”.

Foi casado com Nefertiti (A bela que veio de longe) filha de Ay, alto funcionário e irmão da rainha Tiy. Teve sete filhas com Nefertiti. Fundou uma grande escola de misticismo no Egito, se antecipando em séculos à evolução espiritual da humanidade, na sua vitoriosa luta contra as trevas, a ignorância e a superstição. Foi o primeiro a declarar que havia “Um deus único” e a revelar poderes latentes em todos os homens (muito embora não se possa contar muito com a exatidão de “suas” declarações. Em virtude do fator “tradução e interpretação”). Segundo essas interpretações, só o faraó conhecia os desígnios desse Deus que nem sequer era chamado de Netjer como outras divindades: “Estás no meu coração e ninguém Te conhece exceto Teu filho Nefer-Kheperou-Ra, pois Tu o tornaste sábio no conhecimento de Teus planos e do Teu poder”. Assim: Akhenaton (nome que adotou), era o único intermediário entre Deus e os seres humanos e era nessa qualidade que ele outorgava um ensinamento. Poder-se-ia dizer: “Não há outro Deus além de Aton e Akhenaton é o seu intermediário”.

Muito tempo depois, o islamismo adotou uma profissão de fé semelhante; a saber: “Não há outro Deus além de Alá; e Maomé é o seu profeta”. O próprio Cristo se expressou em termos quase idênticos: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. “Ninguém vai ao Pai senão por mim; Se me conheceis, conhecereis também ao meu Pai”.

Akhenaton marcou com sua efígie o Pensamento religioso e insuflou no mundo uma nova espiritualidade que inspirou o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Numa Estela de alicerce do templo de Akhenaton está escrito: ”Esta cidade, foi Aton quem a desejou e não um intermediário ou um senhor qualquer. Vede Sua Majestade a encontrou e ela não pertence nem a um deus nem a uma deusa; é um lugar virgem". As maiores autoridades no estudo do idioma egípcio discordam quanto à interpretação ou tradução precisa de algumas de suas declarações. Isto se deve a que não existe um dicionário perfeito do alfabeto egípcio – por exemplo, o alfabeto egípcio que foi entalhado em pedra não continha vogais.

A carreira deste Faraó, jamais foi superada por outro faraó, e sem dúvida alguma foi o mais célebre faraó da XVIII dinastia, embora não tenha sido um grande político, principalmente no plano exterior. Sua história é de particular interesse para a Ordem Rosacruz, que o celebra respeitosamente como grande mestre tradicional da fraternidade secreta do Egito, embora seus sucessores, sobretudo a partir de Ramsés II, tenham feito tudo para destruir sua memória.

Em 1892 foi descoberta em Tel-el-Amarna, no fundo de uma ravina tortuosa, a tumba que fora preparada para Akhenaton, e ate Fevereiro de 2010, não se sabia o destino de sua múmia. Este era um grande mistério egípcio. Após anos de realização de exames genéticos e tomografias de 16 múmias, obteve-se a mais contundente evidência de que a múmia KV55, achada no Vale dos Reis, é mesmo de Akhenaton. E os testes determinaram que KV55 é pai de Tutankhamon (segundo fontes científicas era filho de Akhenaton com uma irmã que era também sua amante) e filho de Amenófis III, uma estirpe que coincide com a de Akhenaton.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

What a Saturday! 

Finalmente começaram as obras de alvenaria para a incorporação do sótão no apartamento. Por causa disso, os últimos dias têm sido cheios por andares de cá para lá, telefonemas para este e aquele e o som das pancadas motorizadas do martelo eléctrico, tudo confluindo para que o tempo deste diário tenha ficado para trás. 
Mas é assim, não há alternativa e a remodelação é necessária. 



Hoje passam trinta anos sobre o dia em que o Estado Novo caiu. 

Apesar dos erros e dos excessos cometidos e dos danos provocados no tecido económico pelas nacionalizações, a verdade é que o país está melhor, mais desenvolvido; os portugueses vivem melhor, com mais qualidade de vida e mais poder para aceder aos bens de consumo do que antes da revolução de Abril. As liberdades, essas, foram as aquisições mais importantes. 

É claro que sempre é possível alegar que poderíamos estar mais próximos da desejável equidade com os países mais ricos da União Europeia, bem como podemos esticar o dedo a défices políticos e sociais que a nossa sociedade apresenta. 
Mas isso são culpas de outro rosário que não podemos atribuir aos intentos com que os militares justificaram o levantamento para a mudança de regime. 
A esses devemos estar eternamente gratos e ponderados os pratos da balança, ninguém com bom senso dirá que os perigos que naquele dia correram terão sido em vão; eu direi que valeu a pena. 

Diz-se agora que, em setenta e três, a economia estava em crescimento, o que era um facto e que, mais tarde ou mais cedo, a situação teria que evoluir no sentido de uma abertura democrática, o que nos teria poupado os desmandos do período revolucionário. Não entendo o que se possa querer concluir daqui; com efeito, estamos a falar da História que poderia ter sido o que não faz sentido algum. 
O que se passou foi que o marcelismo não foi capaz de resolver o problema colonial e por ser idiossincraticamente anti-democrático – e isso é claro, por exemplo, quer pela leitura da biografia do líder, o Professor Marcelo Caetano, (1) quer pelas cartas que o próprio trocou com Salazar (2) – nunca mostrou suficiente disponibilidade para liberalizar o sistema político, tanto no sentido da livre escolha eleitoral e do parlamentarismo, como no da afirmação e institucionalização do estado de direito. 
E quando o poder caiu, de imediato acabou por, em boa parte, cair na rua, pois não havia estruturas organizadas que, em tempo útil, fossem capazes de o substituir, garantindo a continuidade das instituições até que as paulatinas modificações ou pura e simplesmente supressões pudessem tomar efeito. 
A impreparação dos portugueses para a vida livre só pode ser atribuída ao salazarismo e foi ela a mãe de todos os desmandos que se seguiram à vitória do movimento dos capitães. 

Outra questão de lana caprina que tem ocupado os media nos últimos dias é a que se desenvolveu em torno de saber se Abril foi evolução ou revolução. Como se a PIDE tivesse evoluído… Ou, ao contrário, não tivéssemos chegado ao ponto de se falar na instauração do socialismo entre nós. (3) 
Enfim, malhas que a nossa intelligentzia tece. 



Dia solarengo e quente, de cantar o pintassilgo e o rouxinol. 
E a brisa, leve, fazendo com que as folhas brilhem na luz de uma tarde em que se comemora a alegria. 



Na quinta-feira os alunos continuaram os exercícios e as fichas em torno da nova palavra, a respeito da qual efectuaram trabalho de casa e no dia seguinte trabalharam com números e as já habituais contas de somar e subtrair; além disso e como é habitual, tiveram as aulas de música e educação moral religiosa. 



Cá pelo burgo é que nem por estarmos num aniversário com número certo, o trigésimo, quando os filhos de Abril já procriaram, nem por isso as comemorações gozaram de um toque que, por mínimo que o fosse, fizesse a diferença. 
Nem da parte da sociedade civil, nem por parte dos partidos, não houve qualquer iniciativa significativa para preservar a memória desse dia e dos que se lhe seguiram e da resistência aos que o antecederam, a esses tempos de chumbo e bico calado. 
E se o movimento operário, a luta anti-fascista e até a história do próprio Partido Comunista também passam por aqui. 
Infelizmente, assim se perdem oportunidades para fazer afirmar a democracia e aprofundar o nosso conhecimento, o nosso apego e o nosso empenho a seu respeito. 

Neste aspecto, demos os parabéns ao Executivo da Câmara Municipal do Porto que organizou uma série de conferências com personagens que estiveram no centro dos acontecimentos da revolução. Com toda a liberdade, ali estiveram, entre outros, Mário Soares, Lurdes Pintassilgo e Vasco Gonçalves que de sua justiça apresentaram os seus pontos de vista sobre aquele passado incontornável e também o presente da sociedade portuguesa. 
Quanto a mim e entre aquelas de que tive conhecimento como é óbvio, foi a melhor iniciativa para comemorar Abril e contribuir para que arbitrariedades e atrocidades do regime policial e totalitário a que pôs termo não se repitam. 



Há uma dança de andorinhas em frente da minha secretária. 



Pina Moura, ministro da economia ao tempo em que foi privatizada uma empresa do sector energético a favor de um grupo espanhol, foi empossado como líder representante desse mesmo grupo em Portugal. 

O descaramento desta rapaziada perdeu a noção dos limites. 



E ficou a saber-se que o Major Valentim Loureiro, os mais altos dirigentes do Gondomarense e do Conselho de Arbitragem, um funcionário deste organismo e uma mão cheia de árbitros, estão a ser investigados por casos de corrupção, para estes últimos, o mesmo se aplicando aos dirigentes e ao funcionário que acumulam falsificações de documentos e de corrupção passiva e tráfico de influências para o Presidente da Liga. A todos foi aberto processo que poderá ou não vir a ser arquivado. Mas, para já, todos saíram sob aplicação de medidas de coacção que implicam proibições de funções e de comunicação entre uns e outros e uma caução de duzentos e cinquenta mil euros para o Major. 

Eis pois o grande caso de corrupção no futebol português. 


Curiosamente, chovem os artigos de loas ao trabalho de Pinto da Costa no Futebol Clube do Porto só pelo simples facto de jornais falarem de um alegado pedido de favor que teria feito a Valentim Loureiro. Ui que alarido. Nos comentários de leitores, no Portugal Diário de sexta-feira, houve até quem produzisse ameaças. 
Como se costuma dizer, quem não deve não teme e quem não teme não faz ameaças. 



No Iraque permanece o impasse em torno do líder xiita radical que se barricou numa mesquita, em Najaf. 



E agora vou brincar com os meus amorzinhos. 
A Margarida já joga “Scrable” com mestria. 


Alhos Vedros 
  25/04/2004


NOTAS

(1) Serrão, Veríssimo, MARCELO CAETANO
(2) Freire Antunes, José, SALAZAR CAETANO – CARTAS SECRETAS (1932-1968)
(3) Carvalheira Antunes, PERSPECTIVAS DOS TRABALHADORES FACE AO PROCESSO POLÍTICO


CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

Carvalheira Antunes, PERSPECTIVAS DOS TRABALHADORES FACE AO PROCESSO POLÍTICO, Diabril (1ª. Edição), Lisboa, 1976
Freire Antunes, José, SALAZAR CAETANO – CARTAS SECRETAS (1932-1968), Preâmbulo do Autor, Círculo de Leitores, Lisboa, 1993
Serrão, Veríssimo, MARCELO CAETANO

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (316)


Moinhos de Alburrica, Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela, 30x40 cm


No Barreiro, os moinhos são o ex-líbris da cidade. Tenho feito trabalhos sobre eles, de todos os ângulos e com todos os formatos, mas sempre com o esplendor da luz do sol. Então, para variar, uma tela com a luz da manhã.

Selecção de António Tapadinhas

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Pedro Du Bois: Um Poema


INTERLÚDIO
(Pedro Du Bois, inédito)

Determino a vista que devemos ter
sobre os papéis espalhados na mesa
vistos e depressa guardados em leituras
que gerem interpretações e sonhos
levem ao mundo mágico da fantasia
e transformem o inaudito em real
tarefa de ser feliz e faceiro
no espírito em recordações
e conversas longas pela noite
determino os temas permitidos
as vírgulas os pontos as entrelinhas
onde repousam verdades e mentiras
e todos se comprazem e dão risadas
da vida e da morte demonstrada
nas diversas versões empregadas
no suave perfume dos outonos
determino a hora da chegada
imposta nos segundos permitidos
antes que a luz seja apagada.
encerrando o ciclo das leituras.

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INTERLUDE
(Pedro Du Bois, unpublished)
(Marina Du Bois, English version)

I set the view that we should have
on the papers scattered on the table
seen and quickly stored in readings
which bring forth interpretations and dreams
lead to the magic world of fantasy
and turn the unprecedented into real
task of being happy and chirpy
in spirit in memorabilia
and long conversations through the night
I define the allowed topics
the commas the dots and the lines
where truths and lies rest
and everyone laugh pleased
with the demonstrated life and death
in the various versions used
in the mild autumn’s perfume
I set the arrival time
forced on the allowed seconds.
before the light is turned off
ending the reading cycle.

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outros poemas:
https://plus.google.com/u/0/108438516741639533660
http://pedrodubois.blogspot.com.br/


terça-feira, 7 de agosto de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Hoje eu estou tão cansado que vou apenas registar que na aula desta manhã os alunos aprenderam uma nova palavra, galinha, com a qual realizaram vários exercícios de cópia e ilustração de imagens alusivas. 
Houve trabalho de casa que a Matilde fez a preceito. 



Com a chuva da tarde, as luzes públicas voltaram a brilhar nas poças de água que a brisa enruga. 


Alhos Vedros 
  21/04/2004

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (315)

Marilyn, Andy Warhol


A descoberta da Pop Art 
Andy Warhol, nasceu em Pittsburgh a 6 de agosto de 1928 e morreu em Nova Iorque a 22 de fevereiro de 1987.
Foi em 1960 que Andy Warhol, um extraordinário artista e criativo americano, ficou enfeitiçado pela Pop Art. É quase difícil de acreditar que o movimento Pop Art já existia antes de Warhol se envolver nele: começou em meados dos anos 50 na Grã-Bretanha. E, de certa forma, é também bizarro pensar que Warhol já era um artista antes dos seus trabalhos de Pop Art. Na verdade, durante os anos 50, Warhol era um ilustrador comercial muito bem-sucedido, para marcas como Tiffany & Co e as revistas Vogue e Glamour. Porém, este artista e este movimento de arte definem-se mutuamente. Até hoje, Warhol e a Pop Art são talvez sinónimos um do outro.
Em 1962, Warhol ficou extremamente entusiasmado com a serigrafia fotográfica. Foi esta técnica que mais tarde se tornou no estilo marcante de Warhol: era simples, rápida e ele conseguia introduzir pequenas modificações na mesma foto inúmeras vezes. É difícil imaginar, mas foi pura coincidência que Warhol tenha decidido retratar Marilyn Monroe  numa das suas primeiras, e sem dúvida nenhuma das mais famosas, obras de Pop Art. Ela acabaria por se suicidar nesse mesmo mês e o seu bonito rosto, bem como a sua fama, pareciam ser uma excelente base para as suas repetitivas obras impressas que faziam lembrar um desenho animado. E ele tinha razão sobre isto!
A fotografia que Warhol selecionou era uma fotografia publicitária do filme de 1953 “Nigéria”, em que Marilyn tinha participado anteriormente. Ele criou inúmeras obras de Pop Art de Monroe utilizando esta imagem, incluindo o “Marilyn Diptych”, que é agora considerado um dos trabalhos mais influentes do mundo de arte moderna. Em vez de desenhar ou pintar o rosto de Monroe, Warhol escolheu uma foto que já existia e que quase ninguém iria reconhecer. Mas por que escolheu Monroe? Marilyn simboliza o estatuto de celebridade e a noção de ser um “sex symbol”. Incluir pessoas famosas na sua Pop Art tornou-se uma das características que definiram este movimento ao longo dos anos 60: é um comentário irónico sobre a obsessão dos meios de comunicação com as celebridades.

in. catawiki

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 4 de agosto de 2018

Um inédito de Eduardo Aroso!




P.S.: Se acaso alguém tocar e gravar, por favor, não deixem de nos enviar!


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Das azinheiras e árvores sacras de Valinhos, Fátima


Pedro Teixeira da Mota
Das azinheiras sagradas de Fátima e mais precisamente de Valinhos, eis o registo realizado a 28-VII-2018 da via sacra delas, nas margens que ladeiam a tradicional via sacra cristã e que as pessoas percorrem detendo-se em frente das capelinhas comemorativas dos passos da paixão de Jesus em orações, cantos ou reflexões.   
 Fazem-no, todavia, sem darem muita atenção ou mesmo admiração e amor às árvores centenárias que as rodeiam ou acompanham,  sagradas já que também elas consubstanciam a ligação ou intermediarização entre a Terra e o Céu, não só ao longo dos séculos ou mesmo milénios, mas no próprio processo das aparições marianas e angélicas, que sobre elas se realizaram, e que de um modo ou outro abençoam estas terras e gentes e, potencialmente, os muitos peregrinos que, com esta unidade consciencializada, poderiam mais ganhar energética e espiritualmente.

 Troncos trinitários, Pai, Mãe e Filho; Masculino, Feminino e unificado, passado, presente e futuro; Eu, tu, nós, ou outras trindades, mundos etrimurtis....
As árvores abrem-se no caminho, ou abrem alas e asas para os caminhantes, pois gostam de dar sombra refrescante, energia revigorante e som inspirador às almas peregrinas...
 Diálogos subtis de seres, formas, texturas, raízes, cores que vagamente vislumbramos...
 
 Que comunicações se estabeleceram ao longo dos anos entre as azinheiras, os pinheiros, as oliveiras, os sobreiros, os cedros que por aqui vivem sabemos pouco, e menos ainda dos espíritos da natureza que as habitam mas que se deixam intuir nas formas com que alguns troncos, cavidades ou protuberâncias assumem ao olhar do coração, aquele que vê os seres dentro das formas ou o invisível no visível.
  
 A via sacra arbórea está mais visível nos restos calcinados ou secos e que tanto podem indicar um raio do céu, como um fogo, como uma doença, fazendo-nos lembrar como a negligência em relação a elas e a ganância do dinheiro da pasta do papel obtida pela eucaliptização intensiva tem sido daninha em relação ao arvoredo autóctone e à harmonia das matas, bosquetes e campos.
 Estes restos secos, quase petrificados pelo sol ardente, criam esculturas que nos falam da elevação do túmulo vegetal ao corpo transfigurado espiritual, algo que se passa ou passou com os mestres, mormente com Jesus, mas que também cada ser deve fazer do seu corpo físico utilizado em prol do corpo espiritual, da realização divina e da comunhão no corpo místico ou universal da Humanidade, campo unificado de energia, consciência, informação e intenção.
O tronco da árvore como que levita, está angelizado e embora esteja no seu estado de menor vida biológica a sua potência espiritual de ressurreição em nós é grande.
   "Entrai mais em nós", dizem-nos os espíritos das árvores, bosques e campos...
 Esta azinheira destacou-se no caminho da peregrinação ou via sacra, do lado direito de quem a realiza e fez-me saltar o muro e correr para saudá-la, isto é, dar-lhe da minha aura e alma, abraçá-la, sintonizá-la e com ela comungar da sua função essencial de ligação entre a Terra e o Céu, no ser humano dotado de maior capacidade de auto-consciencialização, alargada à ligação entre a Humanidade e a Divindade...
Comunicação e certa comunhão com a azinheira... Fotografia do Pedro Teles que, com a Célia Delgado, originou a peregrinação dum pequeno grupo a Fátima e à maravilhosa gruta de Mira Aires. 
 
 Encostado à azinheira imensa, que visão divina esta de mil ramos, mil neurónios, mil pétalas de luz, milhões de sinais de comunicação vivos, interactivos, pulsantes...
 
Danças e gestos fabulosos esculpidos de algum modo por esses grandes artistas invisíveis das formas da natureza e particularmente das árvores e pedras que são os espíritos da Natureza, que infelizmente ainda muito pouca gente acredita ou já conhece...
 
 Falas das árvores e das suas folhas sussurrantes ao vento, ou das cigarras e aves que as habitam ou visitam, quem as sabe ouvir e dialogar?
 
Corpos esbeltos ou mesmo angélicos podem sentir-se ou ver emergir das árvores, pois os espíritos da Natureza ligados a elas podem existir em várias gamas vibratórias e ir desde os duendes e anões a dríades e hamadríades já próximas de devas e anjos


 Por fim, a azinheira original na qual teriam pousado as plumas angelicais e diafanamente transmitido energias que se tornaram palavras e conceitos, orações e mensagens para os pastorinhos...
 
 O contraste entre a energia telúrica que perpassa a azinheira semi-calcinada pelas intempéries do tempo e da história contrasta bem com a brancura pura do espírito celestial que quer intensificar e desvendar a presença divina, ou o influxo divino nos seres humanos que, como crianças receptivas, se abrem ao mundo espiritual e não estão presas nos preconceitos sociais ou nas ambições materiais.
 Os humildes, os que são o húmus da terra, os que amam, cultivam e comungam com a Natureza, pura espelho da Divindade, podem mais facilmente ver os espíritos da Natureza ou mesmo os Anjos...
 Da visão angélica, rara, difícil mas maravilhosa...
 Pelo coração da árvore, pela abertura do teu coração, pela aspiração pura ou amorosa do teu ser, o Anjo ou o Arcanjo pode ser visto, em geral pela visão espiritual mas em certos casos também pela física...
 Neste local sacro oramos e meditamos,  saudamos e  invocamos os anjos da guarda e os arcanjos nacionais de cada um de nós.. 
A árvore é um grande espírito da natureza como que em dança, como o deus Pan, congraçando o culto imemorial da Natureza e seus seres e a nova desvendação divina cristã e fatimida que no século XXI se vai tornando mais inserida na Religião Universal do Espírito e do Amor Divinos, base e fim de todas as religiões...
 Apoios que por vezes devemos prestar às grandes árvores, algo muito comum no Japão e no Shintoísmo, onde as árvores são verdadeiramente respeitadas e cultuadas como capazes de conterem um Kami ou espírito da natureza, ou serem habitação ou local de irradiação de bênção dosKami, de Deuses, ou seja, de espíritos, anjos e grandes seres.
  
 "Meu Deus, eu amo-vos de todo meu coração,de toda a minha alma de todas as minhas forças..."
 O Y pitagórico, iniciático, da escolha constante pela maior luz e bem comum com que nos defrontamos, é um dos sinais evidentes da origem das letras nas formas dos ramos e troncos, como já intuí e vi há alguns anos numa meditação mais prolongada diante de uma árvore centenária em Santa Valha. E assim diariamente nos vamos colorindo e avançando no Caminho do conhecimento e do amor das verdades e seres espirituais, maxime a Divindade...

 "Meu Deus, eu creio-vos, adoro-vos, espero-vos e amo-vos," e sinto-vos e contemplo-vos, certamente a grande oração das azinheiras, dos pastores, dos videntes, dos santos e mestres, dos Anjos, e transmitida por este mensageiro celestial, quem sabe se epifania do Arcanjo de Portugal...
Firme, forte, bem enraizada, a última azinheira e a sua dríade ou Espírito da Natureza, qual Deusa Mãe Terra, saúda-nos e pede-nos para defendermos mais as árvores, em especial as mais velhas, raras e sagradas...