quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

“Desejos Extravasantes Da Cabeça De Testa Hirsuta E Farta De Leis De Inata Ortodoxia”


Tenho desejos que não cabem na cabeça de ninguém e nem na minha Cofio a barba rala por desfazer para manter a honra intacta Passo a pente fino e aquecido em brasa as pestanas postiças Franzo a testa hirsuta e as fartas sobrancelhas pretas e lisas Aliso as rugas e as olheiras de uma noite passada com insónias Ando de lado e alentado em bicos-de-pé para fora do cenário Descubro o lado oculto da Lua destapando-lhe o rosto obscuro Parto os pratos e copos usados na santa ceia à maneira Russa Viro-me do avesso e transformo-me em um sêr nada ortodoxo Desrespeito as leis da vida rasgando os regulamentos e os direitos Entorto e distorço as barras de chocolate e de ferro que me prendem Solto um grito de liberdade que se ouve na antiga Sibéria inteira Fragmento os fundamentos essenciais em tantas e incontáveis partes Fracciono em fracções mínimas e máximas alguns inconcebíveis temores Cortejo princesas que correm descalças em grupo dos bailes de meia-noite Jogo a coroa faz-de-conta de idílico príncipe romanesco para o lixo Desmembro a língua dos membros e órgãos e autonomizo-a de repente Automatizo-a aquando de certas mudanças simplesmente teóricas e retóricas Desdramatizo a peça teatral do julgamento final dantesco comovido Limpo o nariz empertigado e ao mesmo tempo tímido a um lenço imaculado Canalizo fluxos de energias anímica e psíquica para as pontas sensíveis dos dedos… Aceno um último adeus de que todos desconfiam ser um de muitos porvires e por vir…
Escrito em Luanda, Angola, por Manuel (D’Angola) de Sousa, a 7 de Janeiro de 2018, em Homenagem a todos aqueles que mantem o estado de constante espirito de esperança, positividade, paz harmonia e construtividade fraterna e solidaria para com a humanidade e o futuro por vir… Aos meus batalhadores e sacrificados Antepassados, os quais, me mostraram e ensinaram a não ter medo da Vida, por muito difícil ou árdua que fosse, abrindo-me assim caminho para a permanente visão esperançada e imaginativa, que me permite hoje caminhar de cabeça erguida…

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