A geografia física encanta.
Do alto dos promontórios o horizonte ondula-se em outros promontórios mais ou menos altos e o verde espalha-se-nos pelos olhos, em quantidades de infinito na forma de fazendas de gado que a legislação força a que se deixem mesclar pela mata atlântica densa mas de pequeno porte, em compactos de arvoredo nativo e arbustos, uma vez por outra salpicados pela importação de eucaliptos que as celuloses plantam para consumo próprio.
Casas térreas dos que trabalham a terra polvilham as margens das propriedades que sempre apresentam grandes casarões quase na totalidade modernos.
Circulando pelo topo ou nos vales mais alongados, o céu faz um enlace de oceano com as montanhas.
Chegámos a Ouro Preto de noite.
Fomos recebidos pelo Alan, um jovem que o acaso colocou à entrada da cidade com o propósito de se oferecer para nos acompanhar na procura de uma pousada ou hotel para nos instalarmos.
Alan é um dos muitos garotos e crescidos que informalmente procuram ganhar o sustento desempenhando o papel de guias turísticos. Diz que estuda turismo na universidade local mas não sei que credibilidade merece a indicação. Seja como for, sem aviso e nem sempre a propósito dispara dados sobre a história da cidade e os edifícios por que passamos. Nem é precisa a moeda do poema do Pessoa; ele abre a boca e solta a gravação de livre e espontânea vontade. Basta que estejamos calados. E repete a última frase de cada intervenção.
No entanto foi eficaz no serviço e para o cansaço que trazíamos foi isso uma nota agradável.
Os miúdos acabaram por sucumbir à cadência de uma estrada em que só a Lua cheia se deu ao trabalho de ocultar as estrelas.
Ouro Preto
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