ADEUS, ATÉ OUTRAS ÁGUAS!
E chegámos às linhas de circunstância do último dia. Amanhã a Matilde apresentar-se-á para o segundo ano e por isso eu terminarei o meu trabalho em torno dos diários.
O mundo continua louco, numa deriva terrorista que nos ameaça o modo de vida e sem que se vislumbre no horizonte uma resposta cabal para o problema.
Só espero que não venhamos a chorar lágrimas de sangue por tanta tibieza.
De Portugal só posso esperar que o pessimismo venha a ser uma benevolência, mas tudo indica que não seremos capazes de sair dos tentáculos dos polvos que atrofiam a nossa sociedade.
Estamos a caminho de um misto entre o Brasil e a Tailândia e eu só espero que as minhas filhas venham a fazer os cursos superiores no estrangeiro e que aí fiquem para as respectivas vidas pessoais e profissionais.
Nada me repugna que a minha descendência venha a ter outra nacionalidade.
Em parte gostei do que vi no dia de apresentação da Margarida.
O horário é bom, todo ele concentrado de manhã e com três tardes livres por semana. Das oito e meia às treze e trinta, permitirá à minha filha estudar e ter tempo para brincar, sequer havendo grandes alterações quanto à hora do almoço.
Para além disso, a escola tem uma boa biblioteca e um bom espaço de ludoteca em que os alunos sempre podem passar os tempos livres que por ventura tenham.
E o Director de Turma é um bom Professor de Música, cujo trabalho tivemos oportunidade de ver este ano através dos alunos da turma da Inês Ourives, uma amiga da Margarida desde os tempos do jardim de infância.
Esperemos agora para aquilatarmos da qualidade do restante corpo docente.
A turma que é a mesma da quarta classe é boa e vem muito bem preparada, assim os novos mestres saibam e consigam puxar pelos alunos que terão pela frente.
Ando agora a ler mais um volume da história da literatura mundial. (1)
Trata-se do período em que Portugal começou a afastar-se do mundo civilizado.
A Matilde, apesar da apresentação ser amanhã, ainda terá mais uns dias de férias pela frente, pois as aulas, propriamente ditas, apenas começarão na próxima quarta-feira.
“-Olha que sorte, heim pardalito!”
E eu dou por encerradas estas páginas e, com elas, os diários das minhas filhas.
Foi um trabalho e peras, devo reconhecer e acreditem que me sinto satisfeito por escrever até sempre, o que não será um adeus definitivo, pois aqueles que me vão lendo sabem muito bem que certamente voltarei em outras águas.
Alhos Vedros
16/09/2004
NOTA
(1) Ibañez, Eduardo, HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL, IV – AS LITERATURAS NO SÉCULO XVII
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Ibañez, Eduardo, HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL, IV – AS LITERATURAS NO SÉCULO XVII, Tradução de Serafim Ferreira, Círculo de Leitores, Lisboa, 2002
FIM
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