sexta-feira, 11 de julho de 2014

Poema Construído (3)



Amor e guerra no Império das Copas

(A seta de Cupido)


Foi num dia 4 de Julho
lado de dentro do espelho
Isabel comeu o coelho
e nem fez muito barulho,
disse a Rainha de Copas
que nem gostava de rosas brancas
tocava perfeita a orquestra
"- mais um ovo-estrelado, por favor."

A Rainha de Copas é uma finória

pensou o empregado de copa
que já servira um cherne e agora esta garopa
cheia de salamaleques e de pose ilusória,
deixa estar que tu tens a mania mas vou-te tramar
despiu a farda e calçou os sapatos de pisar e esmagar
aproximou-se ao som da orquestra que continuava a tocar
e sussurrou à Rainha de Copas: a seguir ao estrelado vamos dançar?


A rainha deu a sua aquiescência
mas como é seu hábito fez muito mal
porque o empregado tem defeitos
e é bruto como uma porta fardada
pediram ao maestro na sua sapiência
que tocasse uma música sensual
para se despirem de preconceitos
- ele em pelota e a rainha pelada

estendendo a mão à rainha que se levanta

o empregado seduz a fêmea de porte imperial,
nu era o esquema da valsa entre os dois reinantes do salão.
NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA
irrompe um pajem pelo salão adentro:
IMPÉRIO DE COPAS EM CHEQUE
o rei de espadas acabou de montar um cerco a oriente
enquanto a ocidente a cidade de Copália cai nas chamas do seu exército

E assim ficou aquela

verdadeira queca real,
como uma flor à janela
à espera do roseiral.
"-Às armas!", gritou ela,
pondo fim ao gozeiral
e tudo por um barco à vela
e uma guerra imperial



Luís Santos
Manuel João Croca
António Tapadinhas
Diogo Correia
Luís Gomes



P.S.: Podem aceder aos poemas 1 e 2 clicando em "Poema em Construção" .

1 comentário:

Viva disse...

Que grande divertimento o vosso! A Alice estava presente? Deve ter ficado toda baralhada!!!