terça-feira, 29 de outubro de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Passeio pelo Rio velho, a Rua Saara e os camelôs das imediações. 
É ali que o povo se agita em compras e vendas de pobre e que o raro estrangeiro que por lá se atreve tem a sensação de que pode ser roubado a qualquer instante. 
Contudo, é uma moldura humana de primeira grandeza, os tons da pele que circulam do mais preto ao mais alvo e tenho para mim que não se entende a cidade se não se vir o esforço que a miséria faz para sobreviver. 


Mal deu para nos deleitarmos na Igreja da Candelária, onde decorria uma missa para formandos de medicina. 
Em contrapartida, a sede do Banco do Brasil adaptou um centro de cultura no primeiro piso de um edifício redondo, de cujo pátio central vemos as nuvens através de uma claraboia com funções de cúpula; gostei especialmente de uma grande exposição de pinturas e esculturas de artistas que eram jovens em início de obra nos primeiros anos da década de oitenta, quando o sonho democrático empolgou a sua geração. 

Ontem visitámos o forte, um aquartelamento do exército que tem uma excelente panorâmica sobre Copacabana e a entrada da baía de Guanabara e onde vimos o museu histórico daquele ramo das forças armadas brasileiras. 


À saída deparámo-nos com uma coluna militar motorizada e pronta a entrar em acção. 

Tenho pena de não ter comprado os jornais desta manhã, pois parece que a tropa entrou numa favela à procura de armas roubadas precisamente daquele regimento. 


Antes estivemos no Museu da H. Stern, uma empresa especializada na produção e comércio de joias, desde o primeiro momento da extracção mineira à execução final das peças, passando pela lapidação e tratamento das pedras preciosas ou o designe e a elaboração das preciosidades, fase que tivemos ensejo de presenciar através do percurso da mostra museográfica, devidamente acompanhada por uma gravação em que nos explicam as diversas operações que vamos vendo. 


Fiquei a saber que no Brasil existe a única mina de topázio imperial que existe no mundo. 


A transparência das águas marinhas azula a luz que a atravessa. 



A Margarida simpatizou particularmente com a prima Daniela, com quem muito gosta de conversar sabe-se lá sobre o quê. 
Sei no entanto que faz muitas perguntas, aparentemente sem temática definida, a respeito de tudo um pouco. 

Nos passeios aproxima-se dos mais velhos e entra nas conversas como se fosse uma pessoa adulta. 


As minhas filhas deixam-me cheio de orgulho. 

 Rio de Janeiro

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