sábado, 11 de abril de 2020

Dar Voz ao Silêncio


VII. Da Ressurreição - Cântico dos Cânticos

Descansam os ventos, suspendem as chuvas
e sossegam ás águas dos mares, deslizam
os anjos vão acima, vão abaixo
e ladeiam um canal de luz, mais que luz
iridescente,
harpas e tamborins, uma flauta de pan
aproveita-se toda a claridade do luar
e, por detrás, um cântico dos cânticos

Um mel etéreo que escorre do céu,
devagar,
uma vibração que nem voz, um ânimo
um aconchego, um calor no peito
e por esse canal que nem luz
lá vai Jesus, quarenta e sete dias
depois do Carnaval,
primeiro domingo depois
da lua cheia equinocial, um dia
especial o primeiro de abril

Lembramos um Professor que também
partiu num domingo de Páscoa,
não se percebeu se foi ele que escolheu
ou se decidiram por si,
sabemos que segundo diz
nasceu onde quis
e fez do seu berço Portugal,
a Língua Portuguesa e a Ibéria,
tudo junto, e adiante
um pensamento ecuménico

Na cruz floresce uma rosa
de dentro do meio da dor,
o amor
uma flor na primavera,
ou muitas cores, muitas flores
porque se é feio também
há-de ser bonito, e se tem mal
bem também tem, o meu bem
ou nem isso, tudo é Um só
tudo junto, é a suprema beleza
da natureza, tão rija e forte
mas é doce e é bela, é Ela
uma mulher, Maria
Trindade, tudo no mundo

Pelo tal canal sobe uma luz
uma energia subtil, cor de rosa
e azul, um brilho azulado, uma taça
e uma chama. És tu!
É uma roda viva de vidas infinitas
raras e preciosas, o tal vitral
um cristal, uma ponte, uma passagem
uma miragem no deserto
uma fonte de água cristalina
um riacho, uma lagoa
uma flor de lótus

É o fim da dor
Deus dos ateus até
e tu vais, ou não vais, vais
ter de escolher, ou de reconhecer
o que é igual, a paz do lugar enfim,
e a música é o cântico dos cânticos
o bater das asas dos anjos
uma pomba branca refeita
e a pauta são os fios de luz
onde pousam as andorinhas

O céu é azul, os campos são verdes
e castanhos correm os rios
a caminho da foz.
Tudo é aqui e agora.
É esta a hora.

Sem comentários: