Portugal lá continua na mesma, como a lesma, mal em quase tudo, até no futuro.
Do PS surgem debates no âmbito da corrida eleitoral para o cargo de secretário-geral.
Apesar da prosápia ou atendendo a ela, Sócrates representa a continuidade do que de mais esconso teve o consulado de Guterres e não me parece que João Soares tenha força e vontade para cortar com aquela lógica de aparelho que rapidamente o manietaria em caso de vitória.
Manuel Alegre é um avozinho simpático e ainda cheio de vigor físico. É verdade que ninguém lhe pode negar a coragem e a verticalidade de um caminho de quem, em hora incerta e aziaga, lutou pela liberdade. Mas por isso mesmo ele é um símbolo, uma referência, em termos práticos, uma referência moral e ética. Tenho muitas dúvidas que seja o homem com o sentido prático e a energia suficientes para levar a cabo as reformas que há para fazer no sistema político e até no interior do próprio partido e, a partir daí, tudo o que há para reformar na sociedade portuguesa em termos da educação, da saúde e da justiça. E também não me parece que, apesar dessa condição pessoal, ele consiga rodear-se de pessoas capazes de o secundar em tais desideratos.
A verdade é que desde o distante PREC e o desenho vitorioso do vinte e cinco de Novembro, o Partido Socialista ficou refém de lógicas de interesses estranhos à ideia democrática e à democracia, enquanto organização social, com o que perdeu toda a margem de manobra para que ali se tivesse feito frente à vaga de promiscuidade entre poderes autárquicos e interesses particulares e, já com o guterrismo e os guterrões, tenha acabado por beijar o anel de verdadeiras lógicas mafiosas.
E a nossa tragédia é que o PSD não consegue uma história muito diferente e também nele mergulham os tentáculos do polvo que se alapou no erário público e atrofia o nosso tecido social, impedindo-lhe o desenvolvimento.
E agora toda a gente grita contra o processo de colocação de professores que se arrisca a deixar que se repita mais um começo de ano lectivo sem que os docentes estejam a tempo nas escolas com a agravante de, em face da extinção das diversas fases em que decorreram as colocações nos anos anteriores, desta vez, estarem no activo, nos estabelecimentos de ensino, apenas os professores que pertencem aos respectivos quadros que, infelizmente, estão muito longe de serem a larga maioria.
Quer dizer, estamos em riscos de termos mais de metade daqueles profissionais a disporem de uma mão cheia de dias para prepararem as suas vidas e planearem as matérias e actividades curriculares.
Alguém disse que estávamos no Burkina Faso?
E os media batendo na interrupção voluntária da gravidez e no barco holandês que a oposição visitou e a marinha vigiou.
Estamos na eminência de originarmos o paraíso criminal.
Noite agradável de varanda e cigarro de pernas esticadas.
Salzburgo tem um inesperado jardim zoológico em que muitos dos animais andam à vontade, sem quaisquer barreiras relativamente aos visitantes.
“-Já lavaste os dentes, pardalito?”
“-É evidente. A mãe está a dar-me o fluor, não está?”
E eu sigo todo feliz, directamente para a estante onde os livros de histórias já se alongam por mais de três metros.
Que rico quarto lhes construímos.
Alhos Vedros
08/09/2004
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