OREMOS POR BESLAN!
Viagem pela região dos lagos, o Tirol austríaco, verde e encavalitado em cumes mais ou menos jovens que no Inverno embranquecem, salpicado com espelhos de água pintados de nuvens, fazendo-nos pensar constantemente em vistas de postal.
Dificilmente conseguiremos ver no mundo uma região mais arrumada e limpa. No chão das ruas e das bermas das estradas, só mesmo as folhas das árvores. O ordenamento do território é à prova de qualquer reparo e as aldeias fazem-se com essas casas alpinas que as cores e os frescos das fachadas fazem transbordar de encanto.
Aqui, uma bomba atómica seria um autarca português.
E o cuidado que as famílias colocam na decoração que os vasos floridos fazem nas suas janelas, só pode indiciar uma mentalidade que o povo teima em preservar; quem não saiba cuidar da sua casa…
Se nós não poderíamos viver num país assim.
E em Beslan aconteceu a tragédia.
Não sei muito bem como tudo terá começado, mas o assalto à escola aconteceu e os terroristas cumpriram a palavra ainda que uns quantos tenham conseguido fugir e, neste momento, estejam a monte.
Fala-se em mais de três centenas de mortes, um terço das quais crianças.
O indizível aconteceu.
E Putin vem dizer que as forças da ordem, na Rússia, estão a ser muito brandas com o terrorismo.
Brevemente reforçará os seus poderes sobre a imensa federação.
O homem tem perfil e expressão de Czar e vê-se como o eleito para refazer a grandeza que a União Soviética teve na segunda metade do século passado.
Ai mundo tão lindo, tão fantástica aventura, sobre a qual pairam as trevas do indizível.
Salvam-se as leituras de Llosa, desta vez com a magnífica narrativa das alterações que uma casa de prazer provocou na vida de uma comunidade.
Uma bela alegoria sobre o progresso na Humanidade.
Salzburgo
05/09/2004
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Vargas Llosa, Mário, A CASA VERDE, tradução de Alice Nicolau, Publicações Dom Quixote (2ª. Edição), Lisboa, 2002
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